carnaval sm (ital carnevale) 1 Folc Período de três dias de folia que precede a quarta-feira de cinzas, durante o qual, com o afrouxamento das normas morais, se dá o irromper de recalques, por meio de danças, cantos, trejeitos, indumentária diversa da habitual etc. No Brasil aparecem após a guerra do Paraguai, como forma nova do entrudo (Antigo folguedo carnavalesco que consistia em jogar água nas pessoas circundantes). 2 Folguedo, orgia. 3 Mascarada.
O carnaval – baseado em dados do Sebrae/RJ – movimenta mais de 1 bilhão e meio de reais, gera 100 mil postos de trabalho e traz pra cidade, naquela do entra e sai, uns 670 mil turistas. E, durante quase todo o ano, a festa gera 60 mil empregos permanentes e beneficia o comércio, a indústria e o turismo, desde o setor editorial e gráfico até o da música, chegando inclusive à fabricação de instrumentos musicais.
Como turismo e diversão, acho o carnaval fantástico; porém, como saudosista e apreciador do samba que sou, não vejo o carnaval trazer nenhum benefício para a música. Quem se lembra do samba-enredo vencedor do ano passado? Qual foi o último a cair na boca do povo? Que eu me lembre, o da Gaviões em 95, e lá se vão 13 anos. Os sambas são corridos, as melodias são simples e as letras vazias.
Hoje as escolas de samba viraram empresas, muitas vezes financiadas por dinheiro sujo do tráfico e do jogo do bicho; virou vitrine de modelos, artistas e aspirantes a celebridades. As agremiações ficaram presas à programação e às vontades da Rede Globo. As comunidades que outrora eram as estrelas da festa, hoje ficam em segundo plano, servindo de pano de fundo para a política de interesses da direção das escolas.
Os grandes sambistas, que em sua maioria ajudaram a fundar e divulgar as escolas de sua comunidade - Paulinho da Viola na Portela, Beth Carvalho e Cartola na Mangueira, Martinho da Vila na Vila Isabel - com o tempo se afastaram, ressentidos do rumo que as coisas tomaram. Chegou-se ao extremo de a Beth Carvalho ter sido impedida de desfilar no ano passado e de a Velha Guarda da Portela, há coisa de uns 2 ou 3 anos, não ter desfilado porque o carro alegórico quebrou e porque atrapalharia a evolução se desfilasse no chão. Querem desrespeito maior do que esse?
Claro que o Carnaval no Brasil não se resume apenas as escolas de samba do Rio e São Paulo. Há os trios elétricos do Nordeste, os desfiles do Amazonas e outras manifestações regionais. Porém, essas manifestações ainda preservam, de certa forma, a cultura daquele lugar, e a música tocada no carnaval está presente em todos os meses do ano.
O desfile das escolas de samba é, sem dúvida, um espetáculo dos mais belos do mundo, porém manchado pelo jogo de interesse daqueles que o administram.
Pra terminar deixo a letra de um samba que Elton Medeiros compôs em 1968, descontente já naquela época com o rumo que as coisas estavam tomando.
Sem Ilusão (Elton Medeiros - 1968)
No Carnaval / Não vou querer me fantasiar / Não vou querer me vestir de rei / Nem quero mais colorir a dor / E se alguém quiser me aplaudir / Vai ter que ser assim como eu sou / Não vou dizer que não vou nem brincar / Só não quero é enganar o meu coração / No carnaval não vou mais sair sorrindo / Me divertindo só pra desabafar / Três dias pra sorrir e um ano pra chorar / Mas dessa vez a ilusão não vai me pegar / Mas dessa vez a ilusão não vai me pegar
Como turismo e diversão, acho o carnaval fantástico; porém, como saudosista e apreciador do samba que sou, não vejo o carnaval trazer nenhum benefício para a música. Quem se lembra do samba-enredo vencedor do ano passado? Qual foi o último a cair na boca do povo? Que eu me lembre, o da Gaviões em 95, e lá se vão 13 anos. Os sambas são corridos, as melodias são simples e as letras vazias.
Hoje as escolas de samba viraram empresas, muitas vezes financiadas por dinheiro sujo do tráfico e do jogo do bicho; virou vitrine de modelos, artistas e aspirantes a celebridades. As agremiações ficaram presas à programação e às vontades da Rede Globo. As comunidades que outrora eram as estrelas da festa, hoje ficam em segundo plano, servindo de pano de fundo para a política de interesses da direção das escolas.
Os grandes sambistas, que em sua maioria ajudaram a fundar e divulgar as escolas de sua comunidade - Paulinho da Viola na Portela, Beth Carvalho e Cartola na Mangueira, Martinho da Vila na Vila Isabel - com o tempo se afastaram, ressentidos do rumo que as coisas tomaram. Chegou-se ao extremo de a Beth Carvalho ter sido impedida de desfilar no ano passado e de a Velha Guarda da Portela, há coisa de uns 2 ou 3 anos, não ter desfilado porque o carro alegórico quebrou e porque atrapalharia a evolução se desfilasse no chão. Querem desrespeito maior do que esse?
Claro que o Carnaval no Brasil não se resume apenas as escolas de samba do Rio e São Paulo. Há os trios elétricos do Nordeste, os desfiles do Amazonas e outras manifestações regionais. Porém, essas manifestações ainda preservam, de certa forma, a cultura daquele lugar, e a música tocada no carnaval está presente em todos os meses do ano.
O desfile das escolas de samba é, sem dúvida, um espetáculo dos mais belos do mundo, porém manchado pelo jogo de interesse daqueles que o administram.
Pra terminar deixo a letra de um samba que Elton Medeiros compôs em 1968, descontente já naquela época com o rumo que as coisas estavam tomando.
Sem Ilusão (Elton Medeiros - 1968)
No Carnaval / Não vou querer me fantasiar / Não vou querer me vestir de rei / Nem quero mais colorir a dor / E se alguém quiser me aplaudir / Vai ter que ser assim como eu sou / Não vou dizer que não vou nem brincar / Só não quero é enganar o meu coração / No carnaval não vou mais sair sorrindo / Me divertindo só pra desabafar / Três dias pra sorrir e um ano pra chorar / Mas dessa vez a ilusão não vai me pegar / Mas dessa vez a ilusão não vai me pegar
3 comentários:
Concordo plenamente com o Fábio neste belíssimo texto. O jogo de interesses é maior que qualquer bateria, musa ou samba-enredo. Acredito que o principal é a ganância pelo poder, o que faz muitas vezes as coisas perderem o sentido.
Para mim, o próprio carnaval é sem sentido, inclusive culturalmente falando. É apenas uma boa oportunidade para o Brasil emendar do ano novo e atravancar o sempre lento progresso nacional.
Exemplo disso é a União da Ilha ("É hoje o dia, da alegria..." e "Como será amanhã, pergunte a quem puder...") e a Império Serrano ("Vejam essa maravilha de cenário, é um episódio relicário, que o artista num sonho genial escolheu para esse carnaval..." e "Bumbum Paticumbum Prugurundum...") dois sambas dos mais belos e dos mais lembrados, de duas escolas que amargam a segunda divisão do carnaval carioca!
Em compensação, alguém se lembra de algum samba da Beija Flor nesses últimos 6 anos?
A Império da serrinha subiu novamente, mas até quando?
Uma sugestão: Que tal a Grande Rio mudar o nome para Globo Rio?
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