A semana está terminando. Eu diria que ela deixou um gosto amargo para os brasileiros, principalmente após a absolvição do quase-cassado Renan Calheiros. O entusiasmo com a decisão do STF – há alguns dias – de aceitar as acusações contra os mensaleiros se arrefeceu com a politicagem secreta do Senado.
Mas não é disso que eu gostaria de tratar hoje.
Uma outra denúncia foi feita nesta semana, só que desta vez longe das cortes e do “nobre” parlamento, mas muito perto, quase colada à sociedade. Estou me referindo ao caso das merendeiras de escolas públicas em São Paulo que, supostamente, estariam “botando água” no molho de tomate das crianças e diminuindo as porções servidas nas refeições (no lugar de uma maçã, só meia!). A troco de quê? 40 ou 50 reais a mais no final do mês, prometidos pelas empresas responsáveis pelo abastecimento das escolas.
A desculpa dada pelas empresas foi de que as merendeiras seriam premiadas caso reduzissem os desperdícios. Sabemos que isso é conversa fiada. Se for comprovada, de fato, a existência desse “trato”, ambas as partes devem ser responsabilizadas.
O que irrita nesse caso é a mesquinharia da situação em que nos encontramos. Enquanto em outras partes do mundo as crianças são alvos dos mais cuidadosos tratamentos – inclusive no âmbito extra-escolar – por aqui as empresas responsáveis(?) reduzem os alimentos, já precários e escassos, servidos nas escolas. Enquanto em outros lugares, há incentivos pesados em educação, inclusive generosas doações de empresários, por aqui os “privados” (cegos de tudo, pobres coitados!) que “ganham” as licitações tentam tirar proveito de todas as partes.
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Neste caso, o gosto sentido por nós deixou de ser amargo, simplesmente pelo fato de ele não existir mais.