sábado, 27 de outubro de 2007

A foto da semana e o desejo de muitos

Um amigo me encaminhou a foto que segue abaixo (da agência AFP), com o seguinte título: "Imagem do making of do novo filme da série 'Exterminador do Futuro'". Dessa vez, "O Retorno".


Bela sacada! A perspicácia do fotógrafo somada a um certo desejo inconsciente de uma porrada de gente resulta nessa "interpretação" da foto.

Deve ter um bocado de pessoas lá na região do Ahmadinejad que sonham com esse filme!

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Das vantagens que nos oferecem os leitores de contracapa


Aproveitei uma saída burocrática pela cidade e passei num sebo aqui perto de casa. Aliás, uma bela loja de livros, cuja política de vendas estabelece que o valor máximo cobrado para livros usados é de 15 mangos. Em geral, faço ótimos negócios lá!

Pois bem. Olhei de um lado, de outro; gastei uns 45 minutos fuçando as prateleiras, apertando os olhos e enrugando a testa para ler as lombadas dos livros nos locais mais altos e forçando a vertebral para identificar aqueles próximos ao chão.

De repente, encontrei um livro raro – de um historiador suíço radicado na França, Paul Zumthor – difícil de ser encontrado mesmo em livrarias especializadas e, quando se tem essa sorte, o preço não é muito convidativo. Rapidamente peguei o livro para folheá-lo e ver as condições físicas daquela preciosidade.

A empolgação do achado deu lugar à frustração quando virei as primeiras páginas da introdução: tudo sublinhado com caneta, anotações nas margens, em vermelho, azul. Um carnaval de cores. Virei a segunda página, a mesma coisa; terceira, quarta, quinta, sexta, tudo igual. Na oitava só tinha um rabisco ilegível. Na vigésima, já no primeiro capítulo, apenas um asterisco. Dali pra frente, mais nada!

Pensei: ufa!, ainda bem que as pessoas, geralmente, lêem só a contracapa, as orelhas e a introdução. Imagina se um maluco desse realmente lesse o livro todo anotando como nas primeiras páginas. Voltei pra casa contente com a constatação (realçando o meu lado egoísta) e com o bom negócio: um bom livro, com alguns delírios rabiscados na introdução, por 12 contos.
* Na imagem, Paul Zumthor.

O grande Golias!

Há algum tempo venho pensando em fazer um post sobre o “grande Golias”, um pleonasmo necessário. Mas não sobre a personagem bíblica, cuja derrota diante do nanico pastor Davi marca um dos grandes eventos e modelos da memória e da narrativa ocidentais. Não. Eu me refiro ao Ronald Golias!

Isso porque o “nosso”, se me permitem chamá-lo assim, Golias foi muito melhor. Ao contrário do Gigante dos tempos bíblicos, que poucas vezes fora visto pronunciando palavras ou estampando um sorriso no rosto, o nosso era mestre na arte “dizer”: os seus predicados, todos, eram sempre interessantes.

Golias, o nosso, falava com uma simplicidade hilariante. Desde os tempos P/B da TV Record, na década de 60, “tempos de Bronco”, o comediante já fazia graça nos palcos e estúdios com a “Família Trapo”. Golias inventou bordões conhecidos, como “ô Cride” ou, mais recentemente, “Uaaaaaala”.

Na minha memória, o Golias era o aluno “Pacífico” da escolinha, participante da “Praça é Nossa”, ou o Carlos Bronco Dinossauro, nos programas reprisados pela TV Bandeirantes, à tarde.

Não sei bem os motivos, mas há hoje dois programas no ar com Golias, um no SBT (Escolinha do Golias) e outro na TV Bandeirantes (Bronco). Seria uma espécie de homenagem ou falta do que colocar na grade de programação? Eu os assisto sempre que posso.

No último dia 27, completaram-se dois anos de sua morte. Eu vi poucas referências a esse fato. Golias está decerto entre os grandes nomes da televisão brasileira. Sua estrela brilhava um pouco mais que as outras e, incrível!, com uma simplicidade e naturalidade de nos deixarem boquiabertos.


O nosso Golias não perdeu a cabeça e nem era tão “bronco”, como o filisteu de outros tempos. Mas os dois tinham algo em comum: eram gigantes!

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Salvem os Emos

No dia 14/10, domingo, estava lendo o JT pela manhã e, como de costume, deixo a Revista por último. Como o perfil do encarte é feminino, dou aquela folheada rápida e logo chego à coluna “Palavra de Homem”, escrita por Felipe Machado (jornalista e ex-ex-guitarrista do Viper).

Felipe, na ocasião, estava defendendo uma turma que ultimamente vem sofrendo ataques de diversas frentes: os Emos. Hoje em dia todo mundo sabe reconhecer um emo. Se não, basta reparar nos figurantes de qualquer filme do Tim Burton, eles se vestem iguaizinhos...

O texto defendia o direito de ir e vir, de chorar, de usar franjinhas e ouvir as bandas que esses jovens se identificam. Muito bem. Pois concordo plenamente com o Felipe! Não que eu ache legal – acho horrível – mas também foi assim com os horríveis cortes de cabelo dos quatro rapazes de Liverpool. E mais: os alucinados do hard rock; a sujeira dos punks; o colorido new wave; os diabólicos headbengers; os dreadlocks rastafari; o sobretudo gótico; as flanelas grunge; o bigodinho rapper e por aí vai...

A música pop é assim, um ciclo. Se você cresceu em determinada época, as suas bandas favoritas são justamente as que pintaram naquele período. O antes é clássico, o depois é lixo (salvo exceções em ambos os casos).

Logo logo a moda passa e o emo cresce. E aquele quase figurante d’A Noiva Cadáver , que agora aguarda o metrô na plataforma de cabelinho cortado e sapato, ouvindo Panic! At The Disco ou Fall Out Boy, vai olhar para o lado e reparar num moleque de 16 anos, fantasiado de alguma coisa, balançar a cabeça negativamente e pensar: “Que merda é essa?!?”.

No clipe da semana, em homenagem a todos os emotivos de plantão, uma das melhores bandas de hardcore do mundo: Social Distortion, “I Was Wrong”.

*** Sei que o SxDx não é, mas o vocalista Mike Ness leva jeito...

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

A espinha do Diabo

Desde que o mundo é mundo a economia é algo que faz parte de nossas vidas, mesmo quando a gente não imagina. Hoje a economia mundial é basicamente dividida em 3 setores, fundamentais para seu desenvolvimento: o 1º, o 2º e o 3º setor. O governo, respectivamente, é representado pelo primeiro; as indústrias e o comércio representam o seguinte; e por fim as ONGS e Fundações representam o último setor legalmente reconhecido. Você se encaixou em algum deles?

Pois bem, aí vem o seu setor, o que realmente faz essa “merda” toda funcionar, mesmo que seja de forma errada, mas funciona. O 4º SETOR é representado pela corrupção, a informalidade, o contrabando enfim, tudo aquilo que não presta e mais um pouco. Visto por esse ângulo até parece algo muito assustador, mas não se iluda, não é tão ruim assim. A partir de hoje, semanalmente, você verá aqui no Conta-Gotas uma discussão inteligente sobre o 4º setor.

Até a semana que vem.


*** Márcio Moraes é mais um novo colaborador da Equipe Conta-Gotas Cotidiano. Que a polêmica seja bem-vinda.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Outubro agitado


Como de costume a cidade de SP é bastante agitada no mês de Outubro. Três grandes eventos, para públicos distintos, agitam ou agitaram a cidade. A Mostra de Cinema, o Tim Festival e a F-1 que ocorreu no último domingo.

Tudo cheio: bares, cinemas, trânsito ainda mais caótico.

Entre os programas interessantes não poderia deixar de comentar sobre a 31a. Mostra Internacional de Cinema. São aproximadamente 430 filmes, incluindo produções que nunca chegarão ao circuito do país. A programação prossegue até o próximo dia 01/11. Destaque nesse ano para as restropectivas de Jean-Paul Civeyrac e Claude Lelouch. Mas o filme mais comentado é o último de David Lynch, Império dos Sonhos. O diretor consagrado volta a filmar com sua principal atriz, Laura Derm, após 17 anos. Felizmente o filme entrará em cartaz logo em seguida (previsto para 02/11).

Entre os filmes nacionais, Mutum (dir. Sandra Kogut) e o novo Babenco (O Passado), são destaques.

Entre os argentinos, Pablo Trapero com seu "Nascido e Criado" é a principal pedida.

É uma maratona. Vamos ver o que a gente consegue ver. O melhor da mostra mesmo é sempre a possibilidade da surpresa diante de um filme de algum diretor desconhecido de algum país distante.
No Tim Festival, o show da Bjork é o mais aguardado.

Para acessar a programação completa basta acessar http://www2.uol.com.br/mostra/31/.

domingo, 21 de outubro de 2007

A Bahia e o axé

Na Bahia discute-se qual é a função do poder público em relação à cultura. Além do caso da Fundação Casa de Jorge Amado há uma polêmica mais interessante: envolve diretamente a axé music.
O novo governo do petista Jacques Wagner tem um secretário de Cultura que faz o papel do Pinotti na gestão Serra: um complicador nas relações com formadores de opinião.
A ascensão da axé music coincide com o período de domínio do carlismo. Esta associação tem sido usada para que o governo não incentive esses grupos musicais, "com forte conotação comercial" em detrimento das "raízes do povo baiano".
Alguns problemas graves em minha modesta opinião: quem define o que é uma "legítima manifestação popular"? E a associação entre um estilo musical e um governo (no caso o de ACM) não é uma estratégia que o próprio governo atual estaria adotando? Ou seja, ao substituir um por outro, a noção de manipulação não é a mesma? As tais raízes afrodescendentes não habitariam a musicalidade, a ginga e as demonstrações do axé? O axé não é constitutivo da identidade baiana hoje? Enfim, problemas num campo minado, o que não retira da Secretaria de Cultura local o direito de questionar patrocínios para áreas que já estão em alta na "lógica do mercado". Mas é necessário desvincular esta discussão (quem precisa de patrocínio?) da noção de "raiz popular" ou de propaganda de governos.

Sobre as mulheres

Notícias interessantes da edição da Folha deste domingo:

1- Camile Paglia, a consagrada ensaísta americana, abordou os limites do feminismo na atualidade. Para ela o feminismo desconsidera a vontade de mulheres que querem ser donas de casa e cumprir um papel que outrora era comumente aceito para elas. A militância pressupõe para si uma superioridade de ação em relação a esta atitude menos engajada.

Na afirmação de Paglia mais um convite à reflexão sobre os padrões de comportamento em sociedades plurais e dinâmicas. O que pode ser visto por alguns como refluxo do feminismo seria apenas a constatação da diversidade existente nesse ou em qualquer outro grupo.

Paglia ainda afirma que apóia Hillary Clinton à presidência, mas acha que os democratas não vencerão as eleições exatamente por "serem fracos nos temas de segurança". A impopularidade é de Bush e ele não será candidato. Constatada a ambiguidade dos opositores dos republicanos a vantagem inicial seria perdida. A conferir.

2- Um juiz do interior de Minas, na contra-mão do reconhecimento das vantagens da Lei Maria da Penha, diz que a lei é absurda. A legislação, criada para coibir a violência doméstica contra as mulheres, é uma forma de proteção inaceitável, segundo o magistrado. Numa das suas sentenças ele afirma que "a desgraça humana começou no Éden: por causa da mulher". Misoginia é pouco.

Recentemente tivemos um juiz questionando a relação da homossexualidade e o futebol no caso Richarlyson. Como vemos, em setores do judiciário, não há qualquer mudança no campo dos costumes e comportamentos. A famosa justiça cega, torpe e preconceituosa.