sexta-feira, 9 de maio de 2008

Mais do mesmo

Acompanhar o noticiário político pode ser uma tarefa cansativa, enfadonha, aborrecida. Vez por outra, até há lances interessantes, estratégias políticas e alianças que valem a pena, que dão gosto de ler e pensar sobre a política.

Entretanto, na maioria das vezes há momentos extremamente chatos, sobretudo quando nos deparamos com aquelas mesmas justificativas e argumentos que, para dizer pouco, ofendem a inteligência da sociedade. Esquemáticas e previsíveis, essas “saídas estratégicas” recorrem a velhas certezas que são enlatadas em frases de efeito vazias.

O caso mais recente é o que envolve o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o famoso Paulinho da Força. Ele está sendo investigado pela Polícia Federal por ter tido seu nome (“Paulinho”) citado no esquema de desvios de recursos do BNDES. Obviamente, ele negou e afirmou ser vítima de um engano e que existem vários Paulinhos por aí.

Em sua última manifestação, porém, ele embasou sua argumentação: disse que não há provas e que a relação entre o Paulinho citado nas escutas e ele é uma armação.

Agora, vamos ver, amigos blogueiros, se vocês estão afiados com o mantra político de um líder sindicalista acusado de qualquer coisa. Quem tá armando contra o Paulinho, sendo ele um sindicalista que se elegeu deputado com o voto dos trabalhadores? Sim, claro e evidente: o grande empresariado!

O grande empresariado, essa entidade abstrata - talvez com sede no Império, é o responsável pela relação e pela investigação. Paulinho não precisou quem estaria por trás do esquema, nem quem seria esse “grande empresariado”; apenas tem afirmado com certeza que sua atuação como parlamentar incomoda os “poderosos do país”.

Se é ele ou não quem está envolvido na maracutaia do BNDES não sabemos ao certo. Sabemos com certeza apenas as respostas dadas em tais circunstâncias: é tudo culpa do grande empresariado, das elites!

Ou estamos todos uns 30, 40 anos estagnados no tempo e, de fato, o aparelho do Estado, a serviço do capital estrangeiro, continua a perseguir os valentes líderes que representam o povo, os trabalhadores; ou então, os “representantes do povo” precisam atualizar a sua retórica. A luta continua!

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Da série "Criatividade"

Pronta para o suicídio!

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Uma maçã mordida

Fiona Apple McAfee Magart poderia ser herdeira de uma das maiores joint-venture da indústria da informática, mas, graças ao bom deus da música, ela nasceu na casa certa. Neta, filha e irmã de músicos, a pequena Fiona não foi ‘do contra’ e seguiu no mesmo barco da família. Com 4 anos começou a estudar piano e cantar, depois a compor, até finalmente gravar seu primeiro álbum em 1996, aos 19 anos.

Logo de cara, a nova-iorquina Fiona foi comparada a canadense Alanis Morissette, que havia lançado Jagged Little Pill um ano antes. Duas mulheres talentosas com a caneta na mão falando abertamente de traumas psicológicos e sexuais – Alanis, mais enérgica, gritava para todo lado que fazia sexo oral no cinema com o namorado; Fiona, mais introspectiva, cantava o estupro que sofreu quando tinha 12 anos. Tidal vendeu 10 vezes menos, mesmo assim apresentou ao mundo uma cantora de voz grave, composições fortes e de muita qualidade técnica.

Em 1999 Fiona Apple foi além e lançou o excelente When The Pawn Hits The Conflicts He Thinks Like A King What He Knows Throws The Blows When He Goes To The Fight And He’ll Win The Whole Thing Fore He Enters The Ring There’s No Body To Batter When Your Mind Is Your Might So When You Go Solo. You Hold Your Own Hand And Remember That Depth Is The Greatest Of Heights And If You Know Where You Stand. Then You’ll Know Where To Land And If You Fall It Won’t Matter, Cuz You Know That You’re Right *.

Mais solta e à vontade, Fiona fez um disco diversificado. Nele você percebe mais a ‘cozinha’ (baixo e bateria) e nem tanto a marcação de seu pianoforte, como acontece no álbum anterior, mais melancólico. Isso faz de When The Pawn... o trabalho mais pop da cantora, que de ‘pop’ular não tem nada. Seu último trabalho é Extraordinary Machine de 2005 – desse eu não posso falar, pois ainda não ouvi.

Aos 31 anos, Fiona não perdeu o jeito de menina esquisita da carteira do meio da fileira da janela. Sua cara de assustada e olhar vazio contrastam com a imponência de sua música. Roubando o bordão da rádio Eldorado, diria que Fiona Apple é música para os melhores ouvintes, vale a pena. Vá o mais rápido que puder no Clipe da Semana e confira o vídeo de Fast As You Can, 7ª canção de When The Pawn... * O nome do álbum é um poema declamado na faixa bônus do próprio disco.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Energia em verde e rosa!

Eles com ternos alinhados e cartolas; elas com rosas espetadas nos cabelos; todos com passos cadenciados, vozes um tanto roucas e muita energia! Energia em verde e rosa!

Na platéia, senhores e senhoras de todas as idades; alguns garotões, trajando jeans, boné e jaquetas Hang Loose, pulavam e mexiam desordenadamente a boca durante os sambas; algumas moças, mesmo sem saber o que era aquela tal de “Cartola” de quem tanto falavam, quebravam os quadris de modo invejável, a ponto de causar ciúmes em qualquer namorada!

Era show da Velha Guarda da Mangueira! Sim, e a equipe Conta-Gotas estava lá, em peso, com estagiários, diretores e editores!

Madeira que dá em doido é jequitibá, deixa a mangueira passar”, foi com esse verso que a Velha Guarda iniciou o show, esquentando a Chopperia do Sec Pompéia na noite fria do último sábado. Daí seguiu-se com a clássica Exaltação; homenagearam os 100 anos do mestre Cartola cantando duas pérolas do poeta: “Alvorada” e “Corra e olha o céu”. O show seguiu com o desfile de sucessos como “Folhas secas”, “Sei lá, Mangueira”, “Saudosa Mangueira”, "Piano na Mangueira" e sambas-enredos marcantes da verde e rosa, como os feitos em homenagem a Chico Buarque e Braguinha.


Impossível não mexer o corpo ao som da batucada. Percussão alinhada, violão 7 cordas e cavaquinho afinadíssimos e as vozes que mesmo já não tendo a mesma afinação de outros tempos, compensam com o gingado, a malandragem e a emoção que só o samba possui.

Terminaram o show com o samba-enredo do carnaval desse ano, Brazil com “Z” é pra cabra da peste e Brasil com “S” é nação do Nordeste. No BIS a platéia puxou à capela o samba-enredo de 1994,"Me leva que eu vou sonho meu, atrás da verde e rosa só não vai quem já morreu”, a Velha Guarda retornou ao palco e completou com todo o brilho um dos sambas mais populares da história do carnaval e da escola.

Pra finalizar o batuque, a percussão evocou a mais genuína batida do funk carioca, deixando o público com gosto de quero mais.

O show fez parte do lançamento do DVD e CD da Velha Guarda da Mangueira gravado em 2005, mas que só conseguiu chegar às lojas agora.


Equipe Conta-Gotas "no miudinho"


PêEsse - Despesas pagas com cartão corporativo, só não tinha tapioca.

domingo, 4 de maio de 2008

Prisões e sentimentos

Comento rapidamente três filmes em cartaz em S. Paulo. Com temáticas distintas as três obras receberam boas críticas e atraindo um bom público.

1- Beijo Roubado (dir. Wong Kar-Wai) é a continuidade do argumento central deste diretor: o amor e suas questões inesgotáveis. Feridos ou satisfeitos a perseguição deste ideal atormenta e talvez seja o único sentimento humano que nunca se resolve plenamente. Possibilidade de perdas e conquistas, o sentimento como um jogo na metafórica viagem da protagonista até Las Vegas, são algumas das indicações para quem necessita e tem dificuldades de fazer uma travessia.
O tempo, as idiossincrasias de cada pessoa, os desejos conspiram diante de uma roda incerta e aflitiva. Como concessão o diretor, diferente de obras anteriores, guarda um final otimista. A solução pode estar próxima.

2- Estômago (dir. Marcos Jorge) é a história de um nordestino que chega à cidade grande e seu percurso de uma prisão à outra. Prisão da própria vida e das circunstâncias. Na maior parte do filme o excelente ator João Miguel está em ambientes claustrofóbicos. Entre um caminho e outro, as tormentas da paixão, e a descoberta da habilidade culinária. Recomendo que não se vá nem com muita fome, nem após ter acabado de comer. Moderação alimentar é uma boa dica antes de encarar as cenas da atriz devorando coxinhas e outras iguarias mais elaboradas.

3- O Sonho de Cassandra (dir. Woody Allen) aborda outros temas, mas também lida com prisões e sentimentos. Escravizados por desejos como ter um barco, ser um figurão ou de ter uma vida tranqüila, leva os protagonistas a provarem os seus limites.
As circunstâncias se incumbem de testar o rigor de cada um. As desculpas encontradas para fazer o que era, até então, impensável nos leva a indagar sobre escolhas e por que as preservamos ou mudamos. Enfim, um Allen que – mesmo não sendo brilhante – é muito melhor do que a maioria do que está em cartaz.

Pitacos da semana que passou

Ronaldo, o fenômeno, se envolve em escândalo com travestis em motel no Rio. Nosso artilheiro vacilou, e vacilou feio. Sua imagem que já andava desgastada com a constante briga com a balança, agora, sofre um grande golpe com toda essa repercussão sobre o ocorrido. Ele só poderá reverter isso se voltar a jogar, e bem. Resta saber se aos 31 anos ele terá condições físicas e psicológicas para isso. Eu torço, mas já não acredito.
Manchete do jornal italiano Corriere de la Será “Ronaldo ricattato dopo notte com viados.”

É pedida, finalmente, a prisão preventiva do Casal Nardoni, pela morte da “menina Isabella”. Após 1 mês de especulações, inflamação popular, circo da imprensa e da polícia, o caso parece estar chegando ao fim.

O Brasil consegue o tão esperado Investment Grade, selo de qualidade concedido pelas agências de classificação de risco às nações com baixa probabilidade de dar calote em suas dívidas. Se tudo continuar caminhado nesse ritmo, a tendência é que os juros caiam e os investimentos no país cresçam. Essa maturidade financeira começou a ser desenhada no governo Itamar, passando pelo FHC, mas quem matou no peito e fez o gol foi o barbudo e estrelado Lula.
Frase do nosso presidenteEu não sei nem falar direito essa palavra (investment grade), mas, se a gente for traduzir isso para uma linguagem que os brasileiros entendem, o Brasil foi declarado um país sério.”

No futebol: o Corinthians avançou pela Copa do Brasil goleando o incompetente Goiás; o Palmeiras preferiu concentrar suas forças para a final do Paulista e perdeu do Sport; o São Paulo como de costume empatou pela Libertadores; e o Santos obteve boa vitória na Vila.

Hoje tem final do Paulistão, o Palestra enfrenta a Macaca, o dia que começou nublado vai terminar com festa verde e branca.

Bom domingo e boa semana a todos.