sábado, 25 de agosto de 2007

A condenação da ditadura e os arquivos secretos


O período da ditadura militar (1964-1985) finalmente é responsabilizado por torturas e mortes por um órgão do governo brasileiro. Trata-se de um livro produzido pela Secretaria Especial dos Diretos Humanos e chama-se “Direito à Memória e à Verdade”.
Este gesto, no entanto, demonstra a ambigüidade governamental no tema. Se a Comissão presidida pelo ministro Paulo Vannuchi teve o afinco de constatar práticas conhecidas do período mais duro da repressão militar, há ainda algo que o governo não teve a coragem de fazer: abrir os arquivos da ditadura militar.
Desde FHC, como o decreto 4.553/02, os documentos classificados como "ultra-secretos" podiam ficar em “sigilo eterno”. No governo Lula, a Lei 11.111/05 pouco alterou a condição desses documentos, pois restringe a abertura dos documentos “que atinjam a segurança do Estado”.
Se existe uma publicação que responsabiliza o Estado e, ao mesmo tempo, há documentos não disponíveis à população do país, temos uma demonstração inequívoca da esquizofrenia do governo em relação ao tema.
Um estado democrático de direito pressupõe, dentre outras coisas, o direito à informação e à sua própria história. Não apenas para alguns. Por isso a abertura dos arquivos é extremamente necessária e inadiável. E é uma forma de garantir a segurança dos cidadãos contra tentativas de um Estado autoritário.



PêEsse: A imagem é do movimento "Desarquivando o Brasil".

Leiam o manifesto pela abertura dos arquivos no site
http://www.desaparecidospoliticos.org.br/noticias/abaixoassinado.html

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Um alô aos leitores do Noblat

Já ia me esquecendo: as boas vindas do "Conta-Gotas Cotidiano" aos leitores do Noblat que visitaram (e continuam visitando) este blog.

Fiquem à vontade!

Decida pelo 3?


O lançamento da nova campanha publicitária do Banco do Brasil deu um bochicho danado em Brasília.

No Senado, Heráclito Fortes e Suplicy bateram boca, houve troca de ironias (eufemismo para ofensas) e uma porção de especulações.

Tudo por causa da chamada “campanha do 3”, lançada pelo Banco do Brasil e veiculada via internet e através de camisetas promocionais confeccionadas, segundo os brados de Heráclito Fortes, “com dinheiro público”.

O debate era: o que significa o número “3” estampado nas camisetas? A oposição diz que a “desculpa” do BB de que o “3” indica “2 + 1” (conforme o anúncio) e que se refere a “três atitudes pensando na sustentabilidade” é esfarrapada. Fortes argumentava que era uma espécie de mensagem subliminar aludindo à reeleição de Lula.

A mim me parece um pouco fantasiosa a argumentação de Fortes, do mesmo modo que me pareceu um pouco “imprudente”, para dizer o mínimo, essa campanha do BB. O fato é que, até agora, vi pouca repercussão disso e, como vocês podem conferir no site do Banco do Brasil, o “3” continua lá.


O que vocês acham?

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Mônica Veloso na Playboy. Em outubro.

É, caros e raros colegas de blog. O tal do Renan Calheiros escolheu a dedo a mãe de sua filha.

Mônica Veloso mostrou, nas fotos de divulgação, que não é fraca. Com 1,70 e lindíssimos cabelos pretos (sim, eu reparei também na parte superior ao ombro da morena), a ex-jornalista promete causar fortes emoções nos “leitores” da revista.


A bela ainda promete narrar um livro sobre “as coisas de Brasília”, que será escrito por um grande jornalista brasileiro, ainda não divulgado. No livro, a morena deverá revelar os bastidores da política em Brasília, já que ela tem bom trânsito pelo DF desde 2003.

É esperar para ver. Enquanto isso, vamos “lendo”, a partir de outubro, a Playboy!

Tem gente dizendo que pensão de 12 mil é pouco para tamanha beleza de Mônica Veloso. Será?

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Um "PêEsse" sobre o PSDB

Aliás, um “pêesse” não. Dois!

Saiu nos jornais de hoje e em alguns blogs de política uma nota dando conta de que o Renan Calheiros tem alcançado cada vez mais a simpatia dos tucanos. Parece que somente o Tasso Jereissati (CE) continua batendo o pé em prol da cassação do senador alagoano.

Se for assim, o PSDB se afunda mais a cada dia que passa. No lugar de ficar sobre o muro, como se afirma com freqüência, o partido de Serra e FHC tem escavado com vontade em direção à parte rasteira da política.

O segundo pêesse se refere ao arquivamento (por unanimidade) do processo que corria na Assembléia Legislativa de São Paulo contra o tucano Mauro Bragato por suspeita de irregularidades em obras da CDHU. O Conselho de Ética, composto pela maioria de aliados da base governista, julgou que não havia indícios suficientes.

É prudente desconfiar, pois o caso correu paralelamente aos processos contra Renan Calheiros o que, inevitavelmente, lhe relegou pouco destaque na imprensa.

Às vésperas de realizar o segundo encontro nacional da sua história, seria interessante o PSDB considerar esses dois “pêesses”, sem se esquecer da anuência dada pelos tucanos (juntamente com membros do PT e do PMDB) à prorrogação da cobrança da CPMF.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Elvis não morreu

Semana passada, dia 16/08, quinta-feira, foram celebrados os 30 anos da morte dele, the King, Elvis Presley – nunca entendi muito bem esse negócio de celebrar a morte dos outros, afinal, se você gosta do cara por que comemorar a morte do cidadão?

Enfim, dentre as dezenas de reportagens que li sobre o rei do rock, a mais fantástica é da Rolling Stone Argentina. O título da matéria: Elvis, “vivo” y en Buenos Aires (¿?).

A revista apresenta uma série de teorias (malucas ou não) encabeçadas por Jerónimo Burgués, autor de “El Rey Vive Entre Nosotros”. No livro, o jornalista afirma que Elvis vive na capital porteña sob a proteção da CIA, do FBI e da Polícia Federal do país, no que seria (ou é) o maior caso de proteção à testemunha da história – já que Elvis era um tremendo x9 dos bastidores do show business. Para corroborar o livro, o blog Elvis en Argentina traz um documentário com informações do paradeiro do rei, que segundo o vídeo vive nos arredores do Parque Leloir, zona oeste de BsAs. O mesmo blog é responsável pela campanha que espalhou diversos cartazes (esse aí do lado) pela cidade tentando colher mais e mais informações sobre o rapaz de Mississipi.

Poxa, primeiro Maradona é melhor que o Pelé, depois o Gardel é argentino, e agora mais essa... Daqui a pouco os hermanos vão querer alterar a nacionalidade de Deus – e todo mundo sabe que Caetano é brasileiro!!!

Como não poderia deixar de ser, o clipe da semana, lá no rodapé, é do clássico Blue Suede Shoes.

“It’s one for the money, two for the show…”

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Notas do mundo acadêmico

1. Após a crise que resultou nas greves estudantis do primeiro semestre há um novo titular na Secretaria de Ensino Superior. É o linguista Carlos Vogt, ex-reitor da Unicamp, ex-presidente da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de S. Paulo). Na avaliação de Vogt, em entrevistas na semana passada, os movimentos de estudantes, professores e funcionários fortaleceram a noção de autonomia universitária.
Aliás, até agora, o movimento estudantil foi o único episódio que conseguiu desgastar a imagem da gestão Serra. Nem as crateras e buracos do metrô causaram tanto impacto.
O novo secretário tem uma fala mais moderada que o anterior, Aristodemo Pinotti, e tudo indica que levará a FAPESP para a sua Secretaria, deixando de estar na Secretaria de Desenvolvimento. Aliás esta era uma das reivindicações estudantis.

2. Na edição da Folha de ontem dois casos importantes: os processos do CAPES e CNPq contra bolsistas, principalmente que estudaram no exterior, e que ou não concluíram a pesquisa ou não retornaram ao Brasil. Percentualmente o valor é baixo, pois a maioria cumpre seus compromissos. Mas não deixa de ser uma demonstração de zelo das agências financiadoras diante do famoso contexto de recursos escassos.
Caso mais bizarro foi o de um professor que se doutorou em Barcelona e não entregou cópias de certificado de graduação. Ele tem um título de "pós" que não vale nada, pois não fez o "antes". A alegação dele, segundo o jornal, é hilária: não entreguei os documentos pois não me pediram.

3. Relatando coisas boas também. Na semana passada houve um concurso de Professor-titular em História do Brasil na UNICAMP. A Professora Leila Mezan Algranti, autora de vários livros como Honradas e Devotas: Mulheres da Colônia: Condição feminina nos conventos e recolhimentos do Sudeste do Brasil, 1750-1822, proferiu uma aula brilhante sobre a história da alimentação na América Portuguesa. Um olhar muito aguçado para captar as relações entre "conquistadores e conquistados" a partir da alimentação no período colonial. Foi uma aula de dar "água na boca", não apenas pelo tema mas pelo brilhantismo e erudição analítica.
Prova de que as Universidades brasileiras, malgrado todas os problemas que as afetam, possui grandes pesquisadores, como a mais recente Professora Titular da área de História do país.

domingo, 19 de agosto de 2007

Bubble

Nas estréias do cine no final de semana destaca-se o filme "Bubble" (direção de Eytan Fox. Israel, 2006).



Para abordar as complexas questões entre israelenses e palestinos o diretor recorre à história de amor entre dois rapazes: um palestino e outro israelense. Temas como os territórios ocupados, o terrorismo, o amor entre iguais num universo de diferenças entre árabes e judeus e ilegalidade desfilam diante de nossos olhos sem ser panfletário.


O filme trata os temas mesclando certa leveza e um tom exasperador nas cenas e questões mais difíceis. É interessante este jogo do filme pois nos permite indagar sobre visões preconcebidas tanto a respeito dos conflitos naquela região do Mundo como nas relações afetivas entre o casal central.


As tiradas engraçadas convivendo com "temas sérios" e os estranhamentos de parte a parte nos fazem ver uma cidade em seu cotidiano. Ruas, cafés e festas em Tel Aviv e Nablus aparecem na tela numa narrativa que sugere ao público um universo dolorosamente familiar.


Não é um filme para muitos, pois temas espinhosos e cenas fortes tendem a afastar um certo público. Mas indiscutivelmente uma proposta interessante para temas de um mundo que teima em fugir dos nossos estereótipos de felicidade.