sábado, 29 de dezembro de 2007

Porque hoje é sábado!

Bom final de semana a todos!



A pérola dos anos 90

Dizem que esta é a melhor banda de Seattle. Discordo. A mais criativa, sem dúvida!

Tudo começou na metade dos anos 80 com a banda Green River. Em 1988 há uma separação, metade desta funda o Mudhoney, a outra o Mother Love Bone. Quando o vocalista desta última morre, Chris Cornell tem a idéia de um tributo, assim forma-se o Temple Of The Dog (metade Soundgarden / metade MLB). Depois do sucesso de Hunger Strike (1990), cada um segue seu rumo. Os viúvos montam a Mookie Blaylock, que, posterior e sabiamente, foi rebatizada de Pearl Jam.

Dentro do tema “o antes é clássico, o depois é lixo”, agora é a vez da banda de Eddie Vedder, Stone Gossard, Jeff Ament, Mike McCready e Matt Cameron.


De 1990 pra cá, muita coisa rolou na carreira desses caras. Dos viscerais Ten e Vs. até os menos inspirados No Code e Binaural. Do hiato televisivo entre Jeremy (1991) e Do The Evolution (1998). As brigas com meios de comunicação, jornalistas, Ticketmaster, anos de depressão e reclusão, até os memoráveis e emocionantes shows no Brasil em 2005 (eu estava lá, 03/12 - Pacaembu).

Chega de história! Em maio de 2006, 4 anos após o fraco Riot Act, uma coletânea dupla de sucessos, um acústico, uma compilação “lado B” e 689 disquinhos ao vivo em envelope de papelão (ótima idéia para baratear custo, mas que no Brasil você não encontra por menos de R$ 40,00), o Pearl Jam volta com Pearl Jam. O álbum homônimo marca o retorno às origens: guitarras nervosas, ritmos frenéticos, grandes refrões e a boa e velha garganta de Eddie rasgando seu tímpano com gosto! Confira uma amostra desse belo e barulhento trabalho no clipe da semana com a faixa World Wide Suicide.

Fique à vontade, tire sua camisa de flanela do armário e divirta-se.

PêEsse: O PJ está de férias, mas quem não se cansa de ouvi-los pode conferir o disco solo de Vedder, que compôs a trilha sonora de "Into The Wild", filme do amigo Sean Penn com previsão de estréia para fevereiro de 2008.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Gato morto neles! - Edição Especial

Retrospectiva 2007


Adeus ano velho, feliz ano novo, mas só para os que conseguirem chegar ilesos ao primeiro minuto de 2008.
Ele está vestido de branco. Paz? Não, não, meu caro leitor. O branco da roupa é só para contrastar com o vermelho do sangue de suas vítimas que espirrará depois da surra. O felino mais temido do mundo está furioso e louco para acabar com a raça de quem fez de 2007 um ano para se esquecer. Gato Morto “DeadCAT” neles!

O ano que finda nesta segunda-feira foi de muito trabalho para o pobre gato, que não descansa nem depois de perder suas sete vidas. Luís Fabiano, do Sevilla da Espanha, tentou ajudar nos espancamentos e, no começo do ano, saiu no tapa com um jogador do Zaragoza em pleno jogo. Acabou com um bom gancho no campeonato.

Quem mal sabia que levaria um houndhouse kick do felino (que ensinou este golpe ao Chuck Norris) era a Cicarelli. Depois de espantar os peixes e até os plânctons da praia de Tarifa na Espanha junto com seu playboyfriend Tato Malzoni, quis proibir o Youtube de propagar o vídeo de seu coito marítimo. Apanhou sem dó Del Gatito Muerto.

Henry Sobel sabia que um dia apanharia de nosso vingador, e por isso tratou de roubar umas gravatas Louis Vuitton para presentear o felino. Ele só esqueceu que gato não usa gravata e acabou apanhando na cadeia mesmo, onde o filho chora e a mãe não vê.

E por falar em preso, Freddy Rincón ficou de dar os nomes de quem o sacaneou e o colocou nessa enrascada. Dead Puss ficou de dar uma liçãozinha no cara que fez nosso eterno camisa 8, depois de Ezequiel e Basílio, ver o sol nascer quadrado. Um cara que tem Luxemburgo como desafeto não merece isso.

Quem realmente merece, mesmo com 358 anos é o nosso ilustríssimo Alberto Dualib, que foi o maior responsável pela merda em que o Corinthians se encontra. Esse senhor cansou de tomar patada neste ano que passou, mas para seu azar, o felino não cansou de bater. E é por isso que este vai apanhar sempre que o Gato lembrar dele. O problema é que nosso animalzinho foi criado a Biotônico Fontoura e fez curso de memorização rápida do Antônio Fagundes. Tem uma memória de elefante. Tanto que ele lembrou de cochichar no ouvido do Felipão que o Dragutinovic tinha falado mal do Murtosa. Não deu outra, Felipito, ó pá, soltou-lhe a mão nas fuças.

E por falar em brigas, colossais confrontos se deram neste ano. O nosso amigo só ficou na espreita, deixando que o povo se matasse sozinho. Casos de Alonso e Lewis Hamilton, e Ricardinho e Bernardinho. Os primeiros travaram uma disputa interna dentro da McLaren. Lewis mereceu a surra depois de perder o título de forma bizarra. Eu teria vergonha de ir à padaria depois daquela corrida. Já com Ricardinho e Bernardinho o caso é mais sério. Ninguém sabe ao certo o que realmente aconteceu. A briga continua, e o gato só espera que haja sangue. Do contrário ele estará por perto e ninguém quer ver morte nesta história... só o gato.

Aproveitando o embalo do vôlei, o gato só não acabou com a raça da mulherada da seleção brasileira porque apesar de gato e morto, ele foi criado em escolas inglesas, tem a educação de um Lord e não bate em mulher. “What a shame” diria o Sir DeadCat.

Com o gancho da área da vergonha, a seleção de basquete masculina, reforçada com Varejão, Nenê etc., não conseguiu a vaga para Pequim no Pré-Olímpico. Neste caso, o nosso herói de bigode só deu um sermão; afinal, você já viu o tamanho dos caras?

O mesmo aconteceu com Rebeca Gusmão. O gato, que toma Winstron, Durateston e Diabolin, até dá “bom dia” pra ela com medo de apanhar. A mulher, se decidisse partir pra briga com nosso gato, iria matá-lo pela oitava vez. E como ele é morto mas não burro, fica pianinho perto da moça.

Dopping por dopping, nosso Powered DeadCat Bomber prefere bater no Romário, que é baixinho, careca, velhinho e não sabe mais contar. Acha que já tem mil gols na carreira sendo que o bom velhinho nem lembra mais quando começoua jogar futebol.

Mas algumas personalidades Sir DeadCat faz questão de bater com a cara na parede chapiscada até o olho pular da órbita. Dunga ganhou uma Copa América que não vale nada e acabou se achando o dono da cocada verde e amarela. Para provar isso continuou a convocar Mineiro e Afonso “Quem?” Alves. Ele que aguarde, seu réveillon será um tanto quanto sangrento.

O Barcelona montou um time de estrelas em 2007. Não ganhou porcaria nenhuma e ainda vê Ronaldinho Gaúcho cada vez mais decadente saindo do time. Mais decadência que isso só a declaração do “Sandyjunior” dizendo que uma volta da dupla (?) não é descartada.

Lord DeadCat já disse. Se voltar, morre.

E assim terminamos este lindo ano. Nosso herói com seu terno branco salpicado de sangue de quem merecia.
Que o felino mais temido do mundo mundial não tenha tanto trabalho em 2008.

E lembre-se. Seja um bom menino neste próximo ano.
Para Papai Noel dar um bom presente? Não, não, não. Para não virar alvo do GATO MORTO até ele miar!

Abraços a todos, um ótimo 2008 e Timão de volta a série A.
São os votos do blogueiro que vos ecreve.

Este pitbull fez traquinagens durante o ano. Veja o que sobrou dele depois que o nosso herói se vingou.

Os perigos da morte de Benazir Buttho

Sobre o assassinato de Benazir Bhutto – ex-premiê e candidata às eleições do próximo dia 8 janeiro no Paquistão – li nas reportagens duas teses que me “preocuparam”: a primeira é de que sua morte teria sido “encomendada” por Pervez Musharraf, atual presidente. Por quê? Porque num momento de caos – como o que se inicia no Paquistão, com a convocação de greve geral, comoção popular e conflitos internos, com mortes – Musharraf se beneficiaria, instituindo, de uma vez por todas, um governo ditatorial.

A segunda é de que com o caos nem mesmo Musharraf conseguiria se manter, já que desde outubro (se não me falha a memória), o Paquistão está sendo governado em Estado de Emergência e o governo tem sido alvo de duras críticas por parte da comunidade internacional. Essas críticas (sem falar das pressões norte-americanas) se referem, sobretudo, à ausência de planos de combate aos grupos extremistas – entre eles o Taleban. Neste caso, o Paquistão estaria à beira de uma guerra civil.

Nas duas análises, o ponto crítico a ser considerado é o solapamento da democracia que já não era lá essas coisas por aquelas bandas. Sem querer prever nada, parece que os horizontes paquistaneses não são muito coloridos.

E, como a maioria dos jornais do mundo fez questão de ressaltar, convém lembrar que o Paquistão é uma potência nuclear.

Cloverfield, o filme

Este é daqueles trailers de tirar o fôlego e de instigar qualquer um. O filme tem estréia marcada para janeiro de 2008. Ainda não se sabe quando ele chegará às telonas brasileiras!

Um poema às sextas!

Testamento do Homem Sensato, de Carlos Pena Filho.

Quando eu morrer, não faças disparates
nem fiques a pensar: “Ele era assim...”
Mas senta-te num banco de jardim,
calmamente comendo chocolates.
Aceita o que te deixo, o quase nada
destas palavras que te digo aqui:
Foi mais que longa a vida que eu vivi,
para ser em lembranças prolongada.

Porém, se um dia, só, na tarde em queda,
surgir uma lembrança desgarrada,
ave que nasce e em vôo se arremeda,
deixa-a pousar em teu silêncio, leve
como se apenas fosse imaginada,
como uma luz, mais que distante, breve.

De volta para a casa


Na semana que antecede à virada do ano, muitas famílias mexicanas têm ganhado presentes de Natal atrasados, mas ainda assim “supremos”: pais, filhos, sobrinhos, netos, amigos etc. estão voltando dos EUA para o México; voltam não para festejar “la buenanoche” ou para passar a virada em sua terra: regressam em definitivo!

E o mais curioso é “certa esquizofrenia” que há nas notícias que dão conta desse fenômeno: em alguns estados norte-americanos, a polícia local – em conjunto com iniciativas federais – está em vigília constante nas fronteiras para controlar também as saídas dos mexicanos, sobretudo aqueles que estão vivendo ilegalmente nos EUA. Em certos casos, a auto-deportação é abortada e o imigrante é obrigado a enfrentar a burocracia para conseguir voltar ao México.

Ou ainda: pais mexicanos que tiveram suas proles em território estadunidense (concretizando o American Dream) requerem, com muita freqüência, a cidadania mexicana para seus filhos, projetando um futuro regresso e, portanto, a legalização e integração das crianças no sistema educacional do México.

Os principais fatores que motivam a volta dos mexicanos para casa são: a perseguição que sofrem, sobretudo em estados como Arizona e Phoenix, e que se tornam insuportáveis no cotidiano; e a debilitação da economia norte-americana, cujos resultados são a diminuição da oferta de empregos nos EUA e a perda de força do dólar em relação às demais moedas.

Mesmo com essas dificuldades, muitos imigrantes ilegais optam por se mover dentro dos EUA em busca de trabalho e fugindo das perseguições. Os principais destinos são: Califórnia, Minnesota, Atlanta e Nebraska. Para esses valentes, o American Dream ainda compensa a distância e as demais dificuldades que marcam a dura rotina de fugas, longas jornadas de trabalho e fustigações.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

As frases do ano

O portal IG publicou matéria com as frases que mais repercutiram em 2007. Artistas, políticos, atletas e monarcas, ninguém escapou.
Aqui vai uma amostra:

Crise aérea
Relaxa e goza”.
Marta Suplicy, ministra do Turismo.

A Lei de Murphy levou a atrasos e cancelamentos de vôos”.
Walfrido dos Mares Guia, ex-ministro do Turismo e das Relações Institucionais.

É a prosperidade do país. Mais gente viajando, mais aviões, mais rotas...”.
Guido Mantega, ministro da Fazenda.

A Direita
Faremos o possível e o impossível para que saibam falar bem a nossa língua. Queremos brasileiros MELHOR educados, e não liderados por gente que despreza a educação, a começar pela própria”.
Fernando Henrique Cardoso (pela norma culta, o correto seria “mais bem educados”).

VAGABUNDO!
Gilberto ‘Lacraia’ Kassab, prefeito de São Paulo.

Internacionais
¿Por qué no te callas?
Rei Juan Carlos da Espanha ao presidente venezuelano Hugo Chávez.

Sou intrinsecamente pessimista sobre as possibilidades da África porque todas as nossas políticas são baseadas no fato de que a inteligência deles é a mesma que a nossa, quando todos os testes dizem que, na verdade, não é”.
James Watson, geneticista e prêmio Nobel de Medicina.

Esportes
Brigamos por uma vaga na Cola Sul-Americana”.
Nelsinho Baptista, ex-técnico do Corinthians.

Ou ele, ou eu”.
Fernando Alonso para Ron Dennis, chefe da Mclaren, em relação a Lewis Hamilton.

Eu sou inocente”.
Alberto Dualib, ex-presidente do Corinthians.

TV e Cinema
Di catigoria”.
Bebel (Camila Pitanga) em Paraíso Tropical.

Pede pra sair!” e “Você é um fanfarrão”.
Capitão Nascimento (Wagner Moura) em Tropa de Elite.

A melhor do ano
Nunca na história desse país...”.
Luís Inácio Lula da Silva.

Confira a matéria completa clicando aqui.

Os russos com os dois pés atrás

Há uma nova polêmica na Europa e, para variar, envolve a Rússia.

Todos sabemos que o país de Putin concentra uma extensa coleção de obras de arte, museus, bibliotecas – para não falar dos patrimônios históricos e das belas cidades. Pois bem, os ingleses também sabem disso e querem montar uma exposição com as principais obras dos melhores museus russos.

Sim, e o que isso tem de polêmico?

A polêmica se deu porque o governo russo, por meio do Ministro da Cultura, Sr. Alexandr Sókolov, exige que os britânicos promulguem uma lei que garanta a devolução das obras de arte aos museus de origem após a exposição.

Ué, o empréstimo e (principalmente) a devolução das peças não é praxe na Europa e em qualquer lugar do mundo? Sim, é! Mas os russos temem que se repita o episódio de 2005, quando a empresa suíça Noga embargou parte da coleção do Museu Púshkin cedida para uma exposição na “Confederação Helvética”, e a usou como “moeda de troca” para saldar uma dívida do governo russo, contraída nos anos 1990.

Caso o Ministério da Cultura britânico não consiga convencer o Parlamento da necessidade de tal lei, os ingleses correrão o risco de não apreciar algumas das principais obras de arte do Ocidente, como esse Matisse.
Henri Matisse, A dança, 1910. A obra original está no Hermitage Museum, em São Petesburgo

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Lá como cá; ou cá como lá!

Lendo os periódicos do México, às vezes tenho a sensação de ler notícias do Brasil. Esfrego os olhos, limpo os óculos e percebo que as notícias são daqui mesmo. Concluo: algumas coisas se passam tanto lá como cá e vice e versa.

Um dos debates nacionais que mais ocupa o espaço de articulistas e editores mexicanos é a educação.

Em pleno dia de Natal, os jornais e sites debatiam a proposta da Secretária de Educação, Josefina Vázquez Mota, de fazer um exame de reavaliação dos professores. Sim, caros blogueiros, uma reavaliação dos “maestros”!

Segundo a maioria dos editores, os professores de hoje – assim como aqueles de 10 ou 20 atrás – não sabem ler e escrever. Leia-se: são alfabetizados, mas não conseguem compreender os textos e tampouco escrever de forma coerente e argumentativa.

O nó a ser desatado aqui no México é muito semelhante ao brasileiro: como explicar os investimentos tão baixos em educação e cultura, num país que tem visto sua economia crescer e que atravessa um período de certa estabilidade política?

As respostas são difíceis dos dois lados da Linha do Equador. Por aqui, os analistas avaliam que há um predomínio do “eixo político” em detrimento do cultural, do que decorrem as inversões em outras áreas da vida pública e não na educação.

Infelizmente!

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

O Natal e mais cervejas mexicanas!

Já nesse finzinho de Natal, renovo os votos de Boas Festas a todos os blogueiros!

O verdadeiro bom velhinho

Do Fantástico, edição de 23/12/2007

***
Um personagem inesquecível. Uma daquelas pessoas que mostram como é perfeitamente possível melhorar o mundo com um gesto. Um homem que salvou a vida de 600 crianças, mas guardou segredo sobre o que fez. O que ele diz, numa entrevista exclusiva ao Fantástico (abaixo), é uma lição que serve para o resto da vida.

O homem que ocupa uma cadeira na primeira fila de um auditório jamais teve uma surpresa tão grande. Um dia, ele salvou a vida de 669 crianças. Mas perdeu totalmente o contato com elas. As crianças viraram adultos. O dia do reencontro chegou.

A história de Nicholas Winton é feita de lances incríveis. Discreto, ele jamais quis ser visto como herói. Preferiu guardar em segredo o bem que fez. Não disse nem à mulher que tinha salvado a vida de tantas crianças.

Ao arrumar o sótão de casa, ela descobriu, por acaso, um velho álbum coberto de poeira. Lá estavam fotos de crianças, cartas, telegramas e uma lista com nomes e datas. Quando procurou saber, a mulher de Winton descobriu que aquelas eram crianças que tinham sido salvas por ele. O que teria acontecido com elas? O que esse herói silencioso teria feito?

Quanto tinha apenas 29 anos, Winton viajou para a Tchecoslováquia em companhia de um amigo nas férias de fim de ano. Lá, ficou impressionado com o clima de medo. A Tchecoslováquia já estava sob o domínio da Alemanha nazista.

Winton teve uma idéia: tentar mandar para fora da Tchecoslováquia crianças de famílias perseguidas. Começou a escrever por conta própria para vários países pedindo ajuda. Organizou uma primeira lista de nomes.

Somente a Inglaterra e a Suécia aceitaram receber aquelas crianças. Winton organizou a viagem. Era uma decisão difícil. Para escapar do horror nazista, as crianças teriam de ser mandadas para longe dos pais.

"Nunca me esqueci da angústia que pude ver no rosto dos meus pais", diz uma mulher.

As crianças que partiram para um lugar seguro – a Inglaterra – não sabiam, mas jamais veriam os pais de novo. Os pais, a maioria judeus, morreriam nos campos de concentração nazistas.

"Eu entendi que não veria os meus pais de novo. É difícil falar. Sempre acreditei que a família é o que existe de mais importante", confessa um homem, que um dia foi uma das crianças salvas por Winton.

"Guardo a carta que meus pais me mandaram dias antes de serem enviados para um campo", diz outro homem, que também foi salvo por Winton.

Se é verdade que quem salva uma vida salva a humanidade, o que dizer de quem salva 669 vidas?

Quando as crianças desembarcaram na Inglaterra, lá estava Nicholas Winton esperando por elas. Uma imagem rara registra Winton na plataforma de desembarque com uma das crianças.

Winton só lamenta que o último trem, que traria 250 crianças, não tenha conseguido sair da Tchecoslováquia. O início da guerra, no dia primeiro de setembro de 1939, tornou a viagem impossível.

Nenhuma das crianças que não conseguiram embarcar sobreviveu. Também foram mandadas para os campos de extermínio.

Winton se alistou na Força Aérea. As crianças que tiveram tempo de embarcar para a Inglaterra na caravana organizada por Winton foram encaminhadas para casas de família e abrigos.

Winton nunca falou sobre o que tinha feito. Espalhadas por vários países, as crianças cresceram sem ter notícias do bem-feitor.

O bem que Winton fez rendeu frutos. As crianças se tornaram escritores, engenheiros, biólogos, cineastas, construtores, guias turísticos, jornalistas.

As crianças salvas por Winton se tornaram adultos generosos.

"Para expressar a gratidão pelo que aconteceu comigo, tento ajudar os outros", diz Joseph Ginat.

"Adotei três crianças", completa Tom Graumann.

"Hoje, trabalho dois dias por semana como voluntário num hospital infantil", revela Amos Bem Ron.

"Uma das melhores características do ser humano é a decência. Nicholas é um dos seres humanos mais decentes que conheci", diz Joe Schlesinger.

Desde que a história de Winton se tornou pública, ele começou a receber todo tipo de homenagens. A rainha da Inglaterra chamou-o ao palácio para entregar uma condecoração. O governo da República Tcheca fez uma grande homenagem. O presidente dos Estados Unidos mandou uma carta de elogios e agradecimentos.

Mas o agradecimento mais comovente veio daqueles que Winton um dia salvou da morte certa. Um programa de TV inglês encheu o auditório de sobreviventes que foram salvos por ele quando eram crianças, mas nunca o tinham encontrado.

Primeiro, a apresentadora avisou a Winton que a mulher sentada ao lado tinha sido uma das crianças que ele salvou. A apresentadora pediu: "Quem, na platéia, teve a vida salva por Nicholas Winton, fique de pé, por favor". O agradecimento veio em forma de aplausos demorados e lágrimas. Tanto tempo depois, só havia uma palavra a dizer a ele: "obrigado".

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Feliz Natal!

Um pouco de Machado de Assis na véspera do Natal. Um trechinho do conto “Missa do Galo”. Lá pelas 22h30 irei à missa... Feliz Natal a todos!


Boa Conceição! Chamavam-lhe "a santa", e fazia jus ao título, tão facilmente suportava os esquecimentos do marido. Em verdade, era um temperamento moderado, sem extremos, nem grandes lágrimas, nem grandes risos. No capítulo de que trato, dava para maometana; aceitaria um harém, com as aparências salvas. Deus me perdoe, se a julgo mal. Tudo nela era atenuado e passivo. O próprio rosto era mediano, nem bonito nem feio. Era o que chamamos uma pessoa simpática. Não dizia mal de ninguém, perdoava tudo. Não sabia odiar; pode ser até que não soubesse amar.

Naquela noite de Natal foi o escrivão ao teatro. Era pelos anos de 1861 ou 1862. Eu já devia estar em Mangaratiba, em férias; mas fiquei até o Natal para ver "a missa do galo na Corte". A família recolheu-se à hora do costume; eu meti-me na sala da frente, vestido e pronto. Dali passaria ao corredor da entrada e sairia sem acordar ninguém. Tinha três chaves a porta; uma estava com o escrivão, eu levaria outra, a terceira ficava em casa.

- Mas, Sr. Nogueira, que fará você todo esse tempo? perguntou-me a mãe de Conceição.

- Leio, D. Inácia.

domingo, 23 de dezembro de 2007

Charge de Liberati (sem legenda)


Para conferir outros trabalhos do Liberati, é só clicar aqui.