terça-feira, 2 de março de 2010

Onde ela está, Lulu?

(...)
Eu vejo um novo começo de era
De gente fina, elegante e sincera
Com habilidade pra dizer mais sim do que não
(...)


Toda vez que ouço Tempos Modernos, de Lulu Santos, fico meio intrigado. Apesar de compartilhar da esperança e desejo presentes na letra, pergunto mentalmente, com certa insatisfação, ao compositor: onde está, Lulu, essa gente fina, elegante e sincera a quem você se refere na música?

De uma coisa estou certo: essas pessoas estão diminuindo drasticamente em dois “lugares” (para me limitar às experiências do último final de semana): no trânsito e no cinema!

Você já reparou, querido(a) colega de CGC, que é mais fácil trocar de faixa durante um congestionamento sem “dar seta”? É preferível aguardar a brecha, calcular, esperar os motoqueiros insanos passarem e, vupt, pular de uma faixa para a outra.

Experimente sinalizar antes, como seria mais prudente. O carro na faixa ao lado, que guardava uma distância de 4 metros em relação ao outro veículo, acelera numa pressa repentina e se mantém a 10 centímetros do motorista da frente. Tudo para você não “cortá-lo”, como se isso o desrespeitasse ou o desonrasse.

Se se consegue a manobra, corre-se o risco de levar uma buzinada ou mesmo um xingamento. Pronto, lá vão ofensas a sua mãe.

E no cinema? Ah... as salas de cinema!

Já troquei de sala, shopping, bairro, cidade e até me aventurei na gringa. Mas não adiantou, pois há coisas que são universais.

Por que é que as pessoas acham que quando sobe o volume da trilha sonora durante o filme inicia-se a hora de conversar. Ou então o inverso, que é igualmente irritante: por que cochichar durante aquelas cenas longas, sem diálogos, de espreita, em que só há o barulho do atrito do sapato com o piso? Não dá para prestar a atenção por 1 minuto numa cena em que não há diálogos ou estopins?

Claro, sem falar dos pés na poltrona da frente (e na cabeça de quem estiver lá), dos celulares ligados, dos copos e sacos de pipoca que ficam jogados no chão, nas escadas e nos assentos e do “senta-e-levanta” sem fim.

Não estou bem certo, mas receio que tal gente, com dois reais ou com dois milhões na poupança, não seja tão “fina e elegante”. Suspeito, inclusive, que ela não esteja muito disposta e pronta para “dizer mais sim do que não”.

Ou tenho azar e ela me persegue, ou essa gente “metade-homem-metade-brucutu” se prolifera em vez de diminuir, contrariando a previsão e expectativa do Lulu Santos.

10 comentários:

fábio disse...

Meu caro Anderson, recomendo o circuito da Paulista para suas idas ao cinema!

Quanto ao trânsito e a educação dos indivíduos, fica dificil...

O negócio é continuar tendo as atitudes de gente fina, elegante e sincera para que ao menos possamos tentar influenciar outras pessoas de maneira positiva e façamos do nosso círculo de convivio um ambiente melhor!

anderson disse...

Fábio: no circuito Paulista o sofrimento é menor, mas também existe mais do que o esperado. Claro, se for num filme iraniano com 7 espectadores, aí será perfeito. Agora, num filme de circuito, HSBC, Frei Caneca, Bristol, Unibanco também têm os seus, digamos, desorientados! No filme "Cartola", no Unibanco, um cidadão batucou durante todo o tempo da projeção, mesmo ouvindo vários pedidos de "psiu".

Edu Zanardi disse...

Ah meu caro amigo, isso porque vc nunca dirigiu em Curitiba e Goiânia... parece que a alavanca da seta serve apenas para, sei lá, coçar a bunda! E quando você liga a dita cuja eles acham que é enfeite de Natal!! No Rio também é assim, ou não? Concordo com o R. Boechat quando ele fala que mediante o gigantismo do trânsito paulistano, o motorista da capital é educado até demais.

E o senhor também não é exemplo, já que gosta de andar colado na traseira dos outros, já leu por aí um aviso que diz “mantenha distância”?!?

anderson disse...

Caro Edu: a questão não é ser ou não um bom motorista e conhecer as regras de trânsito (como "dar seta" ou "manter distância" ou "não usar a faixa para fazer zique-e-zague", como no RJ). O ponto é a gentileza no trânsito, ou a falta dela. Posso andar a 3 centímetros do motorista da frente, o que é imprudente, mas se alguém na faixa ao lado quiser entrar na minha frente, com a seta ligada, darei espaço.

anderson disse...

Complementando: o post trata mais da nossa relação com os outros, em respeito/consideração aos outros, e não apenas em relação às regras/leis.

Will disse...

Anderson, eu já estou mais indignado que você. Não somente nos cinemas (odeio o som e cheiro de saco de pipoca, principalmente aos 40 do segundo tempo de filme), trânsito, metrô, estádio, na porta de casa, em todo lugar não se tem respeito ao próximo. Acho que eu estou chato demais..rs!!

Zé disse...

O que será de vocês quando chegarem aos 80? Chame a D. Maria, por favor!

KKK

fábio disse...

Boa Zé!!

anderson disse...

Zé, com 80 anos já estarei conformado. A D. Maria daqui de casa já está. Ela abre o vidro do carro e ataca a garrafa de água na rua. Diante de um olhar de reprovação, diz: "ah, todo mundo faz assim"...
Com 20 e poucos anos a gente ainda tem aquele péssimo costume de achar que as coisas ruins da vida cotidiana poderiam ser um pouco diferentes. E olha que eu nem sou do Partido, hein!!

LESLIE disse...

Gosto muito de tomar café da manhã numa famosa padaria no Tatuapé e lá é um local onde ainda consigo ser respeitada na hora de estacionar,pois não há espertalhões pegando nossa vaga, os funcionários dão BOM DIA e TENHA UM BOM DIA com prazer.Já não posso dizer o mesmo da Rua Tuiuti que está renegada pela prefeitura, pois acumula lixo nas calçadas e àquelas barracas de café quase no meio da rua.Qualquer dia um morre atropelado ou queimado com café quente!!Os pedestres andam na via pública, pois a calçada é dos ambulantes e mendigos.Um ABSURDO!!!