quarta-feira, 28 de novembro de 2007

O IDH e a minha vontade de ser "grande"

Hoje pela manhã o nosso caro editor Zé Alves me ligou, “direto da fonte”, para perguntar, entre outras coisas, se eu tinha visto os dados do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) com o ranking dos IDH de todos os países do mundo.

Ainda me espreguiçando, respondi que não tinha visto e ele me adiantou que o Brasil tinha entrado para a elite dos países mundiais: nós havíamos alcançado 0,800 – numa escala de 0 a 1 – e, desse modo, acabávamos de nos tornar um país com alto desenvolvimento humano.

Acho que o Zé Alves percebeu que eu ainda estava sonolento e não insistiu no assunto. Mas, antes de desligar, ele disse: “O Lula tem sorte”! Sábias palavras! Explico.

Quando ouvi aquilo pensei: que máximo! Somos um país de ponta! Estamos na elite! Enfim, alguém nos reconheceu!

Conforme o sol se colocou a pino e eu acordei de fato, percebi que não era bem por aí. O Brasil entrou para o ranking (estávamos fora desde 1998), mas perdeu uma posição. Houve, por conta da reformulação dos critérios de análise, um crescimento geral – que nos colocou na elite. Porém, deixamos a 69a. colocação e nos tornamos o septuagésimo país da lista. Logo, o Brasil, se pensado em relação aos demais, não melhorou; pelo contrário, caiu na tabela.

O IDH é o resultado da análise de quatro áreas: expectativa de vida, alfabetização adulta, quantidade de alunos matriculados em escolas e universidades e riqueza per capita. Olhando bem, sem estourar fogos ou vibrar em demasia, é possível perceber que não nos tornamos tão desenvolvidos assim.

Uma frustração! Eu estava achando que tínhamos nos tornado “elite”, mas percebi que estamos muito longe da Argentina (38º.), distantes do México (52º.), e muito próximos do Cazaquistão (73º.) e de Samoa (77º.).

Como ajuda a luz do dia, um café quente e um pouco de sobriedade, não é mesmo? Bem que o Zé Alves disse: “O Lula tem sorte”. Os brasileiros, como um todo, é que continuam carecendo dela.

Um comentário:

Anônimo disse...

Queria saber em qual bairro nobre do Brasil a ONU baseou sua pesquisa... Pôxa, 'nr de alunos inscritos nas escolas'? Todo mundo nesse país sabe que as escolas despejam toneladas de analfabetos funcionais no (inexistente) 'mercado de trabalho' todos os anos! 'Renda per capita'? A gente sabe que a nossa exorbitante riqueza fica concentradíssima nas mãos de muitos poucos!
Muito mais do que sorte, ao brasileiro falta respeito. Respeito dos governantes para com os cidadãos e respeito entre os cidadão. E a gente bem sabe, né: quando perdeu o respeito...