sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Como se perde (ou se ganha) uma eleição em SP

Antes que o eleitorado vá às urnas no próximo domingo, o resultado eleitoral de SP é um dos mais previsíveis. Nunca houve virada em 2o. turno na capital paulista: Kassab vencerá.

Além das obviedades e equívocos de campanha petista convém observar algumas coisas:

1- O eleitorado paulista é conservador. Herdeiro de tradições como Jânio, Maluf e Quércia, para ficarmos nos nomes proeminentes mais recentes. A própria Marta Suplicy, quando prefeita, adotou medidas que visavam agradar esta fatia majoritária do eleitorado: era quase um Jânio de saias;

2- A ascensão do PSDB, que tinha um perfil de centro-esquerda, serve atualmente apenas para oferecer um verniz supostamente mais moderno a esta face conservadora do eleitorado. Assim, os paulistas (e não apenas os paulistanos), que desde 1982 votam para governador na mesma lógica política (PMDB e seu sucessor, PSDB), sentem-se tranquilos para dizer que aqui não há coronéis como acusam existir no Nordeste;

3- Os únicos desvios da rota conservadora foram Erundina e Marta. Erundina venceu em meio aos percalços do governo Sarney. Marta chegou ao poder por ser a antítese do caos que foi a gestão Pitta, não por seus projetos e idéias;

4- Junte-se a isso a cobertura da mídia: não há cobertura decente sobre o governo do Estado ou Prefeitura, seus contratos, péssimos indicadores de educação, saúde e violência. Assim, ignorando-se problemas e com o beneplácito midiático, não se rompe o ciclo político. Se compararmos com as coberturas federais, o jornalismo não é crítico na mesma proporção.
E justiça seja feita: tanto nos anos FHC como no período Lula as coisas foram assim. A impressão que se tem é que a cobertura local é feita por gente de 2a ou 3a linha: aqui não há crise, nem problemas. Até a formação da base parlamentar da Câmara Municipal e da Assembléia, com métodos de fazer corar o mais audaz mensaleiro, é ignorada.

Desta forma faz-se um vencedor! Baseando-se na cultura política da inércia e na ausência de críticas.

Em meio a tudo isso é a cidade dinâmica, de muitos cérebros interessantes, de projetos megalomaníacos e de perversidades para a maioria da sua população.

Mas 2009 chegará e não haverá aumento de ônibus.

Salve SP!

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