sábado, 8 de setembro de 2007

8 de setembro


Enfadonhas e repetitivas as comemorações do 7 de setembro. No Planalto o mesmo desfile que o governo Lula tentou torná-la popular com altos custos em shows, mas não vingou. Já se vão 5 comemorações sob o domínio do marketing.

Em alguns pontos do país a Igreja católica patrocina, com os movimentos sociais, o "Grito dos Excluídos". O estranho nesse caso é que, em tese, os excluídos têm apoiado o governo. Na ausência de um mote oposicionista restou a defesa da reestatização da Vale do Rio Doce.

Outro aspecto repetitivo é o trânsito dos paulistanos em direção ao litoral: nada mais lamentável do que essa fúria para se abandonar a cidade. Para quem ficou os bares e ruas estavam agradáveis nesses dias secos como um deserto.
A nota dissonante nestas repetições ocorreu em Alagoas. O governador teve que abandonar o desfile e encerrar a festa oficial. Bastante simbólico: a independência existe para alguns, mas não para os servidores.
Em tempo, a Globo ainda promoverá o Brazilian Day em NY. Bizarro!


PêEsse. Como dizia um velho professor: como dizer que sou independente? E dando outra nos teóricos que alegam a pulverização de poderes: eu sei quem me mantem no cabresto - é o banco ao qual devo!
Em memória desta história vale a música: "devo não nego, pago quando puder!"

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Pavarotti

Uma singela homenagem do Conta-Gotas ao tenor Luciano Pavarotti que faleceu na madrugada deste dia 06 de setembro. No vídeo abaixo, Pavarotti cantando Ave Maria, de Schubert.


Alagoas de Renan, Heloísa e verdes mares

Ontem o Conselho de Ética decidiu aprovar o processo de cassação de Renan Calheiros. Aqui em Maceió, onde estou por compromissos profissionais, a repercussão é pequena. No telejornal local da TV Gazeta/Globo AL TV foi mencionada a notícia sem nenhuma imagem.
Nos jornais de hoje a notícia está nas manchetes. Mas curiosamente, num dos principais jornais da cidade, a eleição da reitora da UFAL ocupa mais destaque.
O que isso pode indicar?
1) Renan é um cadáver político e desse modo "tudo está consumado"
2) Ninguém se atreve a mexer com um homem que faz bois se multiplicarem, assegura lucros astronômicos em seus negócios em um Estado com dificuldades e pode "pagar" uma pensão generosíssima à senhora Mônica.
Pode ser que as duas coisas caminhem juntas: afinal, Collor também é daqui e já voltou ao poder.

PêEsse1: Cena alagoana: D. Heloísa Helena dirigindo seu pequeno utilitário pelas ruas do centro de Maceió: acena daqui, é cumprimentada pelo público, buzina para outro. Os motoristas atrás do carro dela esperam impacientes. É uma política em seu habitat e diferente das práticas dos maiores centros do país;
PêEsse2: Papo que ouvi de um local: um Estado tão pequeno com capacidade de gerar tantos corruptos. Um exagero. Não é privilégio de Alagoas.
PêEsse3: Graciliano, Sivuca, Teotônio (o pai) compõem um outro cenário alagoano! Combina mais com a beleza desse mar verde.
PêEsse4: Há por aqui uma "sucursal" do Museu da República. Cheio de totens que se assemelham a uma exposição colegial. Construído em área ilegal, of course. O Ministério Público quer destruir a obra... Pelo visto ninguém viu o "monumento" surgir na orla.
PêEsse5: Campanha dos quiosques a beira-mar: "Sim à regularização; Não à licitação". Ah, esse país! Quem chega primeiro se apossa... Salve Portugal...

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Giro esportivo no Conta-Gotas

Vamos a um giro esportivo! (Isso é coisa de locutor de rádio AM)

Futebol (ou polícia?)

As coisas pelos lados do Corinthians continuam agitadas.

Ontem, a Polícia recolheu documentos e computadores para provar os desvios de dinheiro que ocorriam a partir da emissão de notas fiscais frias. “Dualib na cadeia” deverá ser a próxima campanha da torcida. Pena que ele é octogenário.

Hoje, a apresentação oficial dos novos contratados: o zagueiro Fábio Braz (ex-Vasco) e o lateral Iran (ex-Botafogo). Este é um bom jogador e atua nas duas alas. Aquele, eu não conheço, mas deve ser botinudo. Se ele substituir o Betão já terá, de minha parte, a contratação aprovada.

Para o jogo contra o América, o ex-interino-agora-técnico-até-dezembro, Zé Augusto, deverá, em algum momento da partida, jogar com um 4-2-2-2, com Lulinha e Aílton na meia ofensiva. Um esquema interessante, desde que treinado à exaustão.

No Santos, o goleiro Fábio Costa foi afastado pelo Luxa. Os motivos não foram explicitados, porém corre nos bastidores que o arqueiro está 6 quilos acima do seu peso ideal. Regime nele!

Pelos calmos lados da Vila Sônia, Hugo chorou na entrevista coletiva em que pediu desculpas pela cusparada dada no jogador do Paraná. Mencionou as palavras de seu pai que havia lhe alertado para sempre andar na linha, pois os negros, por serem negros, têm sempre que andar reto. Estranho argumento esse, não? Enfim, o jogador se disse arrependido e pediu desculpas. Atitude louvável.

Fofoca no futebol internacional: o atacante Adriano, da Internazionale, tem tido problemas com seus vizinhos que reclamam das festas barulhentas do brasileiro. Há quem diga, na boca pequena, que o festeiro gaste cerca de 40 mil dólares por semana com o aluguel do apartamento onde ele dá essas festas. Portanto, 160 mil dólares por mês. Esse gosta de jogar dinheiro no lixo!

US Open

Ontem a belga Justine Henin tirou a norte-americana Serena Willians da briga pelo US Open. Com a musa Sharapova fora, aposto minhas fichas, evidentemente, na número 1 do mundo para a conquista do último Grand Slam do ano.

Madrugada adentro, o espanhol Rafael Nadal foi eliminado do torneio pelo seu compatriota David Ferrer, por 3x1. Na disputa dos “rapazes”, aposto numa final entre Federer, que joga hoje contra o “dono da casa” Andy Roddick, e Djokovic, que terá o espanhol Carlos Moyá pela frente. Caso dê essa final, será jogo duro e, a tomar pelo último confronto entre os dois, pode haver alguma surpresa para o “mostro sagrado da Suíça”.

Ginástica

Depois do frisson do Pan do Rio de Janeiro, caímos na real. A equipe brasileira masculina de ginástica artística ficou em 17º. lugar no Mundial de Stuttgart e está fora da disputa por equipes em Pequim, ano que vem. Com essa posição, o Brasil tem direito a levar apenas um atleta para as Olimpíadas, provavelmente Diego Hypólito.

A equipe feminina salvou a pátria e se classificou para Pequim ao ficar em 8º. lugar.

Fórmula 1

Está armado o circo da Fórmula 1 na Itália. Fim de semana decisivo na melhor e mais disputada temporada dos últimos anos. Ferrari e Itália combinam. Itália e “Massa” também. Vamos torcer para que esse trocadilho infame dê sorte. A Ferrari se saiu bem nos últimos anos na pista de Monza. Dos últimos 11 GP’s, venceu 7. Como disse o Raikkonen, não há mais espaço para erros. É hora de ir para cima das McLaren’s.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

ENEM: a farsa do ano

No domingo, dia 25 de agosto, foi realizado o “Exame Nacional para o Ensino Médio”. O ENEM foi criado com o objetivo de quebrar alguns paradigmas educacionais e privilegiar competências e habilidades em detrimento da “decoreba” que as escolas impunham à sociedade. A “decoreba” que formou dr. Dráusio Varella, dr. Ivo Pitanguy, Oscar Niemeyer, Fernando Henrique Cardoso, entre outros notáveis. O Brasil, hoje, é um país carente de grandes jovens notáveis.

O Brasil não possui políticos verdadeiramente capazes (sem entrar no mérito de suas honestidades), os médicos sugerem sempre que o paciente tem virose, amputam pernas erradas, matam inescrupulosamente seus enfermos. Os advogados suam meses para passar raspando na prova da OAB, muitos engenheiros têm suas obras questionadas.

O ENEM é simplesmente a maior prova da farsa que se tornou a educação nos últimos 15 ou 20 anos. Nossos “pedabobos” de plantão vivem dizendo que temos que respeitar os limites, mas eles desrespeitam os indivíduos ao julgá-los limítrofes.

Sempre fui um efusivo crítico do ENEM e da nova pedagogia que busca consolidar-se no Brasil, seja ela construtivista, montessoriana, entre outras. Só que dessa vez eles exageraram. O ENEM menospreza os alunos, os professores e a inteligência de quem quer ver o Brasil crescer de fato.

O que eu me questiono é: qual a verdadeira intenção deste nível de prova do ENEM? Ela é incapaz de avaliar conhecimento, interpretação ou raciocínio. Os alunos que não acertaram 50% da prova e a resolveram de forma séria, devem realmente se preocupar, e, muito provavelmente, se preparar para cuidar de algum distúrbio.

A única resposta que eu encontro está no fato de o governo usar esse resultado como propaganda, para a grande massa desinformada da população. Mas aqui fica meu “grito de alerta” e parafraseando mais ainda Gonzaguinha, sobre a educação “esse caso é uma porta entreaberta”. Educação no Brasil: uma porta a se abrir ou a se fechar?

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Colaboração de Rodrigo Di Mônaco, professor de Química.

domingo, 2 de setembro de 2007

Hannah Arendt poeta

Lendo a biografia Nos passos de Hannah Arendt (Record), escrita pela historiadora francesa Laure Adler, descobri que Arendt era apaixonada por poesia e que, em seus momentos de fúria e tormentos, se expressava escrevendo poemas.

Os anos finais da década de 1920 foram, em particular, “tempos produtivos” para Hannah Arendt, poeticamente falando. Nesse período, a jovem estudante atravessava um momento conturbado de sua vida, marcado pelo fim do romance com seu ex-professor e amante, Martin Heidegger, e pela elaboração de sua tese sobre o “conceito de amor em Santo Agostinho”, bastante criticada pelo próprio orientador, Karl Jaspers, que chegou a afirmar que a jovem estudante fizera Agostinho dizer coisas que nunca disse.

Algum tempo após Heidegger ter-lhe aconselhado a deixar a Cidade Universitária, em Marburg, como quem quisesse se livrar de um peso após a ruptura no romance, Hannah Arendt escreve o poema “Canção da Noite” (p. 72):

E se profundamente nos cansamos,
No colo noturno da noite
Esperamos por um suave consolo.

Esperando, podemos perdoar
Toda dor, toda aflição.
Nossos lábios começam a se fechar –
Sem som o dia inicia sua ascensão.

Para quem quiser conferir essa outra face de Arendt, sugiro a leitura da biografia feita por Adler, bem escrita e bastante precisa no delineamento da personalidade de Hannah.