sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Stones por Scorsese

No La Vanguardia de hoje, traduzido e publicado no Uol Mídia Global.

Scorsese reflete a permanente vitalidade dos Stones em novo filme Esteban Linés
Em Barcelona

O novo filme de Martin Scorsese o leva de volta, de maneira descontraída, a uma de suas maiores paixões: a música popular, o rock. Desta vez são os Rolling Stones o ponto de mira do cineasta americano, uma das referências nos últimos 30 anos da história da cinematografia mundial, amparado por uma obra tão sólida quanto heterodoxa. [...] O longa-metragem-entrevista-concerto resultante, intitulado "Shine a Light" (Brilha uma Luz), será lançado em 21 de setembro.

Scorsese, 64 anos, está dando os últimos retoques no que será sem dúvida uma de suas produções mais assistidas, senão necessariamente uma das mais valorizadas. "Shine a Light" é o título de um retrato muito particular de Mick Jagger e seus três companheiros dos Rolling Stones. O retrato oral e visual rodado no presente, que inclui entrevistas e imagens de um show feito em setembro passado no tranqüilo Beacon Theater em Nova York.


Também se deve lembrar que boa parte do projeto nasceu de um roteiro no qual ambos tinham trabalhado nos últimos oito anos. Segundo Scorsese, "tratava-se de uma espécie de saga musical, que por sua vez vinha a ser uma crônica sobre a indústria do rock desde os anos 60 até os 90". O projeto não só lhes agradou como levou Jagger a co-produzi-lo. [...]

A pergunta tópica "Por que os Stones e agora?" é respondida pelo diretor: "É difícil dizer. Também não vi qualquer razão para dizer não. A questão, o que me motivou, é que sua música me encantava sem que eu os conhecesse pessoalmente".

Em relação ao que considera que une Jagger e Richards, Scorsese afirma que "vendo-os trabalhar juntos se percebe que são opostos. Equilibram-se extraordinariamente bem. São o yin e o yang do grupo".

E os Stones do século 21 ainda representam a chama da rebelião contra o sistema que representaram nos 60? "Só quando a verdade de sua música procede do blues (...) É porque o blues reflete certos aspectos que temos como seres humanos. E uma pessoa reage a isso ou não".

Para muitos fãs, "A Última Valsa", filmado em 1978 com o grupo The Band, é o melhor filme sobre rock da história do cinema.


"São dois filmes muito diferentes. 'A Última Valsa' foi uma espécie de elegia, e além disso The Band significava para mim a melhor música que o rock produziu", diz Scorsese. "Em 'Shine a Light' os Rolling Stones continuam presentes agora mesmo em minha mente. E os vejo tão vitais como se estivéssemos nos anos 60, e pouco depois ainda os vemos jovens nos 70. O que há de subjacente em meu filme é que fala de algo que continua sendo nosso presente, e esse é seu grande desafio".

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Julieta e Os Lambidos

É inevitável começar qualquer texto sobre essa atriz sem citar Cabo do Medo (1991) e Assassinos por Natureza (1994) – toda resenha que li sobre ela começava assim.

Com esses dois grandes filmes Juliette Lewis já havia me cativado. Mas foi com outra empreitada que essa californiana de 34 anos me conquistou de vez. Four On The Floor, segundo álbum de sua banda, a Juliette and The Licks (banda ?).

Pois Lewis canta e canta muito bem. Ou melhor, ela grita de um jeito que até Johnny Rotten (eterno vocalista dos Sex Pistols) ficaria com inveja. O som dos Licks é cru, o mais autêntico rock n’ roll de garagem embriagado em influências punk e muito The Who. Ou seja, uma porrada.

A banda é muito boa, afiada e brindada pelas baquetas de Dave Grohl (atual Foo Fighters e ex-baterista do Nirvana).

O clipe de Hot Kiss está lá no rodapé, é só clicar na moça de penacho, assistir e responder: Seria Juliette Lewis o Iggy Pop sem pipi??

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Drummond, recatado

Na semana em que serão completados 20 anos da morte de Drummond, um “pouquin” do mineiro que se acreditava retraído.

A puta (Carlos Drummond de Andrade)

Quero conhecer a puta.
A puta da cidade. A única.
A fornecedora.
Na Rua de Baixo
onde é proibido passar.
Onde o ar é vidro ardendo
e labaredas torram a língua
de quem disser: Eu quero
a puta
quero a puta quero a puta.
Ela arreganha dentes largos
de longe. Na mata do cabelo
se abre toda, chupante
boca de mina amanteigada
quente. A puta quente.
É preciso crescer
esta noite a noite inteira sem parar
de crescer e querer
a puta que não sabe
o gosto do desejo do menino
o gosto menino
que nem o menino
sabe, e quer saber, querendo a puta.

Minha namorada, Suzane von Richthofen

Saiu nos jornais de hoje que a “tenra” Suzane von Richthofen não desistirá da herança de aproximadamente 2 milhões de reais. Bom, eu ficaria assustado se ela desistisse agora, pois, diante do que fez, já se espera que ela vá até o fim. Até mesmo porque Suzane tem “boas” chances de sair da prisão e cumprir parte da pena em liberdade.

Digamos que não seria tão ruim assim ficar em liberdade condicional com a bagatela de 2 milhões na poupança. É nisso que a moça tem se agarrado para renunciar, pela terceira vez, à abdicação da herança.

Lendo essa notícia, eu me lembrei de um vídeo que vi no Youtube de um espetáculo do “Clube da Comédia”, com o Rafinha Bastos citando a Suzane von Richthofen. É ótimo, vale a pena conferir!



Um nó na política brasileira

A se considerar como válida a análise da cientista política da USP, Lourdes Sola, em entrevista ao Estadão de domingo último, de que o PT e o PSDB têm concepções de Estado e práticas políticas muito diferentes, as nossas perspectivas para os próximos anos não são das melhores.

Isso porque as eleições para presidente de 2010, salvo alguma surpresa ou carta na manga dos petistas, devem ficar mesmo com os tucanos. Seguindo o raciocínio de Sola, teríamos, portanto, outra grande série de reformas para “descentralizar” o Estado e alterar as relações entre o poder público e as iniciativas privadas.

Porém, se Lula mantiver o nível de popularidade atual e estiver “forte como um touro”, como prevê José Dirceu na entrevista que deu à Playboy, pode-se considerá-lo um forte candidato em 2014. E aí, num eventual retorno do PT, voltaríamos à mesma nota tocada nos últimos 5 anos.

Enfim, as mudanças, obviamente, são necessárias e saudáveis. No entanto, a preponderância de interesses ideológico-partidários, do meu ponto de vista, não poderia obscurecer a organização da política com vistas ao bem comum, como se tem tornado notório na “nova” República brasileira.

A principal tarefa dos governantes, neste caso, seria encontrar um ponto de equilíbrio, inclusive nas instituições e burocracias, que permitisse a continuidade daquilo que é “bom” e as eventuais mudanças do que é “ruim”, em relação ao tal do bem comum. O nó, entretanto, está justamente em definir o que é “bom” e o que é “ruim”, posto que hoje, em geral, esses valores têm sido estabelecidos mais em relação a particulares do que propriamente conforme a coletividade.

domingo, 12 de agosto de 2007

Pais e as "Leis da Família"


Aproveitando o dia dos pais recomendo o filme "Leis da Família" (2005) de Daniel Burman. Mais um bom filme argentino em salas brasileiras.

O tema do filme é o relacionamento entre os Perelman. A história é centrada na relação entre Bernardo (Arturo Goetz) e seu filho Ariel (Daniel Hendler). Ambos são advogados. O diretor produz uma narrativa sensível sobre escolhas, afetos, autoridade e a perspectiva de "trilhar os próprios caminhos".

Um filme despretensioso mas que nos remete a um universo de significados pessoais e avaliações. Eis um dos méritos dessa película do mesmo diretor de "Esperando o Messias" (2000) e "Abraço Partido" (2003).