sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Das vantagens que nos oferecem os leitores de contracapa


Aproveitei uma saída burocrática pela cidade e passei num sebo aqui perto de casa. Aliás, uma bela loja de livros, cuja política de vendas estabelece que o valor máximo cobrado para livros usados é de 15 mangos. Em geral, faço ótimos negócios lá!

Pois bem. Olhei de um lado, de outro; gastei uns 45 minutos fuçando as prateleiras, apertando os olhos e enrugando a testa para ler as lombadas dos livros nos locais mais altos e forçando a vertebral para identificar aqueles próximos ao chão.

De repente, encontrei um livro raro – de um historiador suíço radicado na França, Paul Zumthor – difícil de ser encontrado mesmo em livrarias especializadas e, quando se tem essa sorte, o preço não é muito convidativo. Rapidamente peguei o livro para folheá-lo e ver as condições físicas daquela preciosidade.

A empolgação do achado deu lugar à frustração quando virei as primeiras páginas da introdução: tudo sublinhado com caneta, anotações nas margens, em vermelho, azul. Um carnaval de cores. Virei a segunda página, a mesma coisa; terceira, quarta, quinta, sexta, tudo igual. Na oitava só tinha um rabisco ilegível. Na vigésima, já no primeiro capítulo, apenas um asterisco. Dali pra frente, mais nada!

Pensei: ufa!, ainda bem que as pessoas, geralmente, lêem só a contracapa, as orelhas e a introdução. Imagina se um maluco desse realmente lesse o livro todo anotando como nas primeiras páginas. Voltei pra casa contente com a constatação (realçando o meu lado egoísta) e com o bom negócio: um bom livro, com alguns delírios rabiscados na introdução, por 12 contos.
* Na imagem, Paul Zumthor.

2 comentários:

Anônimo disse...

Anderson, você apertando os olhos não é novidade. Até pra ler outdoor o cidadão enrruga a testa!!!

Anônimo disse...

o que eu estava procurando, obrigado