sábado, 11 de outubro de 2008
Porque hoje é sábado! (Lembrança de BsAs)
Postado por
Anderson
às
23:10
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Marcadores: Cerveja, Instantâneas, Internacional
TweetarFoi um sonho...
Viera gente de todos os lugares, da Portela, do Império Serrano, do Estácio de Sá, da Serrinha.
A roda foi se formando: cavaco, violões, pandeiro, cuíca, tamborim, ganzá, atabaques e surdo. A cantoria foi tomando corpo.
A música só parou quando foi servida a feijoada, e entre torresmos e costelas o pessoal se esbaldava, era batida na caneca de chope e chope na xícara de café.
Os sambas e as rimas dos partidos iam surgindo. O pessoal ria, comia, cantava. Se esbaldava na cadência ardente do samba, que embriagava mais que cachaça e cerveja.
Lá pelas tantas Nelson Sargento entoou um samba feito por outro compositor, Babaú, em homenagem à Cartola:
Cartola, Cartola / Poeta Angenor de Oliveira / Receba estas rosas / Quem lhe oferece é a Mangueira / As rosas não falam / Exalam o perfume colossal / Bem semelhante ao perfume do teu samba / Que você fez original / Cartola é bamba é samba / É paz e amor / Suas obras produzidas em Mangueira / São todas de real valor
O pessoal aplaudiu, e Aluísio de Oliveira pediu a palavra - Eu também fiz um samba pro Cartola:
Um violão silenciou / Um poeta emudeceu / O samba chorou / Mestre Cartola morreu / Cartola deixou obras magstrais / Nascidas em momentos geniais / As rosas não falam / O sol nascerá / Alvorada lá no morro e Acontece / São obras que ninguém esquece.
Os autores foram cumprimentados e logo Délcio Carvalho pediu o tom:
A poesia chorou / A boemia também / A beleza abriu seu pranto no ar / E depois chorou como ninguém / A simplicidade sentiu / A partida do poeta / Que cumpriu o seu destino / De espalhar amor / Por nosso interior
Nem bem Délcio findou de receber os elogios, Nelson Sargento com sua voz imperfeita e expressiva começou:
Só um Peito Vazio descobre / que O mundo é um moinho / E quando isso Acontece / A Alegria vai embora... / E as Cordas de Aço de um violão / Solam baixinho / Uma canção que se chama Disfarça e Chora / Eu confesso que / Tive Sim, um Amor Proibido / Vai, amigo e diz-lhe / O quanto tenho sofrido / Mas tudo se ajustará / Numa grande Alvorada / O Sol Nascerá / Pouco importa depois / Só estaremos juntos Nós Dois / O nosso amor brilhará / Numa noite tão linda / As rosas não Falam / Mas podem enfeitar / A grande Festa da Vinda...
Os compositores, emocionados, se calaram. Realmente, o velho Sargento se superara.
Àquela altura do campeonato, o feijão e o chope tinham propiciado o clima perfeito para que cada um se sentisse flutuando.
E foi aí que, olhando o luar filtrado pelas nuvens pesadas, lembrando o amigo morto, o poeta pintor de telas e paredes, Nelson Matos, codinome Sargento e marechal honorário nas brigadas do samba, abriu a boca de raros e maltratados dentes, pronunciando, talvez sem saber, o verso mais bonito da noite:
- Cartola não existiu. Foi um sonho que a gente teve...
Texto inspirado e adaptado do livro Cartola, os tempos idos, de Marília Trindade Barboza e Arthur de Oliveira Filho.
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Suplicy: fala truncada, pensamento organizado
Refiro-me ao Eduardo, não à Marta.
Política é um negócio brabo, às vezes de doer! Quanto mais a idealizamos, mais ela dói. Ouvi, ontem, que cada vez menos os jovens estão interessados em ingressar na vida política, fazer carreira, ser vereador, governador, presidente da República, salvar o país, o mundo etc. A vereadora mais jovem de São Paulo tem 28 anos e, convenhamos, já não é mais tão mocinha assim.
Talvez o desinteresse dos jovens pela carreira política possa ser explicado – para além daquela bobagem propalada pela “geração-68” de que todo mundo hoje é alienado, burgueses na essência, porque come no McDonald’s, se esbalda com coca-cola ou joga playstation – pela falta de renovação dos quadros partidários e, também, pela falta de perspectivas idealistas e ideológicas.
Sim, ideológicas também. É impossível mapear o espectro político e distinguir matizes suficientes que dêem conta dos 24 partidos políticos que têm representação na Câmara de Vereadores carioca. Encontraríamos, neste caso, 24 propostas políticas diferentes para o RJ?
E é possível citar mais alguns exemplos de cabeça: o PMDB não tem cara alguma, ou melhor, tem todas as caras que quiser, a depender da freguesia. O PSDB é tido, por comentaristas políticos, como um partido de... direita, quando seu plano de governo quase não difere daquele do PT, tido como “a” esquerda. E por aí vai.
Por outro lado, voltando ao sentido idealista, está difícil encontrar – acredito que isso seja mais caro à geração “anos 90” – o sentido da política. Hannah Arendt morreu afirmando que o sentido da política era a liberdade. Estou com ela!
Mas alguém, um tantinho mais atrevido, poderia perguntar: de que liberdade se está falando? Que liberdade nós vemos em “homens de partido”, como se declarou o bravo “Geraldo Alckmin”?
Que liberdade se vê em homens como Marco Aurélio Garcia, professor de história que se recusa a pensar historicamente para ser um “homem de partido”?
Pensando sobre isso, lembrei de Suplicy. Aliás, o contrário: ouvindo o Suplicy, pensei sobre isso. O senador “ousa”, com alguma freqüência, pensar com a sua cabeça e expor as suas opiniões. Ele é um homem de partido, mas não uma cabeça de gado perdida na manada.
Ontem, por exemplo, ao ser questionado sobre a entrevista em que Marco Aurélio Garcia comparava o Gabeira ao Carlos Lacerda (“o Gabeira é o novo Lacerda”, ou algo assim), Suplicy respondeu: não concordo!, e justificou. Simples assim, não!? Ah, se fosse o contrário, Garcia seria capaz de chamar Jesus de Genésio para justificar uma fala de alguém do “Partido”.
E não é de hoje que Suplicy demonstra certa “ousadia” de dizer, com polidez - e um pouco de gagueira, é verdade -, o que pensa. Quem não se lembra do seu apoio aos famosos “dissidentes do PT”, em 2003, que acabaram fundando o PSOL?
Dizem que o pessoal dorme em suas palestras, que suas aulas são mesmo modorrentas e sua fala truncada. No entano, parece que seu pensamento é próprio e organizado. Antes assim!
Pra embalar o fim de semana!
Curtam o Grupo gaúcho Feijoada Completa, interpretando Tive Sim, em show gravado no Teatro Bruno Kiefer em Porto Alegre.
Até o fim desse mês traremos mais vídeos e histórias do mestre.
PêEsse : A luz do vídeo não tá lá essas coisas, mas vale a pena pelo som e pelo arranjo.
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
Frase
“Toda a arte começa na insatisfação física (ou na tortura) da solidão e da parcialidade.”
Ezra Pound. Poeta, músico e crítico norte-americano
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
"Reborn" Magnetic
Antes que você pare, coce a cabeça, pense um pouco e chegue a conclusão que o hiato não é tão grande assim... Pra mim é! Load (1996), ReLoad (1997) e St. Anger (2003) são horríveis. Os dois primeiros são até aceitáveis, se gravados pelo Nickelback, por exemplo, não pelo Metallica!!
Death Magnetic é a seqüencia perfeita de Metallica (1991), o famoso Black Album. E diria mais, é melhor que o disco preto. No começo dos anos 90 a banda apresentou ao mundo clássicos como Enter Sadman, Unforgiven e Sad But True, mas também mostrou um estilo diferente, mais lento, cadenciado, ou como diriam os mais radicais, comercial. O novo álbum tem pinceladas desses elementos ‘comerciais’, mas a mistura com os antigos temperos (do ... And Justice for All pra trás) impede que o disco seja executado em demasia pelas rádios do gênero, que não costumam tocar músicas muito longas, nem pesadas. E ISSO É SENSACIONAL! Isso significa que temos músicas com mais de 7 minutos de pancadaria metálica!!!

Senhoras e senhores dêem as boas vindas novamente à banda de maior nome do trash metal... No clipe da semana, o primeiro single de Death Magnetic, a apoteótica The Day That Never Comes.
PêEsse: Sei que a Redação não agüenta mais a barulheira que sai da minha sala, mas como estamos na semana da criança peço autorização para brincar de air guitar mais um pouco. E olha que eu nem comentei a nova pedrada do Slipknot!