segunda-feira, 26 de abril de 2010

Foi sem querer querendo!

Qual criança (de qualquer geração depois do advento da televisão ter chegado ao Brasil) que nunca acordou cedo só para assistir desenhos e programas infantis até a hora do almoço? Difícil ter respostas negativas aqui. E à tarde era quase que regra ficar de bobeira no sofá assistindo aos clássicos filmes da Sessão da Tarde.

Mas, entre esses dois períodos do dia, está a hora do almoço. E bem nesse momento as mães brigam com os filhos por eles levarem o prato de comida para a sala e continuarem assistindo à tv. Este momento permaneceu sagrado desde o ano de 1984 até hoje, quando as séries mexicanas Chapolin e o Chaves passavam um após o outro no "canal 4".

Sábado, dia 24 de abril, entrou para a história para todos os fãs confessos dos seriados idealizados por Roberto Gomez Bolaños, pois em um galpão extremamente quente da Zona Norte de São Paulo e abarrotado com cerca de 4 mil pessoas, aconteceu o 2º Festival da Boa Vizinhança, com várias atrações relacionadas ao Chaves.


Contudo, deixemos de lado a réplica do pátio da vila, os brinquedos utilizados pelos personagens, desenhos, placas, bonecos e fantasiados espalhados por aquele pavilhão do Mart Center. As estrelas do evento eram outras. Nada mais nada menos do que Carlos Villagrán, ator que "deu à luz" ao Kiko, e Edgard Vivar que interpretava o dono da vila Senhor Barriga e seu filho, Nhonho, em carne osso (respectivamente mais em bochechas do que osso, e em mais carne do que osso) estiveram ali, com toda simpatia imaginável deste mundo.

Já chegou o disco voador! Vivar foi o primeiro que subiu ao palco, fazendo com que o empurra-empurra dos fãs chegasse a ser pior do que em shows de rock. O ex-gordinho (Edgar fez a cirurgia de redução do estômago por conta de problemas de saúde) estava devidamente trajado de Senhor Barriga, e com muita animação cantou algumas músicas e conversou o tempo todo com o público.


Mais uma vez, Edgar se emocionou com uma brincadeira promovida pelo programa Pânico na Tv. Os humoristas lhe entregaram um cheque gigante com a foto de Don Ramon Valdéz ( o Seu Madruga), preenchido com o valor dos 14 meses de aluguel que o personagem eternamente lhe devia. Edgar Vivar tinha em Don Ramón seu melhor amigo, e as lágrimas sempre são inevitáveis quando em qualquer lugar, o nome do falecido ator é mencionado.

Logo após o nosso Nhonho ter se despedido, foi a vez de Carlos Villagrán entrar em cena, a princípio trajado normalmente. Chegou já todo irrequieto, sem parar de falar um minuto com o público e com os organizadores e integrantes do fã-clube oficial do Chaves no Brasil. Mas a maior surpresa veio após o ator ter saído para se trocar e retornar ao palco no famoso terninho de marinheiro "que acabou de voltar do cabelereiro" (pois é de casemira penteada). Kiko e suas bochechas de mamão macho invadem o recinto.


O menino mimado e com trejeitos inesquecíveis não para um segundo. Qualquer movimento ou palavra de quem está ao seu lado é motivo de alguma piada. Talvez seja por isso que ele seja o meu favorito.

Por falar em trejeitos, ninguém melhor que os dubladores para ajudarem a desenvolver uma personalidade mais interessante aos personagens. Foi o caso de Nelson Machado, presente no Festival junto com Cecília Lemes, voz da Chiquinha e Martha Volpiani, a velha coroca, ops, quero dizer, a Dona Florinda. O maior destaque, é claro, foi para Nelson, que dublou vários jargões do Kiko enquanto o próprio os interpretava. Foi o caso do poema "Mamãe Querida", um clássico do episódio da Festa da Boa Vizinhança, e que eu consegui gravar. De lambuja, o Kiko dançando um pouco de Michael Jackson no vídeo abaixo:



É preciso lembrar que ao contrário do que todos pensavam quando assistiam ao seriado, as bochechas do "tesouro" não são compostas por enchimento ou por uma maquiagem a mais. Villagrán nasceu com uma elasticidade maior nas maçãs do rosto, e para interpretar Kiko apenas as infla e fala com uma voz engraçada.

Entretanto, como é difícil atingir a perfeição, o evento também teve seus deslizes, e não foram poucos. Haviam bancadas com brinquedos, livros, objetos relacionados aos seriados espalhados pelo galpão de forma muito desorganizada. Creio que alguém que quisesse agir de má fé poderia ter roubado facilmente ou até danificado algum dos itens lá expostos. A sorte foi que até o momento em que eu estava lá pelo menos, nada disso tinha acontecido.

Assim como no I Festival da Boa Vizinhança, o público foi bem maior do que o esperado. Ninguém ficou de fora como na primeira edição realizada em 2005 (eu fiquei de fora dessa vez), mas o espaço estava bem restrito, fora o calor que se passava ali.


Além disso, a estrutura não foi bem organizada, ainda mais no que se refere ao palco, onde 2 telões pouco e mal utilizados atrapalharam a visão de muitas pessoas, e no mini cinema onde passariam episódios do seriado e um documentário inédito sobre Roberto Goméz Bolaños o calor era o triplo, e o som das exibições se confundiam com o som do palco.

Pelo anunciado no site do evento, a disposição das atrações pareceu bem mais atraente do que foi. Imagino o quão difícil é organizar um evento desses, e conseguir patrocínio, etc, mas com o preço que foi cobrado (R$ 25,00 antecipado e R$40,00 na porta) algo melhor poderia ter sido feito. Notou-se certa insegurança dos membros do fã-clube inclusive. Talvez eles devessem se preparar desde já para um próximo evento ainda melhor e mais aproveitado.

Devo destacar mais um momento do evento antes de finlizar o texto. Lá estava Pablo Kaschner, autor do livro "Chaves de um Sucesso", lançando sua mais nova obra: "Seu Madruga - Vila e Obra". É claro que não resisti e adquiri meu exemplar, e mesmo antes de ler já me encantei pela diagramação, pelas ilustrações e pela capa. Depois que eu "devorá-lo", conto para vocês como é.

Agora, devo colocar minha emoção em pauta. Acho sempre importante transmitir uma pitada de sentimento em tudo que fazemos, incluindo textos informativos, então lá vai. Eu me emocionei, chorei, ri, me encantei. Tudo porque realizei o sonho de ter visto de perto um dos meus maiores ídolos, o Carlos Villagrán. E melhor do que isso, é saber que as pessoas ainda valorizam e exaltam a inocência e o riso sem apelações de um programa como o Chaves. Fiquei muito contente de poder presenciar tanta alegria assim, e ali tive a certeza de que o melhor da minha infância eu guardei comigo e tive a oportunidade de dividir ali, com cada pessoa que se sentiu da mesma forma que eu.

Boa noite meus amigos, boa noite vizinhança.

9 comentários:

Felipe Maciel disse...

Gostei muito do que escreveu. Resumiu bem o sentimento de quem participou desse grande evento, sejam as virtudes e as falhas da organização. Mas com certeza valeu a pena pra quem foi, não tenho dúvidas. Nessas horas lamento morar em Recife e não ter como participar de um evento marcante desses.

bjosss

Fotolog /calistenia

Anônimo disse...

Que invejaaaaa... = / hahahaha!!!

beijo Naty!

LESLIE disse...

Noooossssa!!! Que D+!!! Esses personagens alegraram e fizeram companhia para no mínimo duas gerações!!

Inesquecíveis!!!..

Valeu Naty!!

Rogério(sheik) disse...

Minha querida parabéns pela cobertura do evento e pelo texto, posso dizer que através de suas palavras me transportei para dentro daquele galpão e me senti criança mais uma vez como você e partilho do mesmo sentimento de que a melhor parte da minha infância eu guardei e pude e posso dividir com todos aquele que um dia simpatizaram com o menino pobre que mora no 8 e se esconde no barril, ou aquele menino exibido que veste o terninho de marinheiro e grita: "Mamãe, Mamãe ele me beslicou".

Parabéns!!!

Ðexter disse...

Oii Naty, e mais engracado de tudo eh estar mais de 13mil dai e ver um brazuca assistindo chaves no pc do lado enquanto lia seu texto!!!

Fenomenal!!!

Beijoess!!!!

Anônimo disse...

quando crianças? me digo fã e fico frente à tv sempre que estou em casa nos horários que é televisionado. fez muito minha infência!

adorei aqui Naty. leitura de muito bom gosto!


beijos e saudade!

MarceloKim disse...

O Texto ficou muito bom Naty, Adorei o video.

Saudades da infância quando tudo era mais simples.

Bjus.....

Unknown disse...

E ae Naty! Ótimo texto, aconteceu exatamente como você falou. Acho que a emoção de ver os dois ali acabou encobrindo as grandes falahs do evento. Mas o melhor momento foi o Edgar Vivar cantando "Taca La Petaca"! Fodástico!

Reginaldo disse...

nerd eh pouco