domingo, 21 de outubro de 2007

A Bahia e o axé

Na Bahia discute-se qual é a função do poder público em relação à cultura. Além do caso da Fundação Casa de Jorge Amado há uma polêmica mais interessante: envolve diretamente a axé music.
O novo governo do petista Jacques Wagner tem um secretário de Cultura que faz o papel do Pinotti na gestão Serra: um complicador nas relações com formadores de opinião.
A ascensão da axé music coincide com o período de domínio do carlismo. Esta associação tem sido usada para que o governo não incentive esses grupos musicais, "com forte conotação comercial" em detrimento das "raízes do povo baiano".
Alguns problemas graves em minha modesta opinião: quem define o que é uma "legítima manifestação popular"? E a associação entre um estilo musical e um governo (no caso o de ACM) não é uma estratégia que o próprio governo atual estaria adotando? Ou seja, ao substituir um por outro, a noção de manipulação não é a mesma? As tais raízes afrodescendentes não habitariam a musicalidade, a ginga e as demonstrações do axé? O axé não é constitutivo da identidade baiana hoje? Enfim, problemas num campo minado, o que não retira da Secretaria de Cultura local o direito de questionar patrocínios para áreas que já estão em alta na "lógica do mercado". Mas é necessário desvincular esta discussão (quem precisa de patrocínio?) da noção de "raiz popular" ou de propaganda de governos.

4 comentários:

Anônimo disse...

Ora, transformem a Axé Music em Patrimônio Cultural Imaterial baiano e pronto! Agora virou moda...

VIOLÊNCIA VERBORRÁGICA ORG. disse...

Vou na onda do Carlinhos e aprovo o Pipocão, o trio do proprio Carlinhos sem cordeiros, sem patrocinio, sem porra nenhuma, somente com axe e o gingado baiano, alem da tipica Pipoca do Carnaval

Luciano

Unknown disse...

É bom lembrar da Lei Rouanet, que no ano passado reservou uma boa quantia de dinheiro para o patrocínio de turnês de artistas que vão muito bem comercialmente, como Caetano Veloso. E para complicar a situação esses shows tiveram ingressos vendidos a preços que contradizem e muito o P da MPB.

Alexandre Figueiredo disse...

Essa associação entre axé-music e carlismo não é intriga dos anti-carlistas, não. O apadrinhamento houve, e é fato concreto. Quem viveu o auge do carlismo e observou a TV Bahia, sabe o quanto os grupos da axé-music abraçaram a causa carlista para crescerem. Chicletão, Asa, Tchan, tudo, tudo. E o arrocha e o pagodão também mamaram nas tetas do carlismo. Também não é coincidência que o crescimento da axé-music no país se deu justamente quando ACM se tornou o homem forte do governo FHC. Com ACM como senador, chefe oculto da mídia e "líder" informal do governo tucano, o Brasil virou uma grande micareta e a axé-music invadiu até terrenos antes hostis como Niterói e Porto Alegre, tudo a custa de muito marketing e de uma geração de mauricinhos e patricinhas que hoje se dizem "superinformados" e "modernos" mas foram educados a base de muito Gugu, Xuxa e Faustão.

Nem quero que a axé-music vire patrimônio, isso será um horror. É como dar a medalha do mérito a Renan Calheiros e Fernando Collor.