sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Depois da pizza, a água no molho

A semana está terminando. Eu diria que ela deixou um gosto amargo para os brasileiros, principalmente após a absolvição do quase-cassado Renan Calheiros. O entusiasmo com a decisão do STF – há alguns dias – de aceitar as acusações contra os mensaleiros se arrefeceu com a politicagem secreta do Senado.

Mas não é disso que eu gostaria de tratar hoje.

Uma outra denúncia foi feita nesta semana, só que desta vez longe das cortes e do “nobre” parlamento, mas muito perto, quase colada à sociedade. Estou me referindo ao caso das merendeiras de escolas públicas em São Paulo que, supostamente, estariam “botando água” no molho de tomate das crianças e diminuindo as porções servidas nas refeições (no lugar de uma maçã, só meia!). A troco de quê? 40 ou 50 reais a mais no final do mês, prometidos pelas empresas responsáveis pelo abastecimento das escolas.

A desculpa dada pelas empresas foi de que as merendeiras seriam premiadas caso reduzissem os desperdícios. Sabemos que isso é conversa fiada. Se for comprovada, de fato, a existência desse “trato”, ambas as partes devem ser responsabilizadas.

O que irrita nesse caso é a mesquinharia da situação em que nos encontramos. Enquanto em outras partes do mundo as crianças são alvos dos mais cuidadosos tratamentos – inclusive no âmbito extra-escolar – por aqui as empresas responsáveis(?) reduzem os alimentos, já precários e escassos, servidos nas escolas. Enquanto em outros lugares, há incentivos pesados em educação, inclusive generosas doações de empresários, por aqui os “privados” (cegos de tudo, pobres coitados!) que “ganham” as licitações tentam tirar proveito de todas as partes.
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Neste caso, o gosto sentido por nós deixou de ser amargo, simplesmente pelo fato de ele não existir mais.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Dá nojo

Dá nojo ver a arrogância do Renan Calheiros e ouvi-lo dizer que se absteve na votação de ontem. É igualmente repugnante vê-lo insistir em permanecer na presidência do Senado.

Dá nojo ouvir as vozes roucas, trêmulas, ofegantes e carcomidas pelo tempo de Alberto Dualib e Nesi Curi, ex-presidente e ex-vice do Corinthians, nos grampos feitos pela Polícia Federal. Na casa dos 80 anos, esses dois senhores falavam abertamente em “lavagem de dinheiro”.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Hoje é dia de cassação?!

Hoje os senadores da República votarão, provavelmente em sessão fechada, se Renan Calheiros (PMDB-AL) deve ou não ser cassado.

O dia deverá ser agitado em Brasília, já que alguns senadores prometeram subir à tribuna para discorrer sobre o voto aberto e passar um pito naqueles que defenderam com unhas e dentes a sessão fechada e o voto secreto.

Em todo caso, especula-se muito em torno dos possíveis “parceiros” de Calheiros que, até o começo desta semana, eram:

Almeida Lima (PMDB-SE)
Edson Lobão (DEM-AL)
Epitácio Cafeteira (PTB-MA)
Gilvam Borges (PMDB-AP)
Gim Argello (PTB-DF)
João Tenório (PSDB-AL)
José Maranhão (PMDB-PB)
José Sarney (PMDB-AP)
Paulo Duque (PMDB-RJ)
Romero Jucá (PMDB-RR)
Wellington Salgado (PMDB-MG)

Durante todo o feriado, pelo que comentaram os analistas políticos, houve toda sorte de negociação e articulação. O advogado de Renan Calheiros terá de ser bom mesmo para convencer os (supostos) indecisos e, caso logre sucesso, a opinião pública.

Está complicado para o (tomara) ex-presidente-cassado Renan Calheiros.

As popularidades na América Latina

O instituto de pesquisas mexicano Consulta Mitofsky publicou no último dia 10 uma pesquisa realizada entre os meses de junho e julho deste ano, em cada um dos países latino-americanos, para verificar entre os cidadãos o nível de popularidade dos seus respectivos chefes de governo.

A lista é encabeçada por Néstor Kirchner e finalizada por Nicanor Duarte, do Paraguai. Não deixa de ser interessante ver Álvaro Uribe (Colômbia) e Felipe Calderón (México) ocupando a segunda e terceira posições, enquanto Hugo Chávez (Venezuela) e Lula ficaram apenas em nono e décimos lugares.

A mim me pareceu muito estranha a posição ocupada pela presidente do Chile, Michelle Bachelet, em 15º. lugar com apenas 39% de aprovação. Será um sinal do desgaste dos sucessivos governos da Concertacão? Pois, a se considerar os níveis de crescimento econômico chilenos e as drásticas reduções da pobreza e da violência por aquelas bandas, é de se estranhar esse dado.

Na Europa, onde o tal instituto mexicano também se aventurou, os líderes que encabeçam a lista são: Angela Merkel (Alemanha), com 76%; Vladimir Putin (Rússia), com 75% e o Nicolas Sarkozy (França), com 64%.

Segue o ranking latino-americano:

1. Néstor Kirchner (Argentina) 71%

2. Álvaro Uribe (Colômbia) 66%

3. Felipe Calderón (México) 66%

4. Martín Torrijos (Panamá) 60%

5. Antonio Saca (El Salvador) 57%

5. Manuel Zelaya (Honduras) 57%

5. Evo Morales (Bolívia) 57%

6. Rafael Correa (Ecuador) 56%

7. Óscar Arias (Costa Rica) 55%

8. Tabaré Vázquez (Uruguai) 51%

9. Hugo Chávez (Venezuela) 50%

10. Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil) 48%

11. Stephen Harper (Canadá) 44%

12. Óscar Berger (Guatemala) 42%

13. Michelle Bachelet (Chile) 39%

14. Leonel Fernández (República Dominicana) 38%

15. Alan García (Perú) 32%

16. Daniel Ortega (Nicarágua) 26%

17. George W. Bush (Estados Unidos) 22%

18. Nicanor Duarte (Paraguai) 11%

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Liberais, Conservadores e a Genética

A Folha de São Paulo publicou hoje uma matéria interessante sobre as diferenças entre as "reações cerebrais" das pessoas que se autodefinem liberais e das que se consideram conservadoras. Em geral, esses estudos me assustam quando tentam vincular as escolhas políticas e morais a formações genéticas.

Ainda bem que foi escrito aquele último parágrafo na reportagem, lá no rodapé da matéria. Ufa...

Liberais e conservadores têm cérebros diferentes

Pesquisadores norte-americanos sugerem que a decisão de mudar ou não um hábito depende do modo como os neurônios agem

O modo de agir de uma pessoa liberal e de alguém conservador não depende apenas das convicções em relação à vida. O comportamento diferente ocorre porque seus neurônios reagem de modo distinto diante de uma decisão difícil.

Essa é a conclusão de um estudo publicado na revista "Nature Neuroscience". O trabalho, feito por pesquisadores da Universidade de Nova York, sugere que os liberais são mais propensos que os conservadores a reagir diante de pistas que sinalizam a necessidade de mudar uma reposta habitual.

A análise dos cientistas levou em conta ações do dia-a-dia e não posturas políticas. A idéia era testar se as decisões mais maleáveis e tolerantes dos sujeitos que se autodeclaram liberais e os julgamentos mais persistentes dos ditos conservadores têm eco no cérebro.

Segundo a equipe, liderada por David Amodio, do Centro de Ciência Neuronal da universidade, as diferenças na hora de tomar decisões estão relacionadas a um processo conhecido como monitoramento de conflito - um mecanismo que detecta quando uma resposta padrão não é apropriada para uma nova situação.

Caminho de casa

Para descobrir como isso ocorre os pesquisadores trabalharam com um grupo de 43 voluntários que responderam a uma série de questões enquanto tinham seu cérebro monitorado por eletroencefalogramas.

Uma das perguntas era sobre o caminho feito do trabalho para casa. "As pessoas costumam voltar pelo mesmo caminho, todos os dias, até que isso se torne um hábito e não seja preciso pensar muito sobre ele", explicou Amodio. "Mas, ocasionalmente, a rua está em obras, e temos que romper com uma resposta habitual para processarmos a nova informação."

Com o eletroencefalograma, foi possível medir as diferenças neuronais da nova realidade. Nas pessoas classificadas como liberais, a atividade cerebral foi significativamente maior na área do cérebro conhecida como córtex cingulado anterior -que está ligado ao processo de auto-regulação do controle de conflitos- quando a situação hipotética pedia uma mudança na rotina. Os conservadores foram menos flexíveis e se negavam a mudar velhos hábitos.
O controle de conflitos provavelmente tem origem na herança genética, mas as orientações liberais ou conservadoras são determinadas principalmente pelo ambiente que cerca o indivíduo, explica Amodio.

Guinness lança cerveja vermelha

Semana passada a cervejaria irlandesa Diageo Plc rompeu uma tradição de mais de 248 anos e inovou com o lançamento da Guinness Red, versão escarlate para a sua mais tradicional marca.

Feita com os mesmos ingredientes da clássica Draught, a versão Red é preparada com cevada ligeiramente tostada, o que lhe dá o inusitado tom vermelho. Segundo comunicado publicado em 30 de agosto, o paladar da nova cerveja é mais suave, adocicado, balanceando o tradicional amargo que caracteriza a Guinness. Para a alegria dos fãs, a Red é tão cremosa quanto sua irmã mais velha, a versão preta (Draught). A bebida será produzida na histórica cervejaria St. Jame’s Gate Brewery, um dos lugares mais visitados de Dublin.

Infelizmente nós brasileiros não teremos o prazer de ver, e principalmente saborear, a Guinness Red tão cedo. O lançamento, a partir de setembro, será concentrado em Londres e na região central da Inglaterra.

Enquanto a novidade não pinta por aqui, vamos aproveitar e ver o clipe de Spicy McHaggis Jig (lá no rodapé da página) dos Dropkick Murphys, banda de celtic punk oriunda de Boston - a mais irlandesa das cidades fora d’A República do Eire.

Levante o seu pint e brinde conosco!!!

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Chapeuzinho vermelho e a imprensa

Um leitor do Conta-Gotas nos enviou. Haja criatividade.

Chapeuzinho Vermelho e as diferentes maneiras de contar a mesma história.

JORNAL NACIONAL (William Bonner): 'Boa noite. Uma menina chegou a ser devorada por um lobo na noite de ontem...'.(Fátima Bernardes): '... mas a atuação de um caçador evitou uma tragédia'.

PROGRAMA DA HEBE (Glória Maria): '... que gracinha, gente. Vocês não vão acreditar, mas essa menina linda aqui foi retirada viva da barriga de um lobo, não é mesmo?'

CIDADE ALERTA (Datena): '... onde é que a gente vai parar, cadê as autoridades? Cadê as autoridades? ! A menina ia para a casa da avozinha a pé! Não tem transporte público! Não tem transporte público! E foi devorada viva... Um lobo, um lobo safado. Põe na tela!! Porque eu falo mesmo, não tenho medo de lobo, não tenho medo de lobo, não.'

REVISTA VEJA: Lula sabia das intenções do lobo.

REVISTA CLÁUDIA: Como chegar à casa da vovozinha sem se deixar enganar pelos lobos no caminho.

REVISTA NOVA: Dez maneiras de levar um lobo à loucura na cama.

FOLHA DE S. PAULO: Legenda da foto: 'Chapeuzinho, à direita, aperta a mão de seu salvador'. Na matéria, box com um zoólogo explicando os hábitos alimentares dos lobos e um imenso infográfico mostrando como Chapeuzinho foi devorada e depois salva pelo lenhador.

O ESTADO DE S. PAULO: Lobo que devorou Chapeuzinho seria filiado ao PT.

O GLOBO: Petrobrás apóia ONG do lenhador ligado ao PT que matou um lobo pra salvar menor de idade carente.

ZERO HORA: Avó de Chapeuzinho nasceu no RS.

AQUI: Sangue e tragédia na casa da vovó.

REVISTA CARAS (Ensaio fotográfico com Chapeuzinho na semana seguinte) Na banheira de hidromassagem, Chapeuzinho fala a CARAS: 'Até ser devorada, eu não dava valor para muitas coisas da vida. Hoje sou outra pessoa'.

PLAYBOY: (Ensaio fotográfico no mês seguinte) Veja o que só o lobo viu.

REVISTA ISTO É: Gravações revelam que lobo foi assessor de político influente.

G MAGAZINE: (Ensaio fotográfico com lenhador) Lenhador mostra o machado.

SUPER INTERESSANTE: Lobo mau! mito ou verdade?
DISCOVERY CHANNEL: Vamos determinar se é possível uma pessoa ser engolida viva e sobreviver.