sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Desculpa, não!!! Obrigado!

Após a sua inexplicável queda, Diego Hypólito pediu desculpas ao “povo brasileiro”! Um judoca fizera o mesmo alguns dias antes. Outros atletas foram na mesma onda.

Não sabia bem por que, mas esse pedido de desculpas havia me incomodado!

Pensei!

Matutei!

Pensei mais um pouquinho e nada!

Agora há pouco, após a vitória de Ricardo e Emanuel na disputa pelo bronze no vôlei de praia, eu compreendi por que o pedido de desculpas não caíra bem!

E só compreendi quando ouvi a entrevista do Emanuel ao final do jogo. Ele falava sobre a partida e tal, e dizia o quanto era importante aquela medalha. Ao arrematar, já com os olhos marejados, ele disse: obrigado a todos que torceram por nós!

É isso!! Saquei (se me permitem o trocadilho)!

Vocês, atletas brasileiros em Pequim, não nos devem (nós, o “povo brasileiro”) nenhuma desculpa. Afinal de contas, são vocês que acordam cedinho, treinam, almoçam, treinam, dormem, treinam, acordam, treinam, se machucam, treinam, remam contra a maré, treinam, vão para os EUA, para a Europa, treinam etc.

É um esforço puramente individual – no sentido de que cada um, mesmo no esporte coletivo, se dedica de corpo e alma à sua atividade, à sua função em quadra, em campo, na pista, na piscina. São vocês que abdicam de outras delícias da vida para buscar a perfeição de um mortal duplo, ou do nado peito com o deslize ideal, ou dos sonhados cinco metros no salto com vara!

Eu, não! Vocês não me devem nada! Eu vivo por aí, sedentário, bebendo meus chopes, dormindo tarde ou nem dormindo! Vivo a maior parte do tempo sentado diante de um computador ou de um livro. Eu nem pago o salário de vocês e, ao que me lembro, não recebi pessoalmente nenhuma promessa de medalhas e nem prometi louros aos medalhistas!

Quando fiquei até mais tarde, ou acordei mais cedo, para ver alguma competição, foi porque eu quis! Ninguém me obrigou e nem fez um contrato moral comigo que justificasse a culpa. Se vocês não corresponderam – ou acharam que não corresponderam – com uma medalha, paciência, pra vocês, é claro! O esforço foi todo seu! Quem sabe na próxima!

Nós, reles trabalhadores, vamos tocar nossa vida (com os chopes, evidente) e, no mais tardar daqui a dois meses, nem lembraremos mais quem perdeu o quê e por quê!

A desculpa não cabe! Vocês não me ofenderam, não ficaram me devendo nada, não erraram comigo! Deveram, no máximo, a vocês mesmos, aos seus técnicos, patrocinadores etc. O tribunal da consciência de vocês não deve se tornar um “tribunal público”: não nos cabe esse julgamento, pois não temos condições de fazê-lo, e nem devemos.

Fiquei muito mais contente com o “obrigado” do Emanuel, que, de tão bem encaixado, me emocionou! Sim, no lugar da culpa, senhores atletas, talvez a gratidão pela torcida, mas gratidão sincera (o que sequer passa pelas cabeças dos nossos jogadores de futebol: nem culpa, nem gratidão pela torcida), daquelas que a gente vê brilhar nos olhos do sujeito! Já estaria de bom tamanho.

9 comentários:

Unknown disse...

Bixo, tu tá rabujento, hein, Andinho? hahaha

A partir do momento que eles se propõem a representar o NOSSO país, tem mais é que se desculpar mesmo. Tá ME representando lá.

Quer saber? Desculpa "un carajo"!!

Abraços!
Bruno Silva
http://ladobdocassete.blogspot.com

Anônimo disse...

A mim não estão representando, eu não os elegi para nada! Assim como não me representam as sambistas que vão rebolar na Noruega com uma bandeira do Brasil e que apenas reforçam estereótipos.
Você falou bem, Bruno: eles se propuseram! Não fomos nós, o "povo brasileiro", que os escolhemos. Aliás, muitas vezes há atletas que chegam à Olimpíada com as costas bem quentes! Abraços e valeu!

Fernanda disse...

Eu quero medalha!rs
Quero meu país bem representado!
Não houve eleição para os atletas, porém, os que se destacam são os que estão lá!

Anderson, seja um pco mais patriota!rs

Anônimo disse...

Fernanda: eu disse que não queria medalhas? Adoraria ver o Brasil no primeiro lugar, com 100 ouros! Aí eu ia gritar: chupa, China! Chupa, EUA!
Ainda assim, isso não obrigaria um atleta que caísse na apresentação de solo da ginástica a pedir desculpas! Eu sou um torcedor fanático, mas não tenho, como 99,99% do dito "povo", condições de julgar e condenar/absolver um atleta que cai ou que fracassa.
Esse é o argumento: os atletas não nos devem desculpas; eles podem nos agradecer, se quiserem!
Não tem nada a ver com patriotismo!

Anônimo disse...

Complementando: o agradecimento soa muito, mas muito mais autêntico e verdadeiro do que o pedido de desculpas!

Fernanda disse...

Não acho que o agradecimento soe mais autêntico que o pedido de desculpas.
O que comove mais no agradecimento é a emoção do atleta, ele está feliz, lembrando tudo o que passou pra chegar até ali.
Enquanto aquele que pede desculpas, está triste, sentindo-se mal com ele mesmo, com seus técnicos e ainda tem um país inteiro "sobre os ombros", onde muitos (no caso de Diego Hipólito) o chamam de "amarelão".

Unknown disse...

Aff.. discussão besta.

Anônimo disse...

Bruno, o objetivo do Blog é discutir, debater sobre temas... os mais gerais possíveis. Pode ser besta pra você, mas pode ser que tenha alguém interessado em discutir o tema!
Brassss...

Raquel Sallum disse...

Também concordo que os atletas não devem pedir desculpas,pois com certeza eles não nos deve nada, afinal, como é sabido a nação se representa por um coletivo em que ambos não fazem parte de um mesmo mundo e sim cada ser tem sua particularidade da qual imaginamos sermos apenas um, logo quando o atleta vai representar o nosso país ele está mais do que nunca se representando, então eles são responsáveis pelos seus atos assim como nós somos responsáveis pelo nosso. ( Mas é claro que existe um sentimente de culpa e achismo que eles não conseguem destrinchar do seu eu, e de fato, eles se diz representantes de uma naçõa e muitas vezes não se dá conta que são a eles mesmos o motivo de estar lá.)