sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O mundo é um moinho

Pra encerrar o mês do centenário do nascimento do mestre Cartola:

Um trecho do filme/documentário Cartola, música para os olhos. O reencontro com o pai, que o abandonou a própria sorte no morro quando pequeno, e como ironia a música pedida foi O mundo é um moinho.

Sempre é tempo de perdoar, o mundo deu suas voltas, Angenor de Oliveira, remando contra a maré, se transformou num dos maiores nomes da música brasileira e ainda teve tempo de obter a admiração do pai.

Apesar de não ter tido filhos de sangue, o poeta foi pai adotivo de diversas crianças e pra uma de suas filhas como forma de conselho compôs essa canção, na minha opinião, seu mais belo feito.


A fé como mercadoria

Não é de hoje que igrejas enriquecem mexendo e brincando com a fé de seus seguidores.

Nos últimos dias, uma vem me chamando a atenção, é a Igreja Mundial, que possui programação no canal 21.

Pelo que escutei, trata-se de um fenômeno de adesão de fiéis.

O pastor (que é tratado como apóstolo, não sei a diferença) tem um jeitão meio “largadão”, fala gírias, e não perde a oportunidade de alfinetar outras igrejas.

São curas feitas ao vivo: cego de nascença que volta a enxergar, mudo que volta a falar e por aí vai. Uma senhora tinha feridas pelo corpo, mas, segundo o pastor não era uma doença e sim o demônio que a possuía. Coisas absurdas, mas que mexem com as emoções de um povo, na sua maioria humilde e carente que precisa se apegar na fé para continuar vivendo.

O que mais me incomoda é a maneira como os fiéis são tratados. O pastor/apóstolo se irrita com alguns, tira sarro de outros, é a estrela do show e faz questão de frisar que “AINDA” não compraram um canal de TV.

O foco é a conta bancária para depósito do dízimo e a aquisição de toalhas brancas abençoadas.

Pra mim, parece ser mais uma empresa em expansão e em meio à crises e incertezas consegue captar e prospectar mais clientes... quer dizer, fiéis.


quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Paradoxos, ou será dialética?

Considerem as seguintes situações:

1 – 70% da população brasileira aprovam o governo do presidente Lula! O maior índice da história etc. e tal!

Vozes da situação:

- Administração competente
- Justiça Social
- Economia de vento em polpa

Vozes da oposição:

- Populismo ao pior estilo da esquerda
- Assistencialismo
- Paternalismo estatal

2 – 60% da população paulistana aprovaram o governo da dupla Serra/Kassab. O maior índice registrado pelo Ibope etc. e tal!

Vozes da Situação:

- Administração competente
- Programas sociais equilibrados
- Orçamento e contas enxutos

Vozes da Oposição:

- Tramóia da direita que iludiu a classe média
- Conluio de adhemaristas, janguistas, malufistas e tutti quanti
- Ignorância e preconceito contra o PT

Estão aí as vozes do jogo político entre situação e oposição, pelo menos no modo como elas se delineiam nos arredores do Palácio do Planalto e do Palácio Anhangabaú.

Duffy Winehouse?

Produtores musicais são sujeitos espertos. Logo que pinta um artista novo, interessante, arrematando fãs e (principalmente) mercado, esses “gênios da música” vão logo fabricando suas cópias, como chineses ávidos pela dominação mundial. Quantos Strokes existem hoje em dia? E quantos Fall Out Boys, My Chemichal Romances, Rihannas e Pussy Cat Dolls estão por aí?

Agora, o novo alvo dessa turma é o chamado soul-pop-retrô, ou seja, o estilão Winehouse de cantar (não de ser). Porém, nesse caso eu acho que existe uma diferença significativa em relação aos exemplos acima. Aqui é preciso ser bom de verdade.

Requisitos básicos para se tornar uma nova Billie Holiday: 1) ter menos de 24 anos, 2) ser branca; 3) britânica; 4) cantar e compor bem; 5) ter um bom produtor.

Aimee Anne Duffy é tudo isso. Considerada a versão clean de Amy, Duffy nasceu em 1984 na cidadezinha de Gywnedd, País de Gales, onde passava o tempo ouvindo no rádio as grandes divas da música negra americana. Foi assim que pegou gosto pela coisa. Dona de um vozeirão anasalado, Duffy compõe muito bem suas tristes histórias de amor. Talvez esse certo isolamento dos grandes centros fez com que seu disco de estréia, Rockferry, não tivesse influência de elementos "modernos" como reggae e rap (ritmos que Winehouse e Joss exploram bastante), isso levou seu álbum para um clima mais, digamos, clássico e linear – sem deixar de ser pop. Impossível não lembrar da musicalidade de Norah Jones em Warwick Avenue, e não imaginar Amy interpretando Serious. Nada de novo, mas tudo de muita qualidade. A diferença da galesa talvez esteja no sentimento de suas composições, em sua serenidade e no carão de Brigitte Bardot.


Rockferry é apontado como um dos melhores discos de 2008 pela crítica e já vendeu mais de 4 milhões no mundo todo. Syrup & Honey é maravilhosa, de uma simplicidade impar. Só que no Clipe da Semana vamos de Mercy, o single que colocou a loirinha em primeiro lugar nas paradas de 12 países. Garanto que seu pé não vai ficar parado.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

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segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Luiz Carlos das Vilas...

No último dia 20, faleceu no Rio de Janeiro, Luiz Carlos da Vila, grande poeta, compositor e sambista.

Na última semana fiquei meio fora de sintonia, já que não acessei a internet, e só soube ontem da notícia.

Tive o prazer de assistir alguns shows dele e em algumas oportunidades tomei alguns (vários) “goles” ao seu lado. Uma grande figura, parecia sempre estar em outra dimensão, divagava, comportamento próprio de poetas, que enxergam a beleza de outra maneira.

Vai deixar um grande vazio nas rodas de samba do Brasil e vai reforçar o batuque lá de cima.

Autor de sambas belíssimos, é oriundo das rodas do Cacique de Ramos e já foi gravado por toda a turma do samba.

Em 1988 foi um dos compositores do samba-enredo da Vila Isabel, vencedora do carnaval daquele ano, Kizomba, festa da raça, um dos sambas mais belos e emblemáticos de todos os tempos.

Entre suas canções mais conhecidas estão O show tem que continuar (com Arlindo Cruz e Sobrinha), Além da Razão (com Sombrinha e Sombra), Doce Refúgio e O sonho não acabou (com Adilson Victor).

O poeta faleceu aos 59 anos, após complicações causadas por um câncer no intestino.

Luiz Carlos de todas as vilas e de todos os sambas.

"Às vezes, ele saia pra conversar com as flores e voltava com uma música" (depoimento de um vizinho do compositor)

Saibam mais sobre o sambista no site http://www.luizcarlosdavila.com.br/

Pra iniciar a semana fiquem com Kizomba, a festa da raça. “Valeu Zumbi”. Reparem na cadência do samba-enredo de 20 anos atrás...