sábado, 23 de fevereiro de 2008

Charge de Liberati - Bárbaros e Romanos


Da série "Causas da Queda do Império Romano". Simplesmente genial! Para mais trabalhos do Liberati, é só chegar no Liberati News.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Um poema às sextas!

Hilda Hilst, de Júbilo Memória Noviciado da Paixão (1974)

XII

Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
desejasse.

Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem.

Te olhei. E há um tempo.
Entendo que sou terra. Há tanto tempo
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta

Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento.

O amigo poetinha

Parece que tudo já foi dito sobre Vinícius.
Agora só vale a pena dizer da saudade que ele deixou

(Carlos Drummond de Andrade)


Talvez seja redundante exaltar a genialidade de Vinícius de Moraes como poeta e compositor. Felizmente, seu reconhecimento chegou em vida, sua obra ainda é amplamente divulgada e facilmente encontrada.

Mas Vínícius, além de poeta, compositor, cantor e diplomata, foi também um grande amigo. E amizade para ele estava acima de tudo, era daquelas pessoas que todos queriam ter por perto, ligava somente pra saber como o amigo estava e colocava carinhosamente o diminutivo nos nomes de todos que o cercavam.

Sua casa estava sempre de portas abertas, tornando-se um importante ponto de encontro nos primeiros anos da bossa nova. Esses encontros também ficaram famosos pela quantidade do que era consumido.

Vinícius atravessou gerações, fazia amigos com muita facilidade e os tinha em todas as faixas etárias. Era a referência de diversos artistas em começo de carreira como Tom Jobim, Chico Buarque, Caetano Veloso, Toquinho e toda a turma da bossa nova. Era também muito admirado e respeitado por seus contemporâneos como Pixinguinha, Carlos Drummond de Andrade e Dorival Caymmi.

Foi muito criticado por alguns intelectuais e escritores que não consideravam a música popular um “local” adequado para um poeta como ele. Algumas dessas críticas tentavam diminuir sua obra e o deixavam magoado em algumas ocasiões, mas sem dúvida foi na música popular que ele encontrou a realização e maior reconhecimento.

Vinícius foi uma figura rara, de um coração enorme, não tinha apego a bens materiais e celebrava a vida como poucos. Suas canções e poesias continuam nos inspirando e nos fazendo acreditar que viver e buscar a felicidade ainda valem a pena.

Saravá, poetinha! Que a chama da sua poesia seja eterna.

Nunca vi boa amizade nascer em leiteria.
O uísque é o melhor amigo do homem. Uísque é o cachorro engarrafado

(Vinícius de Morais)

No Clipe da Semana, “Canto de Ossanha”, aí na barrinha do lado direito!

PêEsse: No caso da nossa editoria, substituímos o uísque pela boa, velha e gelada cerveja.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Kosovo

Dois acontecimentos concentraram a atenção dos analistas internacionais esta semana: a independência do Kosovo, dia 17/02, e a renúncia de Fidel Castro ao governo de Cuba, dia 19/02.

Os dois eventos ainda são uma incógnita para o mundo, mas neste post comentarei apenas sobre o novo país independente.

No caso de Kosovo, o país de maioria muçulmana, vítima da limpeza étnica do sérvio Slobodán Milosevic em 1999, a Sérvia e a Rússia se posicionaram contra sua independência. A Sérvia tem o domínio sobre a região desde 1913, incluindo o período em que tudo era a Iugoslávia.


A minoria sérvia que habita o novo país teme a ação de revide dos kosovares, que evidentemente negam qualquer tentativa revanchista. Mas a região é uma das mais pobres do continente europeu e não recebe investimentos externos devido à instabilidade política.


A alegação para a independência é "a autodeterminação dos povos". Este mesmo príncípio, no entanto, não é válido para todos os povos da Terra.


Não deixa de ser estranho o posicionamento dos EUA e das potências européias que apoiaram a independência. A Espanha, com os bascos em seu calcanhar, não reconheceu o novo país. O mesmo ocorreu com outros países que têm grupos com reivindicações separatistas.


Um dado chama muita atenção: os 90% de muçulmanos do Kosovo têm uma posição pró-Ocidente. O pronto reconhecimento das potências mundiais pode ser mais uma movida de peça neste complexo tabuleiro das relações entre Ocidente e o mundo islâmico. É uma forma de atenuar as tensões.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Queridos Amigos


Na última segunda-feira estreou a minissérie Global, Queridos Amigos, de Maria Adelaide Amaral. Achei fantástica, talvez uma das melhores coisas que eu vi na Globo nos últimos tempos. Personagens conflitantes, diálogos inteligentes, referências (sem forçar a barra) sobre os acontecimentos políticos e transformações sociais da época.

Reproduzo abaixo uma crítica escrita pelo Júlio Maria (aquele mesmo, do polêmico texto sobre São Paulo, postado pelo Edu no aniversário da cidade) publicada hoje no Caderno Variedades do Jornal da Tarde.

Pena que não passa no horário nobre

Por Júlio Maria

Quando a Globo quer, a Globo faz. A estréia de Queridos Amigos, na noite de segunda, foi uma mostra da potência dramatúrgica e técnica que a emissora se tornou, mas que, por razões comerciais, prefere ela mesma ignorar. A história da turma que se conhece na década de 70 e que se reencontra dez anos depois, motivada por Léo (Dan Stulbach), tem tudo para atingir o telespectador mais crítico. Sensibilidade sem pieguices. Diálogos sem correria. Emoção sem imposição. É a anti-novela das oito, que prende audiência pela beleza de imagens e diálogos.

E aí vem a “maldição” do ibope. Queridos Amigos deu 22,6 pontos, bem abaixo da expectativa. Amazônia, de Glória Perez, estreou com 34 pontos. JK, da mesma Maria Adelaide Amaral de Queridos, abriu com 39. Os jornalistas escrevem bem de Queridos Amigos em um parágrafo e colocam o fracasso de audiência logo abaixo. Estamos em uma enroscada Assim como não pensamos em fazer jornal para nossos queridos amigos de redação, a Globo não deve pensar em fazer televisão para jornalistas.

Quando a qualidade sobe, à quantidade cai – é a lógica desde sempre. A Globo já aprendeu com fiascos como a Pedra do Reino e criou em sua programação um sistema de cotas de produções de alto nível para agradar um público que não é exatamente a massa. Se quiser ver algo realmete bem escrito e bem filmado, o indíviduo terá de ficar acordado até uma 23h30, horário em que acaba o BBB e começa Queridos Amigos. Fazer o mesmo em horário nobre, jamais. A massa, verifica a Globo, não suportaria tanto refinamento.

O equívoco está na forma que vem o tal refinamento. A Pedra do Reino não pode ser usada como parâmetro para sustentar teoria de que o povo não gosta de beleza. Aquilo foi uma aberração, um radicalismo prepotente que só quis esfregar o veja-o-que-podemos-fazer-na-TV na cara de quem cobra qualidade de uma emissora de televisão. Queridos Amigos está em outro nível e nada irá resistir sobretudo à história que ela tem para contar. Com um ou 80 milhões de televisores ligados, o fato é que tem tudo para criar daquelas imagens que insistem em ficar na lembrança.

A cerveja mais cara do mundo

A Carlsberg, uma das maiores e mais populares cervejarias da Europa, acaba de elevar nossa querida cervejinha do dia a dia ao mesmo nível dos melhores vinhos, champanhes, conhaques e whiskies do mundo.

Trata-se da Carlsberg Vintage n°1, cerveja do tipo Strong Ale, conceituada pela fabricante escandinava como a primeira "gourmet" do mercado. Sua composição conta com notas de caramelo, baunilha e carvalho – proveniente dos barris onde é armazenada, importados da Suécia e França. Com 10,5% de álcool, coloração castanha e pouco creme, a bebida é indicada para acompanhar queijos e sobremesas*.

Mas não é só isso que faz da Vintage n°1 uma cerveja especial. Para tornar o produto ainda mais exclusivo, a Carlsberg pretende produzir apenas 600 unidades esse ano. Toda essa frescura vem acompanhada de um preçinho batuta: US$ 400,00 (aproximadamente 720 reais) a garrafa!!!

Ah, se você gostou da oferta, corra. Por enquanto a bebida é encontrada apenas em três restaurantes de Copenhague. Aproveite!

* Cerveja com sobremesa deve dá um revertério, malaaandro...!!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Para começar a semana

Nossas vidas melhoram quando

nos arriscamos, e o primeiro e maior risco que se deve

correr é ser honesto consigo mesmo.

(Walter Anderson)

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Osso duro de roer

O filme Tropa de Elite continua sendo um osso duro de roer para a crítica de cinema, especializada ou não!

Ontem a película do diretor José Padilha recebeu o Urso de Ouro, principal prêmio do respeitado Festival de Cinema de Berlim. Para muita gente foi uma grande (e grata) surpresa, assim como ocorrera há dez anos com o Central do Brasil.

Padilha, com o ursinho na mão, agradeceu ao júri e ao produtor do filme, Marcos Prado. Este, por sua vez, lembrou: “Agora, posso dizer que ele [Padilha] fez o melhor filme do mundo, um filme que denuncia a corrupção e a violência da polícia e da sociedade brasileiras. Este prêmio é uma realidade. Vai nos permitir lutar contra essa realidade”.

Já tem gente louca da vida por conta do prêmio. E não por causa da qualidade, ou ausência dela, do filme, mas por uma questão ideológica, ligada ao problema de fundo da trama.

Que tal o Padilha dar uma chegada em São Paulo e fazer um outro filme, Matadores do 18, sobre o grupo de extermínio formado por policiais do 18º. batalhão da PM da capital paulista?

Tá aí uma idéia!

Ia dar um rebuliço danado, já que essa é uma ferida aberta numa das cidades brasileiras que mais diminuiu o número de homicídios nos últimos dez anos, feito em parte atribuído orgulhosamente pelas 'autoridades' à ‘energia’ de sua polícia!
***
Atualização das 20h20: a frase entre aspas que tinha sido atribuída a Padilha é, na verdade, do produtor Marcos Prado. O erro já foi corrigido! Obrigado aos estagiários de plantão que alertaram a editoria.