Refiro-me ao Eduardo, não à Marta.
Política é um negócio brabo, às vezes de doer! Quanto mais a idealizamos, mais ela dói. Ouvi, ontem, que cada vez menos os jovens estão interessados em ingressar na vida política, fazer carreira, ser vereador, governador, presidente da República, salvar o país, o mundo etc. A vereadora mais jovem de São Paulo tem 28 anos e, convenhamos, já não é mais tão mocinha assim.
Talvez o desinteresse dos jovens pela carreira política possa ser explicado – para além daquela bobagem propalada pela “geração-68” de que todo mundo hoje é alienado, burgueses na essência, porque come no McDonald’s, se esbalda com coca-cola ou joga playstation – pela falta de renovação dos quadros partidários e, também, pela falta de perspectivas idealistas e ideológicas.
Sim, ideológicas também. É impossível mapear o espectro político e distinguir matizes suficientes que dêem conta dos 24 partidos políticos que têm representação na Câmara de Vereadores carioca. Encontraríamos, neste caso, 24 propostas políticas diferentes para o RJ?
E é possível citar mais alguns exemplos de cabeça: o PMDB não tem cara alguma, ou melhor, tem todas as caras que quiser, a depender da freguesia. O PSDB é tido, por comentaristas políticos, como um partido de... direita, quando seu plano de governo quase não difere daquele do PT, tido como “a” esquerda. E por aí vai.
Por outro lado, voltando ao sentido idealista, está difícil encontrar – acredito que isso seja mais caro à geração “anos 90” – o sentido da política. Hannah Arendt morreu afirmando que o sentido da política era a liberdade. Estou com ela!
Mas alguém, um tantinho mais atrevido, poderia perguntar: de que liberdade se está falando? Que liberdade nós vemos em “homens de partido”, como se declarou o bravo “Geraldo Alckmin”?
Que liberdade se vê em homens como Marco Aurélio Garcia, professor de história que se recusa a pensar historicamente para ser um “homem de partido”?
Pensando sobre isso, lembrei de Suplicy. Aliás, o contrário: ouvindo o Suplicy, pensei sobre isso. O senador “ousa”, com alguma freqüência, pensar com a sua cabeça e expor as suas opiniões. Ele é um homem de partido, mas não uma cabeça de gado perdida na manada.
Ontem, por exemplo, ao ser questionado sobre a entrevista em que Marco Aurélio Garcia comparava o Gabeira ao Carlos Lacerda (“o Gabeira é o novo Lacerda”, ou algo assim), Suplicy respondeu: não concordo!, e justificou. Simples assim, não!? Ah, se fosse o contrário, Garcia seria capaz de chamar Jesus de Genésio para justificar uma fala de alguém do “Partido”.
E não é de hoje que Suplicy demonstra certa “ousadia” de dizer, com polidez - e um pouco de gagueira, é verdade -, o que pensa. Quem não se lembra do seu apoio aos famosos “dissidentes do PT”, em 2003, que acabaram fundando o PSOL?
Dizem que o pessoal dorme em suas palestras, que suas aulas são mesmo modorrentas e sua fala truncada. No entano, parece que seu pensamento é próprio e organizado. Antes assim!
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Suplicy: fala truncada, pensamento organizado
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Um comentário:
O Suplicy é raro, talvez seja o último romântico da política.
Quem dera tivéssemos mais pensamentos organizados, mesmo que com fala truncada... o problema é que estamos cheios de pensamentos truncados, pra ser bonzinho...
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