terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Produtividade/Mediocridade

Fragmentos de Luis Felipe Pondé na Folha de ontem.

- "Por volta do século 13, os monastérios perderam o lugar de bastiões do conhecimento para as então recém-fundadas universidades. Temo que, assim como os monastérios medievais viraram poços de vícios e bandidagem, nossas universidades também sucumbam ao peso da mediocridade e do mau-caratismo."
- "veja como agem muitos dos éticos de plantão da minha tribo, os mesmos que choram pela universidade em Gaza. Eles não se deteriam diante do aniquilamento de colegas unicamente porque discordam deles. Usariam o poder institucional para negar verbas de pesquisa a seus "inimigos", motivados por conflitos de interesses bem mais mesquinhos do que o conflito de Gaza."
- "O discurso "do coletivo" na universidade quase sempre serve mais à ditadura da igualdade miserável do que à liberdade da diferença que faz diferença: a competência. Lobbies políticos destroem carreiras promissoras sorrindo pelos corredores."
- "O discurso da produtividade, sua quantificação e burocracia matam o cotidiano acadêmico. Reuniões intermináveis são gastas garantindo que não teremos tempo para nada de relevante. A solução é "produzir mais produtividade". Assim, os burocratas da produtividade prestam serviço à mais vil preguiça intelectual."
- "Milhares de artigos que não serão lidos são publicados em centenas de revistas que não serão tampouco lidas. Um mar de "objetividade irrelevante". Mas isso tudo ocupa tempo, gera pontuações e dá emprego ao banal. O que ganhamos com isso? A garantia de que a maior parte de nós estará ocupada com a burocracia da produtividade."
- "Mas por que aceitamos esse desfile de mediocridade organizada? Simples, cara leitora: porque a mediocridade, como uma boa mãe, cuida do futuro dos seus filhos."

2 comentários:

Anônimo disse...

É desolador o painel traçado...

Anônimo disse...

A incoerência e o absurdo da Academia são claros - infelizmente a produção de conhecimento de que tanto se orgulha se transforma em adestramento de raciocínio, pobreza de criatividade e plágio de idéias, sem falar o ostracismo e a rejeição ao novo. Acompanhei situações de amigos que quase desistiram da carreira acadêmica por causa das bobagens proferidas por catedráticos e da empáfia de egos que cobram uma lógica que eles mesmos não têm.