A presidente Cristina Kirchner e o vice, Julio Cobos, durante a campanha eleitoral de 2007. No momento, relação desgastada.
A crise econômica pode corroer os papéis das lideranças de esquerda do continente. Não deixa de ser um paradoxo que os políticos mais críticos do atual sistema econômico possam ser desalojados do poder em meio à crise do próprio capitalismo. Esta semana farei breves comentários sobre a situação político-eleitoral de “nuestros hermanos”.
Na Argentina, Cristina Kirchner antecipou de outubro para junho as eleições legislativas para que os efeitos da crise não provoquem uma derrota estrondosa do peronismo. O procedimento de antecipação eleitoral não é próprio do presidencialismo, mas em tempos de crise, vale tudo.
Os peronistas, desgastados desde o ano passado, apostam a própria governabilidade de Cristina. Uma fórmula proposta por Daniel Scioli, governador da Província de Buenos Aires é lançar-se candidato a deputado, eleger um grande número de deputados na lista peronista e não assumir o cargo no legislativo. A proposta inclui a candidatura de prefeitos peronistas. Outros governadores do partido viram a proposta com grande desconfiança e um risco político altíssimo.
Uma manobra típica dos peronistas e da ausência de regras claras e perenes no processo eleitoral argentino.
No esforço peronista está a candidatura do ex-presidente Kirchner encabeçando a lista dos justicialistas. Gastar uma munição que poderia ser o nome das próximas presidenciais é prova dos desafios enfrentados pelo peronismo.
Os dissidentes peronistas estão negociando o lançamento de nomes em listas da própria oposição, associando-se, por exemplo, ao prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, ex-presidente do Boca Juniors e homem ligado ao menemismo.
A oposição busca se fortalecer com nomes que integraram a sustentação ao casal Kirchner. O vice-presidente Julio Cobos, que havia sido “expulso eternamente” da Unión Cívica Radical (UCR), quando apoiou os Kirchner e teve sua vaga na chapa presidencial, acaba de ser perdoado pela UCR. É o início de uma aproximação para o futuro e um desejo do ex-presidente Alfonsin, morto há poucos dias.
O político mais popular da Argentina na atualidade, que derrotou com o voto de minerva no Senado a elevação de tributos na crise do campo de 2008, prepara seu regresso ao seu antigo partido e pode ser o principal nome das oposições contra os peronistas nas presidenciais de 2011.
A política na Argentina está em ebulição e os riscos de nova crise - econômica e institucional - são grandes.
Um comentário:
Comentário Amanco: Que ótimo!!
Pentacampeãããão!!!! hahahaha
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