quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Bossa Nova... coisa de mauricinho!

Raimundo Fagner conversou com o jornalista Felipe Branco Cruz e soltou o verbo. Sobrou para, desde o ex-ministro da cultura Gilberto Gil, até João Gilberto. Abaixo, alguns trechos interessantes da entrevista publicada no Palavra Cruzada (Variedades, pág. 6D), da edição de segunda-feira (04/08) do Jornal da Tarde.

Quando diz que falta qualidade na música, a que se refere?
A música ficou mais dançante, feita para que dêem pouca atenção ao que se diz. Está cheia de chavão. Não requer qualidade, ficou simplória.

Os artistas se omitem ao não contestarem a política do governo?
Estão acomodados. Falta um pouco de indignação, estão todos sem ideologia, a juventude está correndo atrás de trio elétrico. Antes, corria atrás do impeachment do Collor. É um momento político frágil, sem lideranças. Na música, todos estão comportados atrás de financiamento de leis e ficaram com medo de fazer críticas ao ex-ministro Gilberto Gil.

Você chamou Gilberto Gil de Pôncio Pilatos. Por quê?
Ele é um músico, um artista de importância grande. Na época de sua gestão, houve coisas para serem questionadas, como a queda do mercado de musica no País. Houve projetos para redução de impostos nos quis ele não se envolveu. O Gil não se meteu. Ele, como artista e ministro, tinha de se envolver nisso. Foi omisso e, ao mesmo tempo, fez agenda de artista (enquanto era ministro). Precisamos de um ministro que lute, porque esta é uma luta inglória.

No futebol, você atua como centroavante. Escalaria Chico Buarque para o seu time?
O Chico é muito meu amigo, mas prefiro jogar contra ele. Ele tem uma maneira de administrar o time diferente. Temos leituras diferentes. Isso quer dizer o quê? Sou um jogador indisciplinado. Meu time é mais emotivo. Ele é tático, mais cabeça.

O governador do Ceará Cid Gomes tem cacife para trazer a Copa?
Ele é um governador novo, mas tem de rebolar também. O Cid faz coisas legais, apesar do episódio da sogra. O (seu irmão) Ciro Gomes sempre aparece como presidenciável e, aí, os paulistas aproveitam para bater nele por causa disso. Lamentável esse episódio da sogra. Ele foi ingênuo e poderia ter se tocado de que o Ciro é um alvo fácil.

Enjoou da Bossa Nova?
Foi uma elite que a fez. Não é música autêntica brasileira, nunca vendou no País. Falemos de música brasileira.

Músicas de Jobim e Vinicius não são brasileiras?
Vinicius foi o primeiro e único e Tom é gênio, mas não eram Bossa Nova, eles criaram canções. Aquele foi o melhor momento da música brasileira, mas o que eles fizeram não foram canções brasileiras. Eles são gênios. O movimento inteiro dizia ser Bossa Nova, com aquela batidinha.

E o João Gilberto?
Endeusam demais. Fez aquilo e ficou naquilo. Parou de criar, é o eleito da nata. Não se compara a Tom e Vinicius, que tiveram uma obra vasta. São melhor que o João, produziram mais. É meu gosto e não se discute. Bossa Nova é música de mauricinho.

Em algum momento você foi prejudicado por essas pessoas (que trabalham na Globo)?
Não sirvo a determinados interesses. Questiono, sou chato e cobro quando caricaturam o Nordeste, como nesse especial do Luiz Gonzaga (Som Brasil). Fizeram o velho se remexer no túmulo. É preconceito contra o Nordeste. A festa do Prêmio TIM para o Dominguinhos foi ridícula. Botaram pessoas cantado sem o menor compromisso. Não fui, recusei. Foram convidadas pessoas que estão em qualquer lugar e que não participaram da vida dele. Desafinaram e erraram as letras, são artista que têm por trás diretores da Globo faturando em cima. Não querem perder essa mamata. A festa do Dominguinhos foi uma festa de penetra.

Você se considera polêmico?
Sou chato.

- Dá neles Fagnão!!!!!

Um comentário:

Anônimo disse...

É isso aí, muito bom.

Talvez seja por essa atitude que ele não apareça mais nos programas Globais e suas músicas não toquem mais nas novelas.

Na mídia tudo é fruto de interesse, pra ter música boa tem que procurar!!

Ele só não pode colocar todos do movimento da Bossa Nova no mesmo saco. Foi música feita pela elite, consumida pela elite, mas muito importante para a evolução e divulgação da música do nosso país.