sábado, 28 de junho de 2008

Notas espanholas


1- No chamado Caminho Real espanhol, na Comunidade de Castela e Leão, uma série de “pueblos perdidos”, onde a tradição e as pedras que sustentam castelos e igrejas não deixam dúvidas sobre o que foi a Reconquista.
Difícil não andar por ruas seculares, tão estreitas, e não pensar na vastidão que é a América. O choque da amplitude e o “por fazer” que custou tantas vidas.

2- Em meio às “Festas de San Juan” em Sória uma espécie de Carnaval. As quadrilhas, que tem outro sentido por aqui, são uma espécie de confrarias (ou blocos se quisermos o paralelo carnavalesco) que tomam as ruas das cidades pela noite. A comparação com o Carnaval foi sugerida pelos próprios sorianos.

3- Ao demonstrar certo desdém pela festa fui repreendido: para você ver como nós nos divertimos com tão pouco. Transportei-me ao Brasil e pensei mesmo nesta nossa overdose de “vida feliz” que nos massacra com a obrigação de estar quase sempre alegre.

4- La “saca del toro” é uma festa em que os touros são soltos em meio a uma multidão. Pensava na festa de Pamplona, mas por aqui a diversão é correr atrás dos touros que entram por um corredor cercados por cavaleiros. Três horas de expectativa para uma explosão momentânea. No outro dia os touros vivem seu último dia na Plaza de los Toros.

5- Antes das críticas as defesas do espanhol: o touro é o único animal que tem a chance de matar seu algoz. Faltou acrescentar que ele não o ameaça assim. Mas como disse antes, tradições vivíssimas.

6- Todas as noites as festas com bailes públicos. Bebe-se muito e nenhum tumulto.

7- Vindo do sertão e vendo a recorrência de festividades e comportamentos imaginei, em homenagem ao grande Guimarães Rosa, o “sertão é o mundo”.

8- Amanhã tem a final da Eurocopa. Na torcida pelo bom futebol que mostraram contra a Rússia e por uma vitória ibérica. Quero ver a continuidade das festas.

2 comentários:

Anônimo disse...

Estaremos na torcida...

Ainda bem que por aí não tem a lei do Álcool Zero!

Anônimo disse...

"pensei mesmo nesta nossa overdose de “vida feliz” que nos massacra com a obrigação de estar quase sempre alegre"
adorei isso
gosto dos paralelismos