sábado, 7 de julho de 2007

Esse dia 07!


No cabalístico 07/07/07, sétimo dia da semana, atentados no Iraque, ameaças de dissolvição do Congresso no Equador, a boiada do Renan, o papa autoriza a volta opcional da missa em latim, grandes shows celebram o "Live Earth" de Al Gore ao redor do mundo. E ainda tem o absurdo concurso das 7 maravilhas do mundo moderno. A vida segue...

Quino, com sua espetacular Mafalda, é um bálsamo com sua acidez provocativa.
Lendo um Dicionário: DEMOCRACIA: (do grego demos/povo e kratos/autoridade) governo em que o povo exerce a autoridade.

Que os astros nos protejam!

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Crise vai, crise vem, e...

Da Agência Estado:

BRASÍLIA - Apesar do crescimento nos índices de aprovação da atuação do governo em diversos setores sociais e econômicos, o impacto de notícias negativas, como as denúncias contra o irmão do presidente e a crise aérea, segurou em patamares estáveis a avaliação positiva do governo Luiz Inácio Lula da Silva, mostrou nesta sexta-feira, 6, pesquisa Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A avaliação é do diretor de Relações Institucionais da CNI, Marco Antonio Guarita.

A avaliação ótima ou boa do governo passou para 50%, ante 49% em abril. E a avaliação ruim ou péssima se manteve em 16% e a regular, em 33 %. De acordo com o levantamento, houve melhora na avaliação ótima ou boa de quase todas as áreas de governo, sobretudo em relação à economia brasileira e a atuação do Executivo na área social. Os programas sociais na área de saúde e educação receberam a melhor avaliação, subindo de 52% em abril para 55% em junho. Os entrevistados que aprovam o governo no combate à inflação subiu de 45% para 50%.
(Reportagem na íntegra)

As crises: “relaxa e goza”

A pesquisa sondou também quais foram as notícias mais desfavoráveis ao governo e que, portanto, impediram melhor avaliação. O caso do irmão de Lula, Vavá, liderou o ranking com 31%, seguido da crise aérea (14%), das viagens do presidente e da atuação da Polícia Federal (3%, cada).

A Marta Suplicy, gozada à beça, contribuiu com o seu quinhão nas avaliações, sendo citada por 2% dos pesquisados como a principal notícia negativa.

Os escândalos vão e vêm e a avaliação do presidente Lula continua estável e num patamar bastante considerável. Pelas respostas e gráficos apresentados pelo Ibope, a queda dos juros e o combate à inflação - bem como as políticas sociais - serviram de contrapeso às crises que se vincularam, direta ou indiretamente, à figura do presidente.

Há que se considerar, também, a habilidade de Lula para se aproximar e se distanciar do olho do furacão em horas estratégicas.

Nélson Rodrigues

Aproveitando o ensejo da Flip, começamos a sexta-feira com o polêmico e indefinível Nélson Rodrigues.

'Ode' aos filhos únicos:

"Considero o filho único um monstro de circo de cavalinhos, um mártir, mártir do pai, mártir da mãe e mártir dessas circunstâncias. As famílias numerosas são muito mais normais, mais inteligentes e mais felizes".

Ou uma frase, bastante conhecida, que lhe valeu o título de 'reacionário':

"Não há ninguém mais bobo do que um esquerdista sincero. Ele não sabe nada. Apenas aceita o que meia dúzia de imbecis lhe dão para dizer".

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Reflexão sobre a nossa violência corriqueira

Em dias de tão corriqueiras violências uma análise instigante feita por Contardo Calligaris.
Publicada hoje na Folha de São Paulo.

Quadrilhas de canalhas

Está com medo de tornar-se doméstica ou prostituta? Bata em pobres, índios e putas

EM POUCAS linhas, na Folha de sexta, dia 29 de junho, Eliane Cantanhêde descreveu perfeitamente o mundo no qual é possível que rapazes de classe média queimem um índio pensando que é "só um mendigo" ou espanquem uma mulher pensando que é "só uma prostituta". Provavelmente, não teria sido muito diferente se eles tivessem pensado que era só uma empregada doméstica.É um mundo em que a permissividade é o melhor remédio contra a inevitável insegurança social.

Nesse mundo, os pais fazem qualquer coisa para que seus rebentos acreditem gozar de um privilégio absoluto; esse é o jeito que os adultos encontram para acalmar sua própria insegurança, para se convencer de que eles mesmos gozam de privilégios garantidos e incontestáveis. Como escreveu Maria Rita Kehl no Mais! de domingo passado, nesse mundo, aos inseguros não basta ser cliente, é preciso que eles sejam clientes especiais. Uma classe média insegura é o reservatório em que os fascismos sempre procuraram seus canalhas.

Você está com medo de perder seu lugar e, de um dia para o outro, tornar-se índio, mendigo ou empregada doméstica? Pois é, pode bater neles e encontrará assim a confortável certeza de seu status. Aos inseguros em seu desejo sexual, aos mais apavorados com a idéia de sua impotência ou de sua "bichice", é proposto um remédio análogo. Você provará ser "macho" batendo em "veados" e prostitutas.

Há mais um detalhe: a inteligência humana tem limites, a estupidez não tem. Essa diferença aparece sobretudo no comportamento de grupo. Imaginemos que a gente possa dar um valor numérico à inteligência e à estupidez. E suponhamos que o valor médio seja dois. Pois bem, três sujeitos mediamente inteligentes, uma vez agrupados, terão inteligência seis. Com a estupidez, a coisa não funciona assim: a estupidez cresce exponencialmente. A soma de três estúpidos não é estupidez seis, mas estupidez oito (dois vezes dois, vezes dois). Quatro estúpidos: estupidez 16. Cinco: estupidez 32. Curiosamente, essa regra vale até chegar, mais ou menos, a um grupo de dez. Aí a coisa tranca: a partir de dez, torna-se mais provável que haja alguém para discordar da boçalidade ambiente. Não porque, entre dez, haveria necessariamente um herói ou um sábio, mas porque, num grupo de dez, quem se opõe conta com a séria possibilidade de que, no grupo, haja ao menos um outro para se opor junto com ele. Esse funcionamento, por sua vez, decai quando o grupo se torna massa.

É difícil dizer a partir de quantos membros isso acontece, mas não é preciso que sejam muitos: um grupo de linchamento, por exemplo, pode desenvolver toda sua estupidez coletiva com 20 ou 30 membros. Em alguns Estados dos EUA, é permitido dirigir a partir dos 16 anos. Mas, em muitos condados desses Estados, vige uma lei pela qual um jovem, até aos 21 anos, só pode dirigir se houver um adulto no carro. Pouco importa que esse adulto seja habilitado a se servir de um carro. O problema não é a perícia do motorista, mas o fato estatístico de que três, quatro ou cinco jovens num mesmo carro constituem um perigo para eles mesmos e para os outros: o grupo de "amigos" potencializa a estupidez de cada um, muito mais do que sua inteligência. Talvez seja por isso, aliás, que, para o legislador, a formação de quadrilha é um crime em si.

Qualquer pai de adolescente reza ou deveria rezar para que seu filho encontre rapidamente uma namorada e passe a sair na noite com ela, não com a turma dos amigos. Pois a turma é parente da gangue. Como se sabe, o pai de um dos cinco jovens que, na madrugada do dia 23 de junho, na Barra da Tijuca, espancaram Sirlei Dias de Carvalho Pinto, comentou, defendendo o filho: "Prender, botar preso junto com outros bandidos? Essas pessoas que têm estudo, que têm caráter, junto com uns caras desses?". É o desespero de quem sente seu privilégio ameaçado: como assim, tratar a gente como qualquer um? Não éramos "clientes especiais"? Mas as frases revelam também a distância entre o filho que o pai conhece em casa (o filho que teria "caráter") e o filho que se revela na ação do grupinho (esse filho não tem "caráter" algum). O que precede poderia ser entendido como uma atenuante, tipo: eles agiram assim não por serem canalhas, mas por estarem em grupo. Ora, cuidado: o grupo não produz, ele REVELA os canalhas.

Roriz renunciou

Na Folha Online, de ontem à noitinha:

O senador Joaquim Roriz (PMDB-DF), 70, renunciou hoje ao mandato parlamentar para escapar de um processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética do Senado. Por meio de carta, lida pelo senador Mão Santa (PMDB-PI), Roriz fez críticas ao “desapreço" dos colegas, à atuação do corregedor-geral Romeu Tuma (DEM-SP) e ao "furor da imprensa". [...]

Com a renúncia, Roriz evita o processo que, no limite, poderia cassar seu mandato e torná-lo inelegível até 2022 - quando terá 86 anos (ele completa 71 anos em agosto).

Depois de ter conseguido uns dias para se explicar, Roriz viu seu plano de renúncia coletiva ir ralo abaixo e entregou os pontos.

A manobra foi ‘interessante’ para Roriz, já que, apesar de tudo, ele manteve seus direitos políticos. Já para Renan Calheiros, para o PMDB e para as bases governistas, as coisas podem não ser tão ‘interessantes’.

Conversa para boi dormir

Há uma semana, Roriz afirmava com a maior segurança e certeza do mundo (também da Folha Online, 28/06/07):

Mesmo não cometendo nenhum [ato] ilícito, me sinto envergonhado. Em toda minha carreira política, jamais confundi a questão publica da questão privada. Sempre mantive um comportamento ético no trato do interesse público. Aprendi esta lição há muito tempo e nunca me desviei deste caminho.

E por que renunciou então, cara-pálida?

Amor bandido

Uma charge do Adão Iturrusgarai para começar bem a quinta-feira!

Essa tirinha até lembra o caso daquela senhora que, depois de ter sido feita refém por horas, junto com mais algumas pessoas num ônibus no Rio de Janeiro, resolveu voltar para os braços do seu amado.

Quem quiser conferir outras charges, HQs e "Velharias", é só dar uma chegada n'O Mundo Maravilhoso de Adão Iturrusgarai (http://www.adaoonline.com.br/).

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Linearidade Fugidia


Mais uma contribuição do Rodrigo Faria!

Desta vez com uma fotografia! O exercício de apreender e capturar o instante!

O título da foto é o mesmo do post: "Linearidade Fugidia".

terça-feira, 3 de julho de 2007

A culpa é do urubu

Li, com algum espanto, duas notícias que foram publicadas hoje nos jornais, mas que, desde ontem, estavam aparecendo nos sangrentos programas vespertinos de TV.

Eu estava custando a acreditar que eram verdadeiras.

A primeira dava conta de um PM que matou o próprio filho, em João Pessoa. O policial ouviu um barulho na porta enquanto dormia e, desconfiado, pegou o revólver para ‘se proteger’. Como estavam insistindo na maçaneta e ninguém respondia, o PM atirou. Era o próprio filho que chegava de uma festa.

A notícia é assustadora em si mesma, no drama da própria história narrada, já que a conclusão que ela permite, sobre o estado de insegurança e medo em que vivemos, é de outros carnavais. Pode-se até supor certa neurose nesse caso, típica de militares, que não seria estranho. Porém, depois dos rapazes do RJ...

Já a outra matéria dizia: ‘Piloto perde o olho após urubu bater em avião’. Como assim? Pensei que fosse brincadeira do Datena, mas era verdade mesmo!

E não é que o chefe do 4º. Seripa (Serviço Regional de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), Wagner Cyrillo Júnior, disse que é preciso evitar os lixões para que abalroamentos, como esse, não aconteçam mais?

Sim, é preciso evitar lixões, mas não por conta dos urubus que estilhaçam vidros e ‘fazem os pilotos perder a vista’. Foi um incidente que, como a própria definição sugere, não deve ser jogado nos ‘ombros’ dos urubus. O urubu simplesmente sobreveio.

Cidade limpa e escura...

A cidade não tem mais o mesmo brilho...



O recente projeto da Lei Cidade Limpa que limita a publicidade na capital paulista tem sido apresentado como uma redescoberta da cidade. Fachadas, estilos arquitetônicos, detalhes que se escondiam debaixo das imensas placas de propaganda estão visíveis.

O combate à poluição visual, no entanto, tem revelado uma outra face: a cidade está mais escura.

São Paulo nunca teve uma iluminação decente. Mas, com a "cidade limpa" percebemos que há um déficit ainda maior de luzes em suas ruas. Antes, com anúncios gigantescos que recebiam iluminação direta, a cidade parecia mais viva.

Hoje, percorrendo suas ruas e avenidas, parece que revivemos o tempo do apagão elétrico ou que estamos em uma cidade interiorana. A nostalgia que se seguiu à redescoberta das fachadas agora é acompanhada de um traço melancólico de uma cidade que parece menor ou menos pujante.

É evidente que não estou defendendo a poluição visual. Mas uma cidade às escuras também é deprimente.

Não combina com o olhar do interiorano que via nos brilhos da noite paulistana a sedução e os riscos de uma metrópole.

Para começar o dia

Recebi duas contribuições do amigo e tb blogueiro Rodrigo Faria


"ENTRE
TUDO
OU
NADA
EU
PREFIRO
O
OU"


"CONTRA
O
XEROXEROXEROXEROXEROXEROXEROXEROXEROXEROXEROXEROXEROXEROXEROXEROXEROXEROXEROX
EU
APRESENTO
A
PÁGINA
BRANCA"

O endereço do blog dele é:

http://rs-dfaria.blog.uol.com.br/index.html

segunda-feira, 2 de julho de 2007

A mulher maravilha existe e é...


O título deste post é uma brincadeira com o universo das HQs e das múltiplas leituras políticas de nosso cotidiano.
Há, na Argentina, uma descrição da principal liderança política feminina daquele país, Eva Duarte Perón, a Evita, que a eleva à condição de heroína. Se o Estado não conseguia cumprir suas funções, ela criou uma Fundação com seu nome e que chantageava empresários para promover políticas assistencialistas. Se não havia direito a voto para as mulheres, ela se escondia atrás do aparato de seu esposo e se tornava "madrinha" de uma reivindicação histórica de feministas.

Mas por que este comentário?

Ontem o jornal Clarin resolveu a principal dúvida eleitoral dos argentinos. O presidente Kirchner, do alto de sua popularidade, não será candidato à reeleição em outubro. A candidata será sua esposa, Cristina Kirchner.

Ela é senadora pela Província de Buenos Aires, cuja capital é a cidade de La Plata e tem grandes chances de vencer a eleição.

Acontece que neste xadrez político que alimenta o ego dos Kirchner pode estar uma estratégia arriscada. Um presidente popular que abre mão da disputa pela reeleição e indica sua esposa para o embate eleitoral não é alguém que sairá de cena.

O poder poderá ficar bicéfalo: a quem recorrerão deputados, governadores e movimentos sociais? Cristina empreenderá uma política mais moderna para um país com características políticas tão tradicionais?

No horizonte podemos vislumbrar crises: sejam elas políticas ou, em caso de discordância entre o casal presidencial, matrimoniais.

Tomara que vejamos a última hipótese e Cristina possa significar uma alternativa para argentinos e para a política latino-americana. E se puder agir como a mulher maravilha na solução dos problemas, melhor ainda! Mas de preferência com métodos mais transparentes do que os da atriz que se imortalizou no papel de primeira-dama ao lado de Perón.

domingo, 1 de julho de 2007

Começando devagar, a "conta-gotas"

Exatamente na virada do semestre, primeiro dia de julho, tem início o Conta-Gotas Cotidiano. A partir de hoje, nós vamos despejar, ou melhor, pingar gotas cotidianas de política, cultura e variedades.

Sem compromisso, já que não temos anunciantes mesmo.

Até mais e boa sorte!