quinta-feira, 29 de novembro de 2007

À direita ou à esquerda?

Há quem diga que os debates sobre a esquerda e a direita são coisas do passado, infrutíferas, afinal de contas o muro de Berlim já foi derrubado. Outros continuam a discutir os pressupostos de cada um dos lados, apontando características e valores, reafirmando as diferenças.

Nesta semana, eu vi dois trabalhos interessantes que resvalam nesse tema.

O primeiro é esse cartaz político de Maik Wollrab, apresentado num festival que ocorre na Bélgica. Bela sacada do autor que, ao pensar o movimento, criou um efeito impressionante e, para dizer pouco, provocou os espectadores e pedestres. Nos texto abaixo do bastão, lê-se a frase: “a violência de direitas pode atingir qualquer um”.

A Trienal Internacional de Pôsteres políticos acontece neste ano em Mons, Bélgica, e ficará ‘no ar’ até abril de 2008. Quem estiver passando por lá e quiser dar uma conferida. Quem não puder, pode apreciar algumas imagens clicando aqui.

O segundo é um vídeo que o jornalista do Estadão, Pedro Doria, postou em seu blog, acompanhado de uma leitura sobre o que é ser de esquerda nos Estados Unidos, hoje, e também a respeito da proposta da esquerda norte-americana de se vincular à idéia de progressive e não mais à de liberal. Vejam o vídeo elaborado pela ONG Center for American Progress.



Pelo ‘pedido’ final, “orgulhe-se de ser progressive”, parece que lá o problema é ser de esquerda, enquanto na maioria dos países ocidentais, inclusive aqui no Brasil, a vergonha é ser de direita. É óbvio que essa diferença se deve a vários fatores históricos, políticos e, também, aos princípios e valores que são atribuídos a uns e a outros.

Disso tudo, resta claro que o debate, e não apenas aquele demagógico e restrito ao âmbito partidário, não foi soterrado com os destroços do muro.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

O IDH e a minha vontade de ser "grande"

Hoje pela manhã o nosso caro editor Zé Alves me ligou, “direto da fonte”, para perguntar, entre outras coisas, se eu tinha visto os dados do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) com o ranking dos IDH de todos os países do mundo.

Ainda me espreguiçando, respondi que não tinha visto e ele me adiantou que o Brasil tinha entrado para a elite dos países mundiais: nós havíamos alcançado 0,800 – numa escala de 0 a 1 – e, desse modo, acabávamos de nos tornar um país com alto desenvolvimento humano.

Acho que o Zé Alves percebeu que eu ainda estava sonolento e não insistiu no assunto. Mas, antes de desligar, ele disse: “O Lula tem sorte”! Sábias palavras! Explico.

Quando ouvi aquilo pensei: que máximo! Somos um país de ponta! Estamos na elite! Enfim, alguém nos reconheceu!

Conforme o sol se colocou a pino e eu acordei de fato, percebi que não era bem por aí. O Brasil entrou para o ranking (estávamos fora desde 1998), mas perdeu uma posição. Houve, por conta da reformulação dos critérios de análise, um crescimento geral – que nos colocou na elite. Porém, deixamos a 69a. colocação e nos tornamos o septuagésimo país da lista. Logo, o Brasil, se pensado em relação aos demais, não melhorou; pelo contrário, caiu na tabela.

O IDH é o resultado da análise de quatro áreas: expectativa de vida, alfabetização adulta, quantidade de alunos matriculados em escolas e universidades e riqueza per capita. Olhando bem, sem estourar fogos ou vibrar em demasia, é possível perceber que não nos tornamos tão desenvolvidos assim.

Uma frustração! Eu estava achando que tínhamos nos tornado “elite”, mas percebi que estamos muito longe da Argentina (38º.), distantes do México (52º.), e muito próximos do Cazaquistão (73º.) e de Samoa (77º.).

Como ajuda a luz do dia, um café quente e um pouco de sobriedade, não é mesmo? Bem que o Zé Alves disse: “O Lula tem sorte”. Os brasileiros, como um todo, é que continuam carecendo dela.

Os apimentados anos 90

Certa vez escrevi por aqui que a música pop é feita de ciclos, “o antes é clássico, o depois é lixo”. Mais ou menos assim. Justifiquei que se você cresceu em determinada época, as suas bandas/artistas favoritos são justamente daquele período (salvo exceções). No meu caso, essa linha do tempo tem 5 anos - de 1989 a 1994.

Muita gente, mais velha do que eu, acha que dessa época nada presta. Já os mais jovens escutam Ugly Kid Joe no Baú da Mix (é o lance do clássico e do lixo que comentei acima). Que se danem os dois!

Bandas incríveis apareceram naquela época: Alice in Chains, Living Colour, Jane’s Addiction, Rage Against the Machine, Black Crowes entre outras. E o que eu acho mais bacana do início dos anos 90 é essa diversidade musical, diferente de outras décadas onde um mesmo tipo de som predominava. Vejam os exemplos que eu acabei de citar, um artista bem diferente do outro, porém todos contemporâneos. Legal né?!?

Enfim, diferente do que possam imaginar, não pretendo chorar as pitangas e colocar um saudoso clipe do Nirvana ou do Faith No More (essa era boa)! Não não não. Minha intenção é saudar os artistas daquela época que, sem gravar acusticuzinhos, continuam mandando ver muitíssimo bem até hoje – e com álbuns fresquinhos, ou quase.

Os primeiros da lista são os sempre simpáticos, quentes e vermelhos californianos do Red Hot Chili Peppers. Não vou perder muito tempo falando da conturbada carreira da banda, que vem lá de 1983, nem do seu primeiro e estranhíssimo nome Tony Flow and the Miraculousy Majestic Masters of Mayhem (!?!). Como o papo é novidade, em maio de 2006 foi lançado o duplo Stadium Arcadium, um disco com a marca dos Peppers: balanço, psicodelia, distorção e doçura como nos bons tempos de Mother's Milk e Blood Sugar... (e bem longe da enjoada fase de Californication e By The Way). Anthony, Flea, Frusciante e Chad brindam os antigos fãs com 28 faixas de puro “funkacore” e resgatam o que aquele cantinho ensolarado da Califórnia tem de melhor. Dúvida? Pois então ouça Hump de Bump (no clipe da semana) e tente ficar parado!

PêEsse: Comente, critique, discorde, xingue, mas principalmente, se você tem entre 25 e 30 anos (+/-), mande sua sugestão de artista. Eu agradeço...

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Tragédias sem fim...

A tragédia do Estádio Fonte Nova ontem em Salvador é mais um capítulo dos infindáveis escândalos ocorridos no país. A morte de 7 torcedores que despencaram da arquibancada é vergonhosa, ultrajante e criminosa.

Não é possível que construções precárias abriguem eventos deste porte. E a responsabilidade é geral: governo, ministério público, dirigentes esportivos e até de funcionários menos graduados.

Corro o risco de ser injusto, pois não conheço as circunstâncias do episódio, mas nossa situação há muito deixou de ser uma responsabilidade apenas de órgãos de fiscalização. O que quero dizer é algo bem simples: a cada vez que recebemos uma ordem e a aceitamos, sob o argumento “o doutor mandô!”, estamos sendo participantes desta decisão.

Como pode alguém abrir os portões para colocar todo mundo num lugar que não cabe? É preferível a desobediência orientada pelo bom senso à obediência cega a ordens de pessoas que, há muito, sabemos ser inescrupulosas.

PêEsse: E a preocupação agora é que a Bahia não receba jogos na Copa? Lamentável.