sábado, 5 de abril de 2008

Charge de Liberati - "Pré-Histéricos"

Para animar esta manhã de sábado, um cartum do Liberati, direto da série “Meus Cartuns Pré-Histéricos”!


Quem quiser conferir outros trabalhos do Liberati, é só clicar AQUI.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

A crise argentina

Breves notas sobre os problemas recentes na Agentina:


1- Cristina Kirchner, o tema de meu primeiro texto neste blog, colocou seu bloco na rua. A crise das "retenciones" tem muito mais elementos do que se acompanha na mídia brasileira. Depois de 3 semanas de locaute os "camperos", como passaram a ser chamados os agricultores nesta crise, suspenderam o protesto com a promessa de negociar com o governo da presidenta.

2 - Antes disso a presidenta, no melhor estilo do velho peronismo, lotou a Plaza de Mayo e discursou com vontade. "Nunca um governo democrático foi atacado em tao pouco tempo".
A palavras nao sao textuais mas ela afirmou: "os mesmos abastados que se armaram contra Isabelita Perón, se juntam contra mim. Com a diferença que os generais agora são os generais midiáticos".

3- Nao precisava de mais querosene. Hoje, no La Nación, até notas sobre pessoas que teriam bebido um pouco mais no palanque da presidenta foram apontadas.

4- O discurso também insistiu na tecla de que se opõem a ela por ser uma mulher a comandar o país. Aposto mais na idéia de que é a crise que se tornou mais forte e a oposição se reergueu. Contra Kirchner e a crise de 2001, era melhor ficar calado. Com a estabilidade política reafirmada as insatisfacões começam a aparecer de forma mais veemente.

5- Mais do que as retenções, existe um discurso contra a "sojización" da Argentina. Algo como as críticas no Brasil à cana-de-açúcar. Na esteira, movimentos ambientalistas e de pequenos agricultores contra o "agronegócio". A pitada ideológica que faltava.

6- Quando cheguei aqui, na 4a. feira, os mercados estampavam: "HAY POLLO". Com o fim do bloqueio: "BAJO LA CARNE".
Hoje já provei o corte argentino, mas não estava tão saboroso como das outras vezes. Continuarei provando para chegar a alguma conclusão.

7- Sintomas da inflação: pagando com cartão, 10% de "recargo". Nós lembramos e sabemos o que isso significa.

8- As ruas, bares e lojas continuam cheias. Livros se vendem como pao quente. Há mais mistérios neste país do que supõem os dados escondidos da economia de CK.

PêEsse: Peço aos estagiários de plantão que formatem o texto. Tomarei algumas Quilmes em homenagem ao trabalho da Redação.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Você tem 1 nova mensagem

Quantas vezes por dia você abre o seu e-mail e encontra alguma mensagem do tipo “Faça a coisa certa”, “Superação”, “A corrente da amizade”, “Sorria”, “As dez coisas que as mulheres odeiam nos homens” e por aí vai. Na maioria das vezes uma apresentação de Power Point horrível, com cenas de ursos polares dormindo abraçadinhos, pôr-do-sol, gente feliz, praia e crianças brincando debaixo daquelas torneirinhas de jardim, que só existe em filme americano, acompanha. Têm também aquelas piadas mais que manjadas do Humortadela. E aqueles textos enooooormes que falam de sexo, amor e casamento – notem que são três assuntos totalmente diferentes – geralmente atribuídos ao Jabor ou Veríssimo. Ah, não dá! Eu vejo o remetente (geralmente são os mesmos), o assunto (meu fígado dá uma pontada) e DEL.

Eu não sei, mas acho que deve existir um lugar onde esses e-mails são criados. Tipo a Fantástica Fábrica de E-mails, onde milhares de Oompa-Loompas digitam, formatam e enviam mensagens sem parar. Arrrhhhh!!
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Outro dia recebi um interessante. O assunto anunciava “As armadilhas da língua” – pensei que fosse mais um da série ‘inédita’ de traduções toscas do tipo: Too much = fruto vermelho muito usado em molhos e saladas (!). Não era.

O e-mail fala sobre tautologia! Você sabe o que é tautologia? Tautologia consiste na repetição de uma idéia, de maneira viciada, com palavras diferentes, mas com o mesmo sentido. Ou seja, o famoso “subir pra cima”.

Vejam outros exemplos:

- elo de ligação
- acabamento final
- certeza absoluta
- nos dia 8, 9 e 10, inclusive
- expressamente proibido
- em duas metades iguais
- outra alternativa
- superávit positivo
- todos foram unânimes
- conviver junto
- encarar de frente
- amanhecer o dia
- criação nova
- retornar de novo
- surpresa inesperada
- planejar antecipadamente
- a última versão definitiva
- comparecer em pessoa
- gritar bem alto
- demasiadamente excessivo
- a seu critério pessoal
- exceder em muito

Bacana né?! E aí, já parou pra pensar em quantas vezes você usou uma dessas expressões acima? Fiquem atentos, os Saraivas estão a solta...
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Se você gostou do post, NÃO mande e-mails para contagotascotidiano@gmail.com, preferimos os comentários (rs)!

PêEsse: Será que eu, no meu próprio texto, cometi alguma repetição de idéia de maneira viciada com palavras diferentes com o mesmo sentido??

Top Ten das séries televisivas!

Das milhares de correspondências que chegam diariamente à redação, uma em especial chamou a atenção. O nosso leitor e amigo, Will Sandrini (a quem agradecemos publicamente), nos mandou uma reportagem da revista Monet, da Net, com as 100 melhores séries televisivas.

Quem votou? Votaram artistas de todos os tipos, jornalistas e empresários, todos brasileiros. Foi uma porrada de gente!

Segue o Top Ten:

10. Agente 86
09. Os Simpsons
08. House
07. 24 horas
06. Sex and the City
05. Família Soprano
04. Friends
03. Twin Peaks
02. Lost
01. Seinfeld

As curiosidades e as indignações:

- O 100º. é a série Casal 20, que passou entre 1979 e 1984.

- Como a Família Trapo pode ocupar apenas o 83º. lugar (atrás de Carga Pesada – 74º., Ugly Betty – 62º. e A Grande Família – 40º.)?

- Beavis and Butt-Head mereciam mais do que a 50ª. posição! Para os adolescentes que viveram os anos 1990, Anos Incríveis (em 24º.) também deveriam ter avançado algumas casas.

- Os Três Patetas apareceram depois da 100ª. colocação! Heresia! Viva Moe, Larry, Curly, Joe e Shemp (é, eles eram 5!).

- A série brasileira mais bem colocada foi Armação Ilimitada, em 11o. lugar!

- Algumas séries que nem foram citadas: Os Jetsons, Nova York contra o crime; Planeta dos Macacos; Alf, o ETeimoso (chatíssimo!).

É isso. Quem quiser participar de uma outra votação sobre sua série favorita que a própria revista Monet vai fazer, é só clicar aqui. Rolam promoção e prêmios (como, por exemplo, todos os DVD’s dos oito primeiros colocados da lista aí de cima)!

terça-feira, 1 de abril de 2008

A mentira

Por que é que, na maior parte das vezes, os homens na vida cotidiana dizem a verdade?

Certamente, não porque um deus proibiu mentir. Mas sim, em primeiro lugar, porque é mais cômodo, pois a mentira exige invenção, dissimulação e memória.

Por isso Swift diz: “Quem conta uma mentira raramente se apercebe do pesado fardo que toma sobre si; é que, para manter uma mentira, tem de inventar outras vinte”.

Em seguida, porque, em circunstâncias simples, é vantajoso dizer diretamente: quero isto, fiz aquilo, e outras coisas parecidas; portanto, porque a via da obrigação e da autoridade é mais segura que a do ardil.

Se uma criança, porém, tiver sido educada em circunstâncias domésticas complicadas, então maneja a mentira com a mesma naturalidade e diz, involuntariamente, sempre aquilo que corresponde ao seu interesse; um sentido da verdade, uma repugnância ante a mentira em si, são-lhe completamente estranhos e inacessíveis, e, portanto, ela mente com toda a inocência.

Friedrich Nietzsche, in 'Humano, Demasiado Humano'

Fonte http://www.citador.pt/index.php

domingo, 30 de março de 2008

O verdadeiro pagode de fundo de quintal

Era fim da década de 70 e, numa quadra no bairro do Cacique de Ramos, Rio de Janeiro, depois do futebol, acontecia uma animada roda de samba, que juntava músicos e compositores oriundos de diversas escolas e blocos do carnaval carioca.

Nascia, assim, um movimento cultural ímpar na história da música e do samba no Brasil.

Aquela roda tinha algo de especial, algo diferente de tudo o que já havia sido feito até então. Eles faziam samba porque gostavam, sabiam e representavam com propriedade compositores do quilate de: Candeia, Nelson Cavaquinho, Cartola, Heitor dos Prazeres, Ismael Silva, Wilson Moreira, Nei Lopes, Paulinho da Viola, Noel Rosa, Geraldo Filme e tantos outros.

Tornou-se hábito a roda ser freqüentada por jogadores de futebol, personalidades da sociedade e da televisão. Artistas do samba, ao gravarem seus discos, iam procurar novas inspirações na roda do Cacique, dando crédito, assim, à qualidade dos sambas que surgiam desse novo movimento.

O movimento ganhou o apadrinhamento de Beth Carvalho, e dali saíram: Almir Guineto, Jorge Aragão, Sombrinha, Bira Presidente, Ubirany, Sereno e Neocy, que juntos integraram a primeira formação do Grupo Fundo de Quintal. Depois ainda vieram Arlindo Cruz (que também fez parte do grupo), Zeca Pagodinho, Luis Carlos da Vila, Mauro Diniz, e muitos outros.

Pagode – que tem no seu verdadeiro significado o sentido de reunião (ou baile) onde se toca ritmos populares acompanhados por percussão, violão e cavaquinho – no Cacique de Ramos era feito na sua mais primitiva essência, o que também, por muito tempo, foi levado adiante pelo Grupo Fundo de Quintal.

Nos anos 90 houve um grande “boom” de grupos do gênero e o que já era popular, tornou-se ainda mais freqüente nas FM’s. Com isso, obviamente as tradições não foram mantidas e o que passou a valer foi o interesse comercial das gravadoras e da mídia.

O pagode ficou, então, estigmatizado com aquela imagem dos óculos na cabeça, mustangs amarelos, exames de DNA, passinhos ridículos e letras melosas. Estigma que talvez nunca seja revertido.

O Grupo Fundo de Quintal, assim como muitos de seus ex-integrantes também não conseguiram manter sua essência e, há pelo menos 10 anos, vivem de regravações dos sucessos das longínquas rodas do Cacique.

As verdadeiras rodas de samba e de pagode, hoje, vivem na cena alternativa, principalmente no Rio de Janeiro e em alguns bairros de São Paulo. Na mídia o samba virou sinônimo de elite, e artistas populares como Zeca Pagodinho, Paulinho da Viola, Martinho da Vila e Beth Carvalho se apresentam em casas luxuosas, onde uma latinha de cerveja custa R$ 6,00 e a entrada não sai por menos de 50 (e pra ficar lá de longe).

Para homenagear a boa e velha roda de samba, o clipe da semana traz os paulistanos do Quinteto em Branco e Preto com o samba Patrimônio da Humanidade.

“O samba me traz tanta recordação / Enche a minha alma de inspiração / Patrimônio da humanidade / Brasileiro de verdade, que mora no meu coração”