sexta-feira, 12 de março de 2010

Túmulo do samba?

São Paulo, o túmulo do samba?

Talvez!

Vinícius de Moraes, um dia com essa afirmação causou revolta nos músicos e sambistas paulistanos. Foi por muito tempo criticado e de uma certa forma nunca desmentiu tal frase.

Diz a lenda que nos idos dos anos 60, na efervecência da bossa nova, o poetinha estava num bar em São Paulo, assistindo uma apresentação de Johnny Alf, no entanto, nas outras mesas o papo rolava solto, o público parecia não estar muito interessado na música e em meio ao barulho, Vinícius disparou a sentença: São Paulo, o túmulo do samba!

Não posso afirmar que a história é bem essa, mas foi o que li em muitos lugares e já escutei de alguns músicos das antigas.

Não considero São Paulo um celeiro de sambistas, dá pra contar nos dedos os nomes representativos, respeito a obra do Adoniran, dos Demônios da Garoa, quem mais, vejamos, Geraldo Filme, Paulo Vanzolini, Germano Mathias, Eduardo Gudin; os 4 últimos, quase desconhecidos à maioria. E, definitivamente não dá para compará-los a Noel Rosa, Cartola, Paulinho da Viola, Ismael Silva, João Nogueira, Nelson Cavaquinho, Candeia, Martinho da Vila e por aí vai... dá pra citar mais uns 50 nomes.

Existem alguns movimentos isolados em São Paulo, como o Samba da Vela, Samba da Laje, Pagode do Cafofo, Samba da Tenda, o Quinteto em Branco e Preto, mas todos embalados pelos bambas cariocas.

Não dá pra generalizar, mas é uma realidade!

E o que mais incomoda, é o tal pagode romântico paulista que ficou colado no nome do samba desde anos 90. E hoje, pra dizer que se gosta de samba, tem que explicar que samba não é pagode. Que samba é uma coisa e pagode é outra. E não me venham dizer que é a mesma coisa!!

Basta ouvir um pouco as rádios populares de São Paulo e as do Rio pra ver o que toca. Por aqui houve uma renovação nos grupos e agora ao invés dos fenômenos de outrora como Katinguelê, Karametade, Soweto, Só pra Contrariar (que é mineiro), as bolas da vez são Samprazer, SóMuleke, Inimigos da HP, Jeito Moleque e outros tantos. Sem contar que ainda insistem que o cantor de música romântica, Belo, é do samba. É uma renovação do ritmo, leia-se pagode, com letras mais despojadas, irônicas e mais pra frente. Porém, volto a afirmar, NÃO é samba.

No Rio também houve renovação, porém, Casuarina, Sururu na Roda, Teresa Cristina e Grupo Semente, Leandro Sapucahy, Diogo Nogueira não dá nem pra começar a comparar com o pagode paulista.

Não dá pra colocar tudo no mesmo saco. O samba é muito mais! Devia ser tratado como patrimônio cultural brasileiro!

É por essas e outras que continuo concordando com o poetinha. Enquanto insistirem em dizer que pagode romântico é samba, e vice-versa.

O título de túmulo do samba é um tanto pesado, visto que na nossa cidade acontece muita coisa boa de samba, e afirmo que 90% vem ou é influenciado pelo Rio. E temos um público fiel e apreciador do ritmo.

E lembrando o trecho de uma canção que escutei recentemente, que define a origem do samba de outro ângulo:

"De onde veio o samba, seu Dr. perguntou: Do Rio de Janeiro ou de Salvador? Eu respondi no contrapé, vou lhe dizer de onde é que é: dos quadris de uma mulher" (Paulo César Pinheiro / Luciana Rabello)

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