sábado, 28 de junho de 2008

Vida de compositor


Carioca, 47 anos, concursado e analista financeiro do Banco do Brasil. Com essa descrição, difícil imaginar tratar-se de um dos mais requisitados compositores do samba atualmente.

Wanderley Monteiro, botafoguense “sofredor”, de sorriso fácil e simpatia ímpar, faz parte da ala de compositores da Portela. Está na batalha desde os anos 80 e hoje está se consolidando como um dos expoentes do novo cenário do samba.

Lançou em 2004, o CD Vida de Compositor (indicado ao Prêmio Tim na categoria Revelação), com 14 músicas de sua autoria, com diferentes parceiros. Dono de uma voz grave e aveludada - palavras de Nei Lopes - o trabalho revela um compositor refinado, cadente e fiel às raízes do ritmo.

Tem em Água de chuva no mar (o meu coração, hoje tem paz, decepção ficou pra trás...), gravada por Beth Carvalho, seu maior sucesso, música que é presença certa em qualquer roda de samba.

Diogo Nogueira, Juliana Amaral, Tia Surica, Luis Carlos da Vila, também são alguns sambistas que já gravaram músicas do compositor.

Como bom sambista, ele também é bom de copo e de papo, e é sempre uma satisfação encontrá-lo nas suas apresentações quinzenais no Bar Samba, na Vila Madalena, e poder compartilhar alguns copos e histórias da sua vida de compositor.

Wanderley comanda semanalmente rodas de samba no Rio e em São Paulo. Confira sua agenda e mais informações no seu site.

Ainda é sábado







Porque hoje é sábado


Na continuidade das festas de San Juan

Notas espanholas


1- No chamado Caminho Real espanhol, na Comunidade de Castela e Leão, uma série de “pueblos perdidos”, onde a tradição e as pedras que sustentam castelos e igrejas não deixam dúvidas sobre o que foi a Reconquista.
Difícil não andar por ruas seculares, tão estreitas, e não pensar na vastidão que é a América. O choque da amplitude e o “por fazer” que custou tantas vidas.

2- Em meio às “Festas de San Juan” em Sória uma espécie de Carnaval. As quadrilhas, que tem outro sentido por aqui, são uma espécie de confrarias (ou blocos se quisermos o paralelo carnavalesco) que tomam as ruas das cidades pela noite. A comparação com o Carnaval foi sugerida pelos próprios sorianos.

3- Ao demonstrar certo desdém pela festa fui repreendido: para você ver como nós nos divertimos com tão pouco. Transportei-me ao Brasil e pensei mesmo nesta nossa overdose de “vida feliz” que nos massacra com a obrigação de estar quase sempre alegre.

4- La “saca del toro” é uma festa em que os touros são soltos em meio a uma multidão. Pensava na festa de Pamplona, mas por aqui a diversão é correr atrás dos touros que entram por um corredor cercados por cavaleiros. Três horas de expectativa para uma explosão momentânea. No outro dia os touros vivem seu último dia na Plaza de los Toros.

5- Antes das críticas as defesas do espanhol: o touro é o único animal que tem a chance de matar seu algoz. Faltou acrescentar que ele não o ameaça assim. Mas como disse antes, tradições vivíssimas.

6- Todas as noites as festas com bailes públicos. Bebe-se muito e nenhum tumulto.

7- Vindo do sertão e vendo a recorrência de festividades e comportamentos imaginei, em homenagem ao grande Guimarães Rosa, o “sertão é o mundo”.

8- Amanhã tem a final da Eurocopa. Na torcida pelo bom futebol que mostraram contra a Rússia e por uma vitória ibérica. Quero ver a continuidade das festas.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Um poema às sextas!

Depois de uma semana longa, que correu cinza, um tiquinho de Fernando Pessoa! Ótimo trecho para uma sexta-feira que está só iniciando o final de semana. “Não me macem, por amor de Deus!”

Lisbon Revisited (1923) – Fragmento

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!

Mais Pessoa no Poesia Net.

Lei Álcool Zero: os primeiros resultados

Entre as 20h de ontem e as 5h desta madrugada, a polícia paulista agiu pela primeira vez após a Lei Álcool Zero.

Vejamos os resultados.

Os nobres PM’s se revezaram por cerca de 30 pontos distintos da capital (Vila Madalena, Vila Olímpia, Praça Sílvio Romero, entre outros) com os seus aparelhos de medir o álcool ingerido pelos pinguços que se embreagam com dois copos de chopp.

80 pessoas foram paradas nas blitze, das quais 8 foram multadas na hora e outras 4 acabaram no distrito policial. Trocando em miúdos: 10% multados; 5% presos (podiam pagar fiança, caso fossem primários).

Segundo o major que deu as informações hoje pela manhã na CBN (cujo nome eu já esqueci), se essa lei estivesse valendo no último mês, nós teríamos o seguinte quadro: das cerca de 3 mil pessoas abordadas pela polícia, 500 teriam sido presas!

Essa informação é relevante, pois indica que o primeiro objetivo da lei foi atingido: o medo já está no ar!

Ainda bem que os policiais não fizeram blitz ali na região da Vila Guilherme, onde alguns irresponsáveis se esbaldavam com chopp e cynar! Que beleza...

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Os mais mais...

Toda semana o editor Marco Bezzi publica no caderno Variedades do JT a coluna ‘Os 10 mais do JT’. Um apanhado dos dez melhores lançamentos entre DVD’s, CD’s, livros, HQ’s e games dos últimos 7 dias.

Conferindo a lista dessa semana, não resisti e me senti na obrigação de ajudar Marco na divulgação de dois produtos sensacionais.

1. José AugustoAguenta Coração: “Este é o primeiro DVD do romântico José Augusto. O título deixa claro a música que o fez famoso em todo o País – “Agora agüenta coração, já que inventou essa paixão, eu te falei que eu tinha medo, amar não é nenhum segredo...”. Além dela, desfilam outras babas para apertar a mãozinha do parceiro como Chuvas de Verão, Sábado, Fantasias, Fui Eu e A Minha História” (?????).

2. Banda CalypsoAcústico: Não vou publicar a resenha do jornal. Prefiro reproduzir o texto que narra o comercial de lançamento do álbum, desta que é a maior banda independente do Brasil:
- Prepare-se para uma transformação inesquecível. Toda a energia da banda Calypso em uma experiência nova. CD banda Calypso Acústico! “Prisioneeeira, numa noite de estreeeelas, eu tenho tanto amor pra dar...”, “Doce mel, doce mel, despertando essa paixão louca...”. São 10 sucessos consagrados em novas versões, mais um presente para os fãs: 6 músicas inéditas (PQP). “Você levooooou a minha liberdade, minha felicidade...”. A banda que apaixonou o Brasil de um jeito que você nunca viu. CD banda Calypso Acústico! Confira o 'reclame' aqui.

Completam a lista outras obras, menos inspiradas, como o DVD do filme Onde os Fracos Não Têm Vez, vencedor de 4 Oscars; e o gibizinho Frango com Ameixas de Marjane Satrapi, autora de Persépolis. Para não ser injusto, vou dar destaque no clipe da semana para outro desses lançamentos de baciada, o The Best of (duplo) do Joy Division. Sei que não é fácil, mas tente assistir pelo menos um trechinho de Love Will Tear Us Apart.

Êita!!!

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Álcool Zero: o debate está aberto!

Nos últimos dias, alguns eventos chacoalharam (ou pelo menos deveriam) a opinião pública. É o trambique da autorização da venda da Brasil Telecom para a Oi; é o clientelismo do “cumpadi” Roberto Teixeira, envolvido na venda da Varig; são os soldados do Exército que se alinharam a bandidos; é o mistério da Alstom; é a inadmissível censura à imprensa na cobertura das prévias das eleições municipais etc.

Tudo isso em pouco mais de dez ou quinze dias!

Álcool Zero incrementa a Lei Seca

Agora a novidade é a lei sancionada (íntegra da lei aqui) há poucos dias pelo Lula para conter os “excessos” no trânsito: álcool zero!

Sim, qualquer cidadão que for pego dirigindo e que tenha ingerido qualquer quantidade de álcool será multado. Se não me engano, a “canetada” morderá quase mil reais, além da perda da habilitação por um ano e da retenção do carro até alguém “sóbrio” ir buscá-lo.

Caso o sujeito tenha tomado várias e o bafômetro acuse quantidade de álcool igual ou superior a 0,6 g/l de sangue, configura-se crime de trânsito com a pena de 6 meses a 3 anos de prisão!

Para facilitar a vida dos nossos amigos blogueiros e “apreciadores de ampolas”: com um mísero copo de chopp/cerveja, o bafômetro já acusa a presença de álcool: multa de novecentos e tantos mangos, sem carro e sem carteira por um ano. Com dois copinhos (ainda míseros), já se chega ao tal limite de 0,6 g/l: multa, sem carro, sem carteira e no xilindró – onde se podem perder outras coisas.

O debate está aberto! Há “especialistas” (em quê? Em chopp? Eu sou também!) a favor e contra. A OAB, parece-me, vai entrar com uma ação contra a lei. Vamos ver.

Opinião

Por ora, acho que a lei exagera. Ela vai equiparar o sujeito que toma duas cervejas ou duas taças de vinho a “bêbados inveterados”! E reparem: tudo isso a critério dos... policiais que comandarão as batidas. Se ele lhe parar e achar que você deve fazer o teste, danou-se.

Não importa se você comeu 8 bombons recheados com licor ou se tomou duas garrafas de whisky: será multado e, quiçá, preso! E já sabemos que pedir bom senso a um desses policiais é pedir muito. Existe a alternativa de se recusar a fazer o teste do bafômetro, o que não impede de a multa chegar na sua casa e nem de você ficar sem a carteira.

Isso sem falar no aumento das possibilidades de corrupção, extorsão: se o policial parar um grã-fino, a bordo de seu possante, que tomou duas doses de Black Label, há grandes possibilidades de a “multa” não chegar nem aos cofres do Estado e nem à casa do “patrão”.

Em São Paulo, os responsáveis já alertaram: foram comprados 19 novos aparelhos bafômetros que se somam a outras duas dezenas dos mesmos. Serão cerca de 40 maquininhas dessas colocadas, segundo disseram, em “locais estratégicos”. Ou seja: galerinha que freqüenta a noite da Vila Olímpia, Moema, Vila Madalena etc., é bom ficar bem esperta: é lá que eles estarão.

Se os policiais quiserem, apreenderão muita gente por fim de semana e engordarão o erário (ou o próprio bolso). Basta esperar na esquina seguinte a qualquer bar e parar todo mundo: aposto que 90% dos motoristas tomaram, pelo menos, um copinho de alguma coisa! Mesmo a namorada que "leva o carro" tomou uma tacinha de vinho, ou duas, ou quem sabe uma batida, ou caipirinha de saquê. Tá tudo na conta!

E aí mora o perigo: todo mundo lascado, indistintamente!

O debate está aberto!

O que se diz

Que frio! Que vento! Que calor! Que caro! Que absurdo! Que bacana! Que tristeza! Que tarde! Que amor! Que besteira! Que esperança! Que modos! Que noite! Que graça! Que horror! Que doçura! Que novidade! Que susto! Que pão! Que vexame! Que mentira! Que confusão! Que vida! Que talento! Que alívio! Que nada...

Assim em plena floresta de exclamações, vai-se tocando pra frente.

Carlos Drumond de Andrade. Poesia e Prosa.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Ruth Cardoso (1930-2008)

Faleceu agora à noite, às portas de completar 78 anos, a ex-primeira dama e antropóloga, Ruth Cardoso, ou “D. Ruth”, como era chamada.

Ainda não foi informada a causa da morte, mas sabe-se que D. Ruth tinha sido internada na semana passada. O governador José Serra já decretou três dias de luto em São Paulo.

Para ler mais, clique AQUI, AQUI e AQUI.

Atualização das 23h15:
O site Globo.Com informa que Ruth Cardoso sofreu um infarto, em seu apartamento, e faleceu subitamente, por volta das 20h40.

Porque faz 12 graus em São Paulo


E a noite será longa...

O trânsito e o frio

Em lógica e estatística fala-se muito em “correlação” e em “causalidade”. Há correlação positiva, negativa, nula, causalidade, causalidade reversa, entre outros termos que servem para estabelecer uma relação entre dois (ou mais) acontecimentos (no linguajar estatístico: variáveis).

Essas “ferramentas lógicas” são fundamentais à construção de argumentos sólidos, convincentes, bem como à compreensão (e explicação) precisa de alguns eventos cotidianos.

No entanto, desde a tarde de ontem estou encafifado com esse treco de “correlação”, “causalidade”.

Às 17h30, horário de pico, o repórter de trânsito informou na rádio: em São Paulo, 33 quilômetros de congestionamento. [Nesse horário, os motoristas enfrentam, normalmente, 90, 100 km). Comentário do âncora: é o frio!

Cocei a cabeça, mas deixei pra lá!

Agora cedo, novamente a notícia: São Paulo tem trânsito de cidadezinha do interior. São 9h e há apenas 17 quilômetros de vias congestionadas. Novamente o locutor: é o frio!

Hei, espera aí! Então quer dizer que quando faz frio ninguém sai com o carro na rua?

Abaixo de 15 graus, as pessoas que normalmente vão trabalhar com o automóvel deixam seus possantes em casa para se refugiar no calorzinho do metrô?

Ou então, mais radical: ninguém trabalha com o frio?

Hum, desconfio que exista alguma variável omitida nessas correlações, no caso, negativas – como, por exemplo, a coincidência do frio com a iminência das férias escolares. Do ponto de vista lógico, e do jeito como foram estabelecidas (mais frio, menos trânsito), elas não se sustentam.

Não há dados que nos façam acreditar que os congestionamentos são provocados por pessoas que saem de casa sem necessidade, para passear pela 23 de Maio, às 9h! Aí quando faz frio, essas pessoas descansam até mais tarde!

Mas os locutores continuam com sua “estranha constatação”: não tem trânsito intenso porque está frio! Caso houvesse de fato essa correlação, torceria para fazer 5 graus em São Paulo por seis meses durante o ano, só para não ficar parado na Marginal!

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Pra começar a semana

Vá trabalhar com Arnaldo Antunes. Em um domingo nublado no centro de São Paulo.