terça-feira, 13 de maio de 2008

Lei Áurea, mas nem tanto!

Áurea, que vem do latim Aurum, é uma expressão de uso simbólico que significa "feito de ouro", "resplandecente", "iluminado". A palavra áurea que tem sido usada para expressar o grau de magnitude das ações humanas é explorada há séculos por faraós, soberanos, reis e imperadores, geralmente está associada a datas astrológicas que são escolhidas para assinatura de leis e tratados.

Após muitos anos de luta abolicionista e criação de leis como a do Ventre livre (1871), Sexagenários(1885) e abolição do tráfico de escravos (1850), foi assinada há exatos 120 anos, pela Princesa Isabel, a Lei Áurea, extinguindo a escravidão no Brasil.

Foi devolvido aos negros e mulatos aquilo que já era deles por direito e que lhes foi tomado à força durante anos de açoite e desrespeito: a liberdade.

A liberdade foi alcançada, mas não lhes foram dadas condições decentes de vida, acesso à escola, moradia, trabalho. O negro foi libertado, mas continuou escravo da exclusão e do preconceito da sociedade branca.

A exclusão social causa revolta, desigualdade, e cria um abismo entre as classes que se reflete no que vemos no Brasil de hoje.

Os imigrantes que vieram substituir a mão-de-obra escrava tiveram terras, salário e, o mais importante, o direito de ir e vir. A liberdade não lhes foi tirada. Hoje grande parte dos imigrantes, descendentes de italianos, japoneses, habita casas próprias, é dona de comércios, tem profissões e não sofre qualquer tipo de exclusão.

Já os negros, na sua grande maioria, habitam favelas, bairros periféricos e por não ter tido acesso adequado à educação, ocupam cargos inferiores, na sua maioria subordinados aos brancos. Outros partiram para o crime, talvez por revolta e por falta de opção. E os que mais conquistaram respeito ao longo desses 120 anos, o fizeram através da arte ou do esporte.

Não estou, aqui, querendo criticar ou tirar o mérito dos trabalhadores imigrantes, longe disso. Eles foram e são importantíssimos na formação e na construção do nosso país. Mas critico sim, a exclusão que foi imposta aos negros após a abolição. Se na época lhes fossem dadas melhores condições, talvez o abismo social que vivemos hoje fosse infinitamente menor.

O 13 de maio não é uma data para se comemorar. A sociedade tem que refletir e os negros não têm que se esconder atrás da questão do preconceito para alcançarem igualdade de condições.

Não é a cor da pele que define condição ou caráter de ninguém. O Brasil é um país miscigenado, mas, mesmo assim, o preconceito bate à porta todos os dias.

Talvez a lei áurea devesse ter outro nome, porque de “magnitude”, “ouro”, “resplandescente”, “iluminada”, (como descritos em seu significado no início desse texto), não teve muita coisa. A lei serviu para abolir uma escravatura já falida e criar um enorme problema social que perdura até hoje.

A nossa música explora desde sempre a questão racial. E para representar a data, deixo uma letra do Paulinho da Viola, do ano de 1979, chamada Zumbido, que representa a luta do negro por igualdade.

Zumbido, com suas negrices / Vem há tempo provocando discussão / Tirou um samba e cantou lá na casa da Dirce, outro dia / Deixando muita gente de queixo no chão / E logo correu que ele havia enlouquecido / Falando de coisas que o mundo sabia / mas ninguém queria meter a colher / O samba falava que nego tem é que brigar / Do jeito que der pra se libertar / E ter o direito de ser o que é / Moleque vivido e sofrido / Não tem mais ilusão / Anda muito visado por não aceitar essa situação / Guarda com todo cuidado / E pode mostrar a vocês / As marcas deixadas no peito / Que o tempo não quis remover / Zumbido é negro de fato / Abriu seu espaço / Não foi desacato a troco de nada / Só disse a verdade sem nada temer

5 comentários:

Anônimo disse...

preto se não caga na entrada, caga na saida

Fernanda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fernanda disse...

Nada a declarar sobre o comentário anterior...
A Lei Áurea foi o início de algo que seria bom para os negros, porém esse preconceito se tornou algo "costumeiro". E quando digo isso não dou nenhuma justificativa, só faço menção ao fato do preconceito que gerou ser algo que vem sendo, absurdamente, passado em gerações, desde a época da escravidão.

Toda essa história gera discussão, e uma longa discussão.

E tudo isso só leva a resultados absurdos por termos um povo ignorante e dissimulado.

Anônimo disse...

Só para lembrar ao "sociedade bca" (poderia ser "sociedade babaca", o que daria no mesmo) que racismo é crime e que, apesar do blog ser bastante democrático e não moderado, aqui não é o lugar para gente racista! Ok!? Vaza!

Anônimo disse...

Corroboro com as palavras do Anderson, acho quem quem cagou na entrada e na saída foi o autor do comentário.