quinta-feira, 12 de março de 2009

Histórias do poeta da vila

A história abaixo é contada por Henrique Cazes no seu disco com Cristina Buarque, Sem Tostão... a crise não é boato / canções de Noel Rosa, de 1995. E também consta na biografia de Noel, escrita por João Máximo e Carlos Didier.

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Sendo o Noel, um grande boêmio, um cara que gostava de viver nas ruas, nos botequins. Ele fez logo amizade com muitos motoristas de táxi, que às vezes levavam ele pra casa, às vezes emendavam alguma outra farra ou levavam ele pra namorar alguma moça.

E o Noel foi percebendo aos poucos que havia um motorista chamado Malhado, que era cantor de seresta, era metido a dar o famoso dó de peito, gostava de cantar falsas canções com palavras difíceis, rebuscadas... que não entendia absolutamente o que significava.

O Noel foi percebendo o estilo do Malhado e compôs uma canção especialmente pra ele. Ensinou e o convidou para lançar a música numa seresta para duas filhas de um coronel lá em Vila Isabel.

Chegando embaixo do sobrado do coronel, o Noel disse que ia ficar do outro lado da rua para dar o destaque que a voz do Malhado merecia .

Feriu o tom e lá se foi o Malhado:

“Saí da tua alcova com o prepúcio dolorido
Deixando seu clitóris gotejante de volúpia emurgecido
Porém, o gonocócus da paixão... aumentou minha tensão”

O coronel levantou atirando, o Malhado saiu correndo. Chegou na esquina, o Noel já estava esperando, perguntou: “O que houve Malhado?” “O cara saiu atirando, não entendi nada”, respondeu o Mallhado.

O Noel sem perder a pose: “Pra você ver Malhado, o que é a falta de sensibilidade dessa gente!!”

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2 comentários:

Anônimo disse...

Que sacanagem esta do Noel Rosa pra cima do Malhado, hein! Por pouco não foi embrulhado.

Luiz disse...

Muito boa! Mas ceramente noel sabia que o sujeito iria atirar pro alto...