segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Meu nome não é Johnny


A estréia do cinema nacional do final de semana é o ótimo “Meu nome não é Johnny” (direção de Mauro Lima). A história de um traficante de classe média carioca, que dominou o mercado da zona sul do Rio nos anos 90, é bem amarrada e com uma produção impecável.

Na trilha sonora sucessos da década de 80 e início dos anos 90. O país respirava os ares da redemocratização após a ditadura e a atmosfera baladeira do filme retrata um tempo, nas palavras de nosso herói-traficante, “de não estar preocupado em ganhar um milhão, mas de gastar um milhão”.

Antes do modismo yuppie, que por aqui ganhou os contornos da geração “mauricinho”, as décadas perdidas são mais intensas e cheias de subterfúgios do que os relatos depreciativos sobre o período.

O tema do filme, o universo da criminalidade advinda do tráfico, tem uma glamourização razoável. Nos rápidos e bem divertidos diálogos estamos diante de pessoas que querem curtir a vida de modo desenfreado.

O senão desta história é a parte da punição que, numa linguagem convencional, teria que acontecer. Este é o traço do início do século XXI na trama. As contradições da personagem se esvaem em um processo de expiação nos trechos finais e que tem seu ponto mais baixo na frase da juíza do processo que aparece pouco antes dos créditos. Uma concessão desnecessária e com pouca justiça aos acertos maiores do filme.

A atuação de Selton Mello é magistral. Ele segura o filme, mesmo nas cenas mais claustrofóbicas no universo penitenciário. Se em 2007, o capitão Nascimento deu o tom, em 2008, o cinema brasileiro começa com a história de João Estrela. No elenco destacam-se, além do protagonista, Cléo Pires, como a garota do traficante boa-vida, e o toque sereno de Julia Lemmertz.

Enfim, uma boa história, com linguagem e ritmo que fixam a atenção do espectador. Não vai repetir o sucesso de “Tropa de Elite”, mas tomara que seja o prenúncio de um 2008 promissor para o cinema brasileiro.

PêEsse: Depois de um período de folga, volto ao blog. Feliz 2008 aos amigos e leitores!

12 comentários:

Fernanda disse...

Assisti ao trailer e também a algumas entrevistas com Selton Mello,a história me parece muito boa e o filme também. Quero ver em breve!

Fiquei feliz em ver ontem uma fila enorme no cinema para "Meu nome não é Johnny" e a sessão esgotada!

Parece que o cinema brasileiro está sacudindo a poeira...assim espero!

Anônimo disse...

Li alguns comentários em relação ao filme que diziam ter algumas semelhança - em relação ao debate da classe média e as drogas - com o Tropa de Elite. É isso mesmo?
Abraços mexicanos!

Anônimo disse...

O filme é muito bom ... mas acho que muito mais pela atuação do Selton ... quanto ao debate das drogas, na minha visão só mostra a ponta do negócio, quando a droga chega ao consumidor e negociações maiores como a venda para o exterior ... o João Estrela não sobe o morro pra pegar droga e nem negocia com "Zé Pequenos" e "Baianos", não é um filme que mostra algum tipo de posicionamento em relação a situação do Tráfico como o Tropa de Elite, mas é reflexivo pra quem assiste, diante da história do Estrela.

Abraços

Zé Alves disse...

O principal mérito é a história bem amarrada. Mas, como disse, há uma glamourização da vida do João. Como escreveu o Fábio, ele não sobre morro, é um comércio "light", sem uma violência explícita. Ao não polemizar como "Tropa" torna-se menos polêmico e mais interessante, pois não é didático.
Fernanda: vale a pena ir.
Anderson, depois da cobertura das eleições em seu país (desculpe...) vc poderá se distrair por aqui.
Abraços

Fernanda disse...

Numa das entrevistas que assisti com o João Estrela, ele dizia que nunca chegou perto da violência, que ele trabalhava com uma certa elite, pessoas de classe alta e artistas.
É bem isso que estão falando do filme.
Assim que eu assistir comentarei no meu blog, que por sinal, anda pedindo a visita de vocês..rs

Anônimo disse...

Caro Zé: meu país? Longe de mim! Meu país mesmo é o Paquistão! hahaha

Anônimo disse...

Zé, uma pergunta ... O que será que o Capitão Nascimento faria se encontrasse o João Estrela ?

Anônimo disse...

TU É MULEQUE!!

Zé Alves disse...

Respostas no atacado.
Fernanda: eu sempre acompanho e nesses últimos tempos, como registrei, estive em férias.Mas nosso enviado à América do Norte e os companheiros de editoria aqui seguraram a onda.
Anderson: falar que seu país é o Paquistão dá na mesma. Alianças fortes dominam este eixo por aí.n(rs). Bom é fazer a cobertura eleitoral do Paraguai.
Fábio: não sei se a frase é do Nascimento, mas arrisco: "pede pra sair!"
Abraços

Anônimo disse...

Para informação :
Segundo o Jornal Estado de São Paulo, o filme levou 222 mil espectadores nos 7 primeiros dias, nona melhor média desde 1995.

Fernanda disse...

Enfim assisti!
só uma palavra...MARAVILHOSO

Anônimo disse...

Um olá a todos!!!

Sempre estou visitando o Conta-Gotas Cotidiano, que conheci através de meu amigo Anderson, mas como estava viajando atrasei um pouco no comentário do filme...

Meu nome não é Johnny, sob um outro ponto de vista. Até onde uma pessoa viciada em drogas pode chegar? E João Guilherme é a prova viva que é possível sair deste mundo e se tornar uma pessoa melhor. Ele mesmo disse que evoluiu como ser humano após esta fase, em uma das entrevistas.

Quem sabe não seja um bom exemplo p/ jovens que estão neste mundo... Eu falo pois tive casos na família de envolvimento que acabou em morte.

Um SIM pela vida!!!!