A namorada, de Manoel de Barros (Tratado geral das grandezas do ínfimo / 2001)
Havia um muro alto entre nossas casas.
Difícil de mandar recado para ela.
Não havia e-mail.
O pai era uma onça.
A gente amarrava o bilhete numa pedra presa por
um cordão
E pinchava a pedra no quintal da casa dela.
Se a namorada respondesse pela mesma pedra
Era uma glória!
Mas por vezes o bilhete enganchava nos galhos da goiabeira
E então era agonia.
No tempo do onça era assim.
Um comentário:
cara, o Manoel de Barros é para mim o que existe de melhor na literatura contemporânea! me toca muito´! é próximo do céu!
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