sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Um poema às sextas!

Hilda Hilst, de Júbilo Memória Noviciado da Paixão (1974)

XII

Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
desejasse.

Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem.

Te olhei. E há um tempo.
Entendo que sou terra. Há tanto tempo
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta

Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento.

2 comentários:

Anônimo disse...

Olha, que poema lindo, talvez seja a falta desse olhar que torna as pessoas tão parecidas, não temos que mudar as pessoas, e sim, a forma de olhar para elas.

Fernanda disse...

De fato, lindo.