terça-feira, 14 de agosto de 2007

Um nó na política brasileira

A se considerar como válida a análise da cientista política da USP, Lourdes Sola, em entrevista ao Estadão de domingo último, de que o PT e o PSDB têm concepções de Estado e práticas políticas muito diferentes, as nossas perspectivas para os próximos anos não são das melhores.

Isso porque as eleições para presidente de 2010, salvo alguma surpresa ou carta na manga dos petistas, devem ficar mesmo com os tucanos. Seguindo o raciocínio de Sola, teríamos, portanto, outra grande série de reformas para “descentralizar” o Estado e alterar as relações entre o poder público e as iniciativas privadas.

Porém, se Lula mantiver o nível de popularidade atual e estiver “forte como um touro”, como prevê José Dirceu na entrevista que deu à Playboy, pode-se considerá-lo um forte candidato em 2014. E aí, num eventual retorno do PT, voltaríamos à mesma nota tocada nos últimos 5 anos.

Enfim, as mudanças, obviamente, são necessárias e saudáveis. No entanto, a preponderância de interesses ideológico-partidários, do meu ponto de vista, não poderia obscurecer a organização da política com vistas ao bem comum, como se tem tornado notório na “nova” República brasileira.

A principal tarefa dos governantes, neste caso, seria encontrar um ponto de equilíbrio, inclusive nas instituições e burocracias, que permitisse a continuidade daquilo que é “bom” e as eventuais mudanças do que é “ruim”, em relação ao tal do bem comum. O nó, entretanto, está justamente em definir o que é “bom” e o que é “ruim”, posto que hoje, em geral, esses valores têm sido estabelecidos mais em relação a particulares do que propriamente conforme a coletividade.

4 comentários:

Anônimo disse...

Chato, entre outras coisas, é, por exemplo (e confesso que já fui defensor do PT) ver que por aí famílias só conseguem cadastro no Bolsa Família depois de todos nela darem o nº de seus respectivos Títulos Eleitorais....e não é no Nordeste, não - é no interior de SP. Velha prática, de TODOS os partidos, agora sem exceção - o PSOL ainda nem filiados suficientes possui - justificando, de cima para baixo, a obrigatoriedade do voto ...

Anônimo disse...

L. Fernando: numa democracia como a que vivemos, temos de lidar com esse tipo de coisa, bem como com essa "estranha forma de fazer oposição" a que temos presenciado. Como você disse, essas práticas não são privilégios de partido x ou y, mas elas tem se tornado rotineiras na nossa cultura política. E o pior: muitas vezes respaldadas por leis.

Anônimo disse...

Seria interessante alguém comentar essa "reforma política" em andamento, onde se tem mudado para que as coisas sigam as mesmas ... e lembrando que Partidos são organizações privadas, perfeito o raciocínio do Anderson ...
Com isso da obrigatoriedade do voto, todos os Partidos - principalmente fora dos grandes centros, onde o voto individual difere do voto de massa urbano - constrangem o cidadão, tipo: a mulher vai ter o 4º, 5º filho e quer amarrar as trompas, só apresentando Título de Eleitor. Quer dizer, além de todo o ditame legal, onde sem o Título você não é cidadão(não estuda, não trabalha, não viaja fora do País, não presta concurso público, enfim ...), você ainda está sujeito aos constrangimentos do Partido da vez no uso da máquina - e um sabe do outro, com o outro sabendo do um. Há instrumentos legais para coibir isto, mas, em geral, o cidadão não sabe deles. Somos mesmo uma democracia , a persistir a obrigatoriedade do voto ?

Fredi disse...

Não entendi... O sujeito vai lá, mostra o título de eleitor e é cadastrado no Bolsa Família. E daí? Se isso beneficia algum partido, ele passa a ser imbatível? E como isso é feito?