Não sei se para o público em geral, para a crítica e nem pra mim Bastardos Inglórios é a obra-prima de Tarantino. Mas para o diretor é! Quentin reuniu em BI tudo o que ele mais gosta: letreiros retro, capítulos, legendas, histórias paralelas, flashbacks, referências pop-cinéfilas, Enio Morricone, diálogos, violência, diálogos, sangue e mais diálogos. É ou não é uma overdose tarantinesca?
Tarantino dirigindo Bastardos sem dúvida está em sua melhor fase, maduro e senhor da situação. Além de ótimas tomadas e a famosa preocupação com os diálogos (em certas cenas exageradas), aqui Quentin dá atenção especial a interpretação, principalmente em cenas sem fala, onde a expressão do ator conta muito (esse caminho já é percebido em Kill Bill vol.2). Duas cenas me chamaram a atenção a esse detalhe: a conversa do coronel SS Hans Landa com Monsieur LaPadite; e o encontro de Shosanna com Landa no restaurante. O tal coronel inclusive rouba o filme numa interpretação genial do austríaco Christoph Waltz – prêmio de melhor ator em Cannes. Brad Pitt também está ótimo na pele do caricato tenente Aldo “the Apache” Raine.
Voltando ao diretor, Tarantino imprimiu ao longa o ritmo que quis, dando-se ao luxo de mostrar uma coisa no trailer e outra no filme – não vou entrar em detalhes senão estraga a surpresa. A crítica sobre a suposta falta de ação é infundada e invoco a biografia de QT para provar. Apontem-me um filme do diretor (não do roteirista) que tenha uma sequência digamos “duro de matar”? Nenhum!
Parênteses: Cenas de ação em Cães de Aluguel: a fuga de Mr. Pink da joalheria; Pulp Fiction: a briga entre Butch e Marsellus Wallace no meio da rua; Jackie Brown: os vídeos de garotas de biquíni armadas com metralhadoras que Ordell e Louis assistem; Kill Bill vol. 1 e 2: a luta entre a Noiva e Vernita Green, o confronto na Casa das Folhas Azuis e o duelo com Elle Driver; Death Proof: não assisti, pois não o filme não saiu comercialmente no Brasil.
Tirando isso, você tem um filme recheado de diálogos impagáveis e cenas fortíssimas de violência pastelão (sem necessariamente estarem ligadas a uma sequência de ação) – é ou não é um clássico tarantinesco? Pois assim é Bastardos Inglórios, um delírio cinematográfico, uma reconstrução histórica não-oficial da guerra (pois a sétima arte dá esse direito) sensacional, além de apresentar os judeus de um ponto de vista totalmente diferente daquele grupo fraco e indefeso que estamos acostumados a ver. Desse último comentário, é impossível sair do cinema sem um sorriso sádico e sem nenhuma pena dos chucrutes. Além de tudo, Tarantino nos presenteia com um ato sublime, a cena em que Shosanna (a linda Mélanie Laurent) se maquia ao som de David Bowie. Só isso já vale uma, duas, três idas ao cinema!
Arrivederci!
PêEsse: Seja um bastardo! Clique aqui e esmague alguns nazis.
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No Clipe da Semana, David Bowie com Cat People (Putting Out Fire), décima primeira faixa da trilha sonora original de Bastardos Inglórios. Sounds good?
2 comentários:
"Yes, Sr."
Overdose Tarantinesca???
"UUUUUUUHHHH THAT'S A BINGO!!!"
Aliás o Christoph Waltz está incrível. O que é ele tomando leite, chegava a dar nervoso.
Realmente, o que o trailler diz não se escreve, mas não trocaria os diálogos por nenhuma ação, o filme está uma delícia.
Agora teve uma coisa que me deixou de cara, matar o sargento Hugo Stiglitz no quarto capítulo, e me privar do prazer de ver o belo moçoilo até o fim, NEIN NEIN NEIN NEIN NEIN, foi sacanagem. Td bem que ele não era um tagarela, mas a ainda o escuto dizer: "I don't look calm to you?"
Enfim, Du, pra registrar, teus posts estão cada vez melhores, orgulho.
"Je vous remercie pour le temps... Je ne vais pas plus déranger...Donc, monsieur, je prends congé de vous et je vous dis adieu."
ARRIVEDERCI PAPA!!!!
xxxxxxxxxxoooooo
Concordo com você mas ainda acrescentaria mais escalpos, incluindo do Hitler e do Goebbles
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