sexta-feira, 28 de setembro de 2007

A força do amor!

Vejam só a força do amor!

Do Portal G1:

Uma senhora de 82 anos e um jovem de 24 se casaram nesta sexta-feira -com registro civil- na cidade argentina de Santa Fé, numa cerimônia na qual asseguraram ter selado um "grande amor" e negaram que haja interesses econômicos por trás do matrimônio.
Reinaldo Waveqche e Adelfa Volpes, que passarão a lua-de-mel no Rio de Janeiro, registraram sua união na presença de amigos e de parentes, e também na de vários fotógrafos e jornalistas, que se interessaram pela peculiar história de amor.

"Estou muito contente, feliz. Foi tudo muito bem. O que mais se pode pedir? É uma satisfação muito grande poder ter um companheiro assim. Reinaldo é um ser maravilhoso, muito bom, amável e educado. É tudo. Eu o conheço desde que nasceu, e o vi crescer", disse Adelfa, que é aposentada, nunca tinha casado e não tem filhos.

Na cerimônia, a noiva usava salto alto, um vestido azul com brilhos e um casaco de pele. Já o noivo vestia um terno escuro e óculos também escuros.
Reinaldo, que disse que sempre gostou de "mulheres mais velhas", afirmou que o amor por Adelfa "nasceu com base no respeito e nos momentos compartilhados": "A diferença de idade nunca nos importou".
(Íntegra)

PêEsse: O blog estará em “repouso” no final de semana. Dois dos editores estarão numa conferência nacional de blogueiros, nos rincões do Brasil. O Edu Zanardi estará de plantão! Até semana que vem!

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

O Congresso, o governo e o mensalão mineiro

Três momentos das últimas 24 horas na política nacional.
1. O governo Lula obteve uma importante vitória na Câmara dos Deputados para prorrogar a CPMF até dezembro de 2011. São 40 bilhões anuais que saem de nossas contas-correntes. Sem sonegação. A votação foi folgada, o que demonstra a existência de um clima favorável ao governo naquela Casa. Também não podemos esquecer que os projetos presidenciais de Serra e Aécio, do PSDB, incluem a prorrogação do imposto e os recursos na hipótese de um deles ocupar o Planato a partir de 01/01/2011.

2. No Senado uma derrota da MP que deu o cargo de ministro a Mangabeira Unger, na Secretaria de Ações de Longo Prazo (Sealopra... O governo gosta de aloprados). Mangabeira Unger foi sem nunca ter sido. Não há mais o cargo. Foi o troco de Renan ao governo. Pois mesmo tendo colaborado com a absolvição do senador alagoano, a frigideira continua quente e senadores governistas estão pouco convictos a morrer abraçados a este cadáver político.
Renan, ao seu estilo, revidou com os votos que controla no Senado.
Quem vai piscar primeiro? Renan ou o governo? Chantagens são comuns na seara política, mas os custos (para os cofres e para a imagem dos políticos) são muito altos.

3. O senador e ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), envolvido no caso do valerioduto mineiro, acusou FHC de também ser beneficiário das "verbas não-contabilizadas" na eleição de 1998.
Serra, Aécio, Tasso e todas as figuras emplumadas do tucanato recomendaram silêncio ao mineiro. Pois é, quando um mineirinho começa a falar lembram a ele que mineiro é um ser desconfiado, quase um matuto.
Pena que o que ele poderia falar é algo que gostaríamos tanto de saber.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

A Justiça no boteco

Olha, caros colegas contadores de gotas, eu já tinha ouvido propostas para fazer reuniões, aulas, encontros amorosos, comemorações etc. em bares, mas audiência em boteco é novidade para mim. E, pelo que a notícia reporta, tem dado resultados. “Jeitin brasileiro”… Acompanhem, volto em seguida.

Do Portal G1:

Para acelerar o julgamento de mais de 3 mil processos, um juiz do Interior de Mato Grosso do Sul está mudando a rotina do Judiciário. As audiências estão sendo feitas bem longe do fórum, no meio da comunidade, onde estão os problemas. Até um bar foi usado como sala de audiência.

Mais da metade da população de Terenos mora na Zona Rural. Como o acesso ao fórum é difícil por causa das distâncias, o único juiz da cidade decidiu levar a Justiça até a comunidade. "Não há ligação do campo com a cidade regular para que a pessoa possa vir normalmente", diz o juiz José Berlange.
(Íntegra)

É aquele negócio: a leitura das petições, argumentações e uma bicada na cerveja ou no destilado. A concentração para a audição das partes e uma beliscada no torresmo. A sentença e o brinde. Até a parte derrotada entra na roda.

Pega um, pega geral...

Depois de Lua de Cristal (1990) e Carandiru (2002) nunca se ouviu falar tanto de um filme nacional antes da sua estréia quanto o “inédito” Tropa de Elite. O filme, que tem previsão de lançamento para outubro (12), já anda circulando pelas mãos dos melhores camelôs do gênero, graças a uma cópia surrupiada de dentro da produtora onde o filme foi editado. Estima-se que 3 milhões de mídias pirateadas já foram vendidas.

Para quem ainda não se deparou com a caveira, essa aí ao lado, pelas baquinhas da cidade, o filme retrata o dia-a-dia do Bope (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro). Segundo entrevista do diretor José Padilha ao site G1Ao ver filmes brasileiros sobre violência, constatei que todos eles eram narrados da perspectiva daquele que é marginalizado, ou seja, do criminoso ou do morador de favela. Mas, ao meu ver, você não consegue compreender a nossa situação de segurança pública sem antes entender o funcionamento da polícia. É preciso entender a polícia. Ninguém nunca tinha falado da polícia, o que é muito estranho, já que têm filmes americanos, franceses, italianos, do mundo todo que tomam esse lado. Achei que faltava um brasileiro”. Tropa de Elite também foi destaque do The Guardian. Na matéria, o jornal britânico publicou que “Baseado no cotidiano de forças táticas que operam na capital do Brasil (OPA!!), o filme já pode ser considerado um dos mais controversos da história do país”.

Tropa” foi exibido na abertura do Festival de Cinema do Rio na última quinta-feira (20). A versão cinematográfica traz cinco minutos a mais, nova narração e melhorias no som. A cópia bucaneira acabou rendendo uma enorme publicidade gratuita em torno do filme, e aguçou a curiosidade daqueles que, ainda, não tiveram acesso ou não fazem questão de ver o produto ilegal. Eu prefiro comentar só depois de conferir no escurinho do cinema.

No clipe da semana, lá no rodapé, nada mais apropriado do que uma versão ao vivo do clássico titânico Polícia, interpretada violentamente pelo Sepultura.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Porradas e leituras variadas

Nos últimos dias vários relatos breves sobre apelo à força física nas soluções de conflitos.

Cada um deles, que recuperamos aqui, tem uma alegação e uma pseudo-justificativa. Fica a velha pergunta: quando os fins são nobres vale o método escuso?


1) Nasi, do Ira!, desceu o braço no irmão-empresário. Alegou desvios e acabou abandonando uma das bandas bem-sucedidas de nosso universo pop. O que será do grupo, do Nasi e do irmão cabe ao futuro.

2) O deputado Raul Jungman, aquele que junto com o Gabeira enfrentou a segurança do Senado durante a votação do processo do Renan, disse ter ouvido de pessoas na rua: da próxima vez sente a mão com mais força. A paciência vai ladeira abaixo.

3) Eric Nepomuceno, escritor, tradutor e amigo de García Márquez, relatou na Bienal do Livro do Rio que o colombiano e Vargas-Llosa trocaram sopapos por ciúmes da mulher de um deles. Na leitura de Nepomuceno: "foi a melhor coisa que aconteceu, pois livrou-se daquele tipo!". Acontece nas melhores famílias e nas mehores cabeças: imagine nas nossas. Valha-me Deus e camomila!

4) Ontem uma estudante esfaqueou a outra numa escola pública de SP. Maiores de idade, frequentavam o supletivo para completar a 5a série. Para a polícia foi crime passional.

5) Ia me esquecendo, mas tenho indícios de que estão próximos de descobrir quem matou a Thaís! Parece-me que o(a) assassino(a) também esteve envolvido em briga corporal. As diligências prosseguem... (rs)


Um verdadeiro caldeirão de paixões e forças: difícil conviver com as recusas às vontades, tanto na política como nas histórias pessoais.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

História: livros e TV


Dois episódios envolvendo profissionais de História, a noção de uma "história crítica" e as organizações Globo:

1- Na semana passada "O Globo" publicou uma matéria sobre um livro que integra a lista de livros oferecidos pelo governo federal aos professores dentro do PNLD (Programa Nacional do Livro Didático).
Os trechos publicados pelo jornal incluíam pérolas como "No museu do Ipiranga, em São Paulo, tem o célebre quadro do pintor paraibano Pedro Américo, retratando o dia 7 de setembro de 1822. Parece um anúncio de desodorante, com aqueles sujeitos levantando a espada para mostrar o sovaco". Ou ainda "Vilas inteiras foram executadas. Doentes eram perfurados a baionetas no leito dos hospitais. Meninas paraguaias de 12 ou 14 anos eram presas e enviadas como prostitutas aos bordéis do Rio de Janeiro. Sua virgindade era comprada a ouro pelos barões do império! O próprio Conde d'Eu tinha ligações com o meretrício do Rio. Gigolô imperial." "Diziam que a princesa Isabel era feia como a peste e estúpida como uma leguminosa. Quem acredita que a escravidão negra acabou por causa da bondade de uma princesa branquinha, não vai achar também que a situação dos oprimidos de hoje só vai melhorar quando aparecer algum principezinho salvador?"
A seleção do jornalista Ali Kamel foi feroz com a obra "Nova História Crítica do Brasil". A matéria seguiu a linha de uma "doutrinação" esquerdista pois em outro momento Mao é chamado de estadista, "tinha várias amantes e era correspondido por todas".
Alguns estão lendo a matéria como uma crítica à divergência nesse universo da mesmice liberal. Entre os dois pontos uma distância enorme. No meio do caminho estudantes e professores com essa proposta de abordagem.
Estaríamos matando saudades de disputas ideológicas recentes?

2. Na outra ponta está a encenação histórica do "Fantástico".
A introdução do quadro intitulado “É muita história”, apresentado por Eduardo Bueno e Pedro Bial, é um dos quadros mais vistos no programa segundo a própria Globo. A proposta é desmistificar episódios da História com uma linguagem ágil, dinâmica e com encenações grotescas.
A História, como produto a ser consumido, é uma fonte de inúmeras curiosidades e uma lista infinda de episódios que pinçados não se explicam e não se articulam. Estes episódios, convenhamos, não chegam a ser uma novidade. Anualmente temos, nas férias de verão, uma mini-série de “época” com apelo histórico. É uma invasão de personagens “reais” e “fictícios” para explicar supostos períodos emblemáticos da história brasileira. Assim já assistimos sobre JK, GV, a ditadura, a família real, a expansão bandeirante e por aí afora.
O apelo destas produções globais não é criticável. O que é criticável é a idéia de que vão transmitir uma “visão crítica” sobre estes acontecimentos. É como se, ao ridicularizar uma personagem histórica, pudéssemos ter as respostas para as nossas mazelas políticas, econômicas, sociais e culturais. Esse verniz “crítico” não se sustenta em um único ponto e serve, de forma intencional ou não, ao imobilismo que se expressa em frases como “no Brasil nada muda”, “as coisas foram erradas desde o começo” etc.
Por meio de elaborações descontextualizadas (em nome de uma linguagem direta ao grande público), anacronismos e julgamentos extemporâneos, a História vai se confundindo com um verdadeiro almanaque que serve a todos os fins. O pensar histórico, nessas produções televisivas, longe de ser observado na peculiaridade da relação dos homens com seu próprio tempo é uma simples forma de narração com a linguagem melodramática que conhecemos.
Aos professores, por sua vez, cabe a difícil tarefa de questionar o que os nossos estudantes ouvem pela informação televisiva. Na semana seguinte à apresentação de programas desta ordem o aluno surge com a questão: “mas foi assim mesmo?” Como vemos, essas novas abordagens e a propagação deste tipo de informação histórica andam de braços dados como as explicações positivistas (é verdade? Como provar?), simplistas e reducionistas.
Pensar uma história crítica é elaborar uma capacidade de distinguir respostas, inquirir sobre as informações que nos chegam e buscar os vestígios das ações e explicações que os homens deram em diferentes tempos e sociedades. Essa elaboração, certamente, é mais difícil e não cabe em dez minutos na televisão ou no simples jogo maniqueísta entre bons e maus que algumas explicações propõem.
PêEsse: Na imagem a Princesa Isabel, a "leguminosa".