terça-feira, 14 de abril de 2009

Política na América Latina - 3 (Uruguai)

As eleições presidenciais e parlamentares no Uruguai acontecem no final de 2009. O presidente Tabaré Vázquez, da Frente Ampla, uma coalizão de centro-esquerda, ostenta bons índices de popularidade, mas não há reeleição no Uruguai.


A economia do país Oriental, como também é conhecido por estar à margen direita do Rio da Prata (para quem vê desde o Oceano), teve altos e baixos atrelados à sua interdependência com a Argentina. Com a crise argentina de 2001, o país sofreu os efeitos colaterais, assim como acompanhou a surpreendente reação da economia argentina. A novidade, no entanto, foi diversificar as relações econômicas e, com a ascensão de Lula no Brasil, Tabaré Vázquez apostou na maior economia da região.

A política eleitoral é a mais estável e consolidada. Partidos como o Colorado e o Blanco (Nacional) são centenários. A própria Frente Ampla já tem mais de 30 anos.

O processo é dividido em duas etapas: primeiramente são realizadas eleições internas para a indicação dos candidatos. Definidos os nomes, a batalha final das urnas.

As pesquisas de opinião mostram a vantagem da Frente Ampla com 44% das intenções, seguida do Partido Nacional (Blanco), com 35%, e o tradicional Partido Colorado com apenas 8% das intenções de voto. Como se vê, o partido mais antigo do país, sofre com a polarização entre esquerda e direita protagonizada pela FA e pelo PN, respectivamente.

No entanto, a pequena vantagem da FA esconde um duro embate nas eleições primárias do partido. Disputam a indicação um ex-membro da guerrilha tupamaro, José Mujica, contra o ex ministro da Economia, Danilo Astori. A principal divergência entre os dois é o debate entre o papel da macroeconomia, defendida por Astori, e Mujica que defende o “apoio aos setores produtivos”.

Mujica, com perfil mais radical, lidera as pesquisas das internas do partido com 50% dos votos contra 33% do candidato com apoio governamental. Mujica é criticado pelos opositores como um político que seguiria as orientações dos Kirchner. Ele se defende dizendo que seu modelo é Lula da Silva.

Como se vê, os resultados da disputa interna poderá ter consequências no cenário nacional. A vitória de Mujica agregará todo o eleitorado da FA? A FA, como outros grupos de esquerda, deixarão escapar a oportunidade de seguir no poder por causa de disputas internas? A vitória da FA em 2004 foi o primeiro êxito de um partido de esquerda no Uruguai desde a sua independência, em 1825.

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