Vai abaixo um daqueles textos imperdíveis! Saborosos!
Um relato sobre domingo passado, em São Paulo, com os amigos e com o Radiohead! Até parece ter sido escrito ali, no meio da lama, com um laptop virtual - talvez uma invencionice do Kraftwerk! – enquanto as coisas aconteciam.
Bom proveito!
Um domingo com os amigos!
Por Natália F. Monteiro
Há pouco mais de três meses, em um clássico domingo de futebol, churrasco (no meu caso, pão com vinagrete) e cerveja (para eles), eis que surge a pergunta:
- E aí Naty, vai ao show do Radiohead?
Respondi com todo o carinho que achava que não, já que as circunstâncias financeiras estavam difíceis. Mesmo assim a tentação pairava sob minha cabeça. No fim de semana seguinte, reencontrei um amigo e ele me fez a mesma pergunta, acrescentando uma informação: o Kraftwerk vai abrir.
Um relato sobre domingo passado, em São Paulo, com os amigos e com o Radiohead! Até parece ter sido escrito ali, no meio da lama, com um laptop virtual - talvez uma invencionice do Kraftwerk! – enquanto as coisas aconteciam.
Bom proveito!
Um domingo com os amigos!
Por Natália F. Monteiro
Há pouco mais de três meses, em um clássico domingo de futebol, churrasco (no meu caso, pão com vinagrete) e cerveja (para eles), eis que surge a pergunta:
- E aí Naty, vai ao show do Radiohead?
Respondi com todo o carinho que achava que não, já que as circunstâncias financeiras estavam difíceis. Mesmo assim a tentação pairava sob minha cabeça. No fim de semana seguinte, reencontrei um amigo e ele me fez a mesma pergunta, acrescentando uma informação: o Kraftwerk vai abrir.
Pensei com meus botões, "por que não?". Na segunda-feira já intimei meu colega de trabalho a comprar meu ingresso. Limite bancário serve para isso, oras.
Algum tempo se passou e a ficha caiu há menos de uma semana do espetáculo: pô, vou ver mesmo o Thom Yorke. A excitação realmente se tornou estrondosa à medida que o domingo, 22, se aproximava.
No dia da apresentação, lá vou eu me encontrar com os velhos e bons amigos boleiros que primeiro me questionaram sobre o show, Edu Zanardi e Anderson, vulgos Gordo e CD.
Então, ouvindo o clássico Corinthians x Santos (não por minha vontade) partimos rumo à Chácara do Jóquei.
Um pouco de trânsito, dois bulldogs lindos na Rebouças, mais um pouco de trânsito e estacionamos. E estacionamos bem longe. Barbieri que lembra Barbiroto e uma padaria que lembra café (ah, o café do Gordo).
Anda, anda anda...
Carrefour.
Anda mais um pouco.
"Capa de chuva cinco reais!"
Não, muito obrigada. Mas se tiver um par de pernas a gente compra!
Anda, anda, anda...
Habbib's.
Anda, anda, anda...
"Olha o Makro, CD! Chegamos na Zona Norte!"
Anda, anda, anda...
Depois de umas 30 placas, finalmente, Chácara do Jóquei. Ufa!
"Será que vai ter corrida de cavalo hoje?
"Olha um monte correndo aí pra ver Los Hermanos!"
Pois é, chegamos e o show dos cariocas barbudinhos já havia começado. Pessoalmente, não consigo escutá-los por muito tempo, ainda mais quando o Camelo canta. Sempre tive problemas com seu "carioquês" exacerbado e incisivo.
Parece que dói o ouvido sabe?
Enfim, devo admitir: a banda tem uma qualidade imensa. Entretanto, a sintonia entre seus principais integrantes (Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante) deixa a desejar. Fica um clima de competição e de egoísmo no ar (ou só eu que acho isso?). É muito intelectualismo para uma banda só.
O conjunto tocou grandes sucessos, exceto do primeiro álbum (curiosamente é o único que gosto), os quais embalaram os corações dos jovens alternativos apaixonados nos últimos anos. Frases bonitinhas como "eu sei é um doce te amar, o amargo é querer-te pra mim", "numa moldura clara e simples sou aquilo que se vê" e "eu a encontrei quando não quis mais procurar o meu amor" se alastraram por todo o lugar, deixando o clima de romantismo no ar.
Digo mais. Acredito que os hermanos voltarão daqui um tempo, assim que enjoarem do disco solo do Camelo, e quando os outros membros do Litlle Joy cansarem das frescurinhas do Amarante.
Mas vocês querem saber de uma coisa? O show valeu por ver a empolgação e a felicidade do CD.
Lá se foi a primeira banda, muita gente foi embora (gente besta!) e eu ansiosa para ver o Kraftwerk.
Só os meninos que acham que os "vovôs" do eletrônico são chatos. Tudo bem, estátuas se movimentam mais do que eles! Mas, caramba: são um quarteto alemão de respeito, que inovaram a música desde a década de 70, e merecem alguma atenção.
Admito, claro, que as primeiras músicas do set list eram mais como soníferos, mas as imagens estampadas nos telões e as cores das luzes ajudaram a temperar o espetáculo que parecia insosso.
O ápice, sim, foi a entrada dos robozinhos para "We Are The Robots". E não é que os bichinhos trabalharam bem? Até transpiraram mais do que os próprios integrantes da banda. Palmas para os robozinhos e um viva à tecnologia.
Mas os meninos que não reclamem! Eles até ficaram com alguns refrões na cabeça e apoiaram a minha dancinha estranha (ok, me recusei a dançar pancadão, não tinha bebido).
Acho bom, Anderson e Edu, vocês confessarem que o "boom boom tschak, boom boom tschak (peng!)" é contagiante. E o que posso fazer se não sou chegada a jogar videogame, mas adoro as musiquinhas?
Então, a tortura musical acaba para o Gordo e começa o empurra-empurra, gente passando de todos os lados e mi mi mi. Mas tudo será recompensado daqui uns 10 minutos. E olha, uma bela recompensa!
Às vezes penso que não merecia ver tanto. O Gordo usou o termo "massa sonora" para descrever o show. Eu digo mais: foi uma "massa de emoções".
Incrível como a sincronia do Radiohead no palco emocionou a todos. Emocionou a mim. O jogo de luzes nos maravilhava a cada música, a cada bater de palmas da platéia.
A turnê do disco "In Raibows" fez jus ao nome. Mostrou não só as cores do arco-íris, mas as cores da alma, dos sentimentos, e de toda a história de uma banda de moleques ingleses com a cabeça pensante de Thom Yorke como líder.
"Xiii, Naty, acho que essa era a última", disse o CD. "Não, eles não tocaram Creep, não pode ser".
Pois eles fizeram como no Rio. Encerraram com Creep. Encerraram com o primeiro hit de suas carreiras um dos melhores shows que presenciei na vida. A música clichê, mas uma das mais belas. Música que consegue descrever os anseios de toda a vida de alguém. É dessa massa que falamos. Nessa massa que vivemos.
Pois eles fizeram como no Rio. Encerraram com Creep. Encerraram com o primeiro hit de suas carreiras um dos melhores shows que presenciei na vida. A música clichê, mas uma das mais belas. Música que consegue descrever os anseios de toda a vida de alguém. É dessa massa que falamos. Nessa massa que vivemos.
Ao término do show, parece que tudo ficou mais bonito. Depois de tantas cores, tanta versatilidade, tanto empurra-empurra, tanta implicância do CD e do Gordo comigo, a gente vai andar tudo de novo cantando e cantando e cantando.
Somos "weirdos", com orgulho. E agradecemos a cada gordinho metido a valente que tirava sarro e roubava o lanche do Thom Yorke.
E o melhor ainda está por vir. O repelente do Gordo funcionou, então as pernas dele não vão parecer que têm trombose. E sempre que eu olhar alguém assoando o nariz, me lembrarei do CD.
6 comentários:
Inventei outra descrição para o show: Foi sem dúvida uma experiência sonoro-visual inesquecível!!!
Belo texto, bela descrição... só não precisava poluir o blog com a foto do Dentinho!
O Fábio disse tudo
Ah sim, obrigada meninos pela oportunidade de escrever algumas baboseiras... gostei!
E esqueci tanta coisa!
Esqueci de frisar que o cabelo do irmão do thom não saiu do lugar desde Creep.
Duas informações: 1) nem o cabelo e nem o irmão... o brother do Jonny Greenwood (o dono do cabelinho creep) não é o Thom, é o Colin, o baixista fanfarrão! 2) Vi a entrevista do Thom Yorke no Multishow e ele comentou que na música The National Anthem eles sempre sintonizam (aleatóriamente) uma rádio local no meio da canção, daí a Band News...
Naty sem comentários sobre sua capacidade em transpor em palavras as situações... que bom que o show foi inesquecível... abraço a todos
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