sexta-feira, 17 de abril de 2009

Pra embalar o fim de semana!

Na última quarta-feira, nosso companheiro de editoria, o bravo Edu Zanardi, completou mais uma primavera.

Ele que é o mais antenado nas novidades internacionais da música. Admirador de blues, jazz, hardcore e de todos os tipos de metal existentes. Nos últimos tempos, influenciado por mim e pelo Anderson, deixou-se levar pela nobreza, calma e simpatia de Paulinho da Viola.

E em sua homenagem, para embalar o nosso fim de semana (esticado pelo feriado, que beleza!!), uma do mestre.


A nostalgia dos guardados

Sempre que arrumo minhas gavetas – fato raro no decorrer do ano – jogo no minímo 2 sacos de papéis no lixo. E geralmente o que eu fico com dó de jogar fora na arrumação anterior, fatalmente é descartado na próxima.

É impressionante a minha capacidade de guardar e acumular papéis; são cifras de música, apostilas, panfletos dos mais variados tipos, cadernos, anotações, extratos bancários, correspondências; se vou um pouco mais fundo na arrumação, vem as cartas de ex-namoradas, fotos, aí... já viu.

Cada guardado tem um significado, uma história. Quando começo a revirar as coisas é uma demora sem fim, pois leio, releio, relembro. E aquele sentimento contraditório de nostalgia vem a tona.

Quantas lembranças, sejam elas boas ou ruins, ficam esquecidas, empoeiradas no fundo de uma caixa ou de uma gaveta.

Por mais que a cada arrumação eu jogue fora tantos papéis, outros tantos permanecem e vão permanecer e, de tempos em tempos, vão continuar alimentando minha memória e minhas lembranças.

Na minha última arrumação encontrei uma folha de caderno amarelada com uma frase, escrita com a minha letra, que não consigo lembrar em que situação e onde escrevi e de que autor é. Mas de alguma maneira, em algum momento ela deve ter tido algum significado e importância pra mim:

“ A necessidade que temos de aceitar as experiências difíceis, que nos agridem, e não fugir delas. Pelo contrário, enfrentá-las com toda a sua dor, porque é através delas – também – que crescemos e nos tornamos pessoas melhores.”

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Política na América Latina - 4 (Chile, México e Paraguai)

No último texto desta série uma breve análise sobre a política em outros países da região:

Chile: O grupo da presidente Michelle Bachelet, a Concertación, que governa o páis de 1990 passará pelo teste eleitoral mais difícil. O candidato da Frente que inclui socialistas e democrata-cristãos será o ex – presidente Eduardo Frei. Pela oposição, o candidato de direita e com o discurso da eficiência administrativa será o empresário Sebastián Piñeira.

Piñeira tem grande domínio dos recursos de mídia, o apoio dos setores conservadores e de saudosistas de Pinochet. Muitas medidas em torno das Comissões pelo Direito à Verdade, fortalecidas durante a Concertación, desagradaram os que viram no ex - ditador o salvador da pátria contra a “ameaça do comunismo”.

Porém, mais do que o apelo ao passado, é o desgaste de quase 20 anos de poder, asociada à crise internacional, que poderá selar o destino dos atuais detentores do poder no Chile. Uma prova de que a campanha de Frei não empolga foi o baixo número de presentes nas eleições primárias da Concertación.

México: o centro do debate mexicano é a questão do narcotráfico na fronteira com os EUA. O governo acaba de anunciar a redução de quase 30% no número de assassinatos da guerra ao tráfico no 1º trimestre de 2009. Mesmo assim, morreram quase 2000 pessoas. As vítimas, como na nossa guerra particular, são homens e jovens.

Paraguai: qual será o impacto do reconhecimento de paternidade do ex – bispo e presidente? Como reagirão os paraguaios tão católicos desde os tempos das missões jesuíticas? Em relação à crise ela está associada aos países vizinhos. Quando antes o Brasil e Argentina reagirem, melhor será para a economia paraguaia.

O presidente que começou com a expectativa positiva de mais de 90% da população enfrenta resistências em planos como a reforma agrária e a ineficiencia do Estado. Os que o apoiam querem medidas mais rápidas; os que se opõem, querem barrar qualuqer alteração que parta de Assunção.

terça-feira, 14 de abril de 2009

O capeta ataca novamente!

N° 1 do Top 5 CQC dessa segunda-feira (13/04)

Política na América Latina - 3 (Uruguai)

As eleições presidenciais e parlamentares no Uruguai acontecem no final de 2009. O presidente Tabaré Vázquez, da Frente Ampla, uma coalizão de centro-esquerda, ostenta bons índices de popularidade, mas não há reeleição no Uruguai.


A economia do país Oriental, como também é conhecido por estar à margen direita do Rio da Prata (para quem vê desde o Oceano), teve altos e baixos atrelados à sua interdependência com a Argentina. Com a crise argentina de 2001, o país sofreu os efeitos colaterais, assim como acompanhou a surpreendente reação da economia argentina. A novidade, no entanto, foi diversificar as relações econômicas e, com a ascensão de Lula no Brasil, Tabaré Vázquez apostou na maior economia da região.

A política eleitoral é a mais estável e consolidada. Partidos como o Colorado e o Blanco (Nacional) são centenários. A própria Frente Ampla já tem mais de 30 anos.

O processo é dividido em duas etapas: primeiramente são realizadas eleições internas para a indicação dos candidatos. Definidos os nomes, a batalha final das urnas.

As pesquisas de opinião mostram a vantagem da Frente Ampla com 44% das intenções, seguida do Partido Nacional (Blanco), com 35%, e o tradicional Partido Colorado com apenas 8% das intenções de voto. Como se vê, o partido mais antigo do país, sofre com a polarização entre esquerda e direita protagonizada pela FA e pelo PN, respectivamente.

No entanto, a pequena vantagem da FA esconde um duro embate nas eleições primárias do partido. Disputam a indicação um ex-membro da guerrilha tupamaro, José Mujica, contra o ex ministro da Economia, Danilo Astori. A principal divergência entre os dois é o debate entre o papel da macroeconomia, defendida por Astori, e Mujica que defende o “apoio aos setores produtivos”.

Mujica, com perfil mais radical, lidera as pesquisas das internas do partido com 50% dos votos contra 33% do candidato com apoio governamental. Mujica é criticado pelos opositores como um político que seguiria as orientações dos Kirchner. Ele se defende dizendo que seu modelo é Lula da Silva.

Como se vê, os resultados da disputa interna poderá ter consequências no cenário nacional. A vitória de Mujica agregará todo o eleitorado da FA? A FA, como outros grupos de esquerda, deixarão escapar a oportunidade de seguir no poder por causa de disputas internas? A vitória da FA em 2004 foi o primeiro êxito de um partido de esquerda no Uruguai desde a sua independência, em 1825.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Política na América Latina - 2 (Bolívia)


A greve de fome do presidente Evo Morales, iniciada na última 5ª feira, é mais um capítulo nas acirradas disputas entre o líder indígena e a oposição boliviana. O motivo do protesto de Morales é forçar a aprovação pelo Congresso Nacional da nova lei eleitoral.

A nova Constituição do país definiu o calendário eleitoral para dezembro deste ano. Evo será candidato à reeleição e o Congresso será renovado. Porém, para que as eleições sejam realizadas, há a necessidade de se aprovar a nova lei eleitoral. Os deputados já a aprovaram, mas no Senado de maioria oposicionista, as votações não prosseguiram.

A alegação da disputa, por parte dos senadores é de que a lei apoiada por Morales cria uma reserva de parlamentares indígenas em detrimento de vagas das áreas urbanizadas, onde se concentram os principais focos opositores. A legislação teria um claro viés que favoreceria a reeleição de Morales.

Outra exigência é o recadastramento dos eleitores. Morales, inicialmente manifestou seu descontentamento com a medida, pois os interesses da oposição seria retardar o calendário eleitoral.

A pressa de Morales justifica-se pelo temor dos reflexos da crise econômica. O ano de 2009 está salvo para o governo devido aos contratos de gás assinados no passado. Há verba em caixa que garante o pagamento de programas sociais e das aposentadorias de camponeses. O problema é que neste ano, o gás já teve uma desvalorização de mais de 40% e, inevitavelmente, esta perda trará problemas de caixa ao governo. O principal apoiador de Morales, Hugo Chávez, também enfrenta os efeitos da queda do preço do petróleo no mercado internacional e, portanto, será difícil um financiamento extra ao governo boliviano.

Como forma de abrir as negociações, Morales que está sendo acompanhado por cerca de 1000 pessoas em sua greve de fome, o mandatário disse concordar, ontem, com o recadastramento dos eleitores, mas não admite a alteração do calendário nem das regras eleitorais.

A tensão é tanta que Morales afirmou em entrevista ao canal estatal no último domingo que se algo acontecer com ele ou com o vice-presidente, Alvaro García Linera, será culpa da embaixada dos EUA e da "direita fascista" de seu país, segundo informa o El Pais.

Aproveitando a religiosidade boliviana e as celebrações da Semana Santa, Morales ainda arrematou: "Cristo deu sua vida pelos pobres e nós vamos fazer o mesmo”. Esta não é a primeira vez que Morales realiza uma greve de fome. Quando estava na oposição realizou uma que durou 18 dias.

A continuar o impasse os deputados aliados, que são a maioria, ensaiam uma renúncia que poderia levar ao fechamento do Congresso. A pergunta que não quer calar: a quem interessa este acirramento? O que ganha Morales e a oposição com esta queda-de-braço?

Pra começar a semana!

Num fim de semana muito agradável ao lado dos amigos, com muito bate papo, cineminha FIEL, acepipes e, claro, dúzias de “geladas”.

Uma frase proferida pelo nosso mestre Alves:

“Não sei se a vida começa aos 40, mas aos 38, tenho a impressão de que ela está por terminar.”

domingo, 12 de abril de 2009

Política na América Latina - 1 (Argentina)

A presidente Cristina Kirchner e o vice, Julio Cobos, durante a campanha eleitoral de 2007. No momento, relação desgastada.

A crise econômica pode corroer os papéis das lideranças de esquerda do continente. Não deixa de ser um paradoxo que os políticos mais críticos do atual sistema econômico possam ser desalojados do poder em meio à crise do próprio capitalismo. Esta semana farei breves comentários sobre a situação político-eleitoral de “nuestros hermanos”.

Na Argentina, Cristina Kirchner antecipou de outubro para junho as eleições legislativas para que os efeitos da crise não provoquem uma derrota estrondosa do peronismo. O procedimento de antecipação eleitoral não é próprio do presidencialismo, mas em tempos de crise, vale tudo.

Os peronistas, desgastados desde o ano passado, apostam a própria governabilidade de Cristina. Uma fórmula proposta por Daniel Scioli, governador da Província de Buenos Aires é lançar-se candidato a deputado, eleger um grande número de deputados na lista peronista e não assumir o cargo no legislativo. A proposta inclui a candidatura de prefeitos peronistas. Outros governadores do partido viram a proposta com grande desconfiança e um risco político altíssimo.

Uma manobra típica dos peronistas e da ausência de regras claras e perenes no processo eleitoral argentino.

No esforço peronista está a candidatura do ex-presidente Kirchner encabeçando a lista dos justicialistas. Gastar uma munição que poderia ser o nome das próximas presidenciais é prova dos desafios enfrentados pelo peronismo.

Os dissidentes peronistas estão negociando o lançamento de nomes em listas da própria oposição, associando-se, por exemplo, ao prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, ex-presidente do Boca Juniors e homem ligado ao menemismo.

A oposição busca se fortalecer com nomes que integraram a sustentação ao casal Kirchner. O vice-presidente Julio Cobos, que havia sido “expulso eternamente” da Unión Cívica Radical (UCR), quando apoiou os Kirchner e teve sua vaga na chapa presidencial, acaba de ser perdoado pela UCR. É o início de uma aproximação para o futuro e um desejo do ex-presidente Alfonsin, morto há poucos dias.

O político mais popular da Argentina na atualidade, que derrotou com o voto de minerva no Senado a elevação de tributos na crise do campo de 2008, prepara seu regresso ao seu antigo partido e pode ser o principal nome das oposições contra os peronistas nas presidenciais de 2011.

A política na Argentina está em ebulição e os riscos de nova crise - econômica e institucional - são grandes.