terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Parem as máquinas?

Para aqueles que, como eu, ainda sujam as pontas dos dedos de tinta quando buscam se informar, algumas notícias:

# Os jornais impressos, com raras exceções, estão diminuindo suas vendagens a cada ano. No Brasil, edições de domingo da Folha e do Estado que esbarravam no milhão de exemplares na década de 90 nem tentam chegar à metade atualmente. Nos EUA, com exceção do Wall Street Journal (que cresceu 0,6%), todos os jornais de circulação nacional perderam leitores no último ano (o New York times perdeu 7,3%). É claro que a crise tem seu peso, mas a tendência de queda já existia.

# Dezenas de jornais regionais fecharam suas portas nos EUA e alguns nacionais estão em retração constante. Exemplo: o Washington Post – do Watergate – fechou suas últimas sucursais em Nova York, Miami e Los Angeles.

# À queda de circulação soma-se a queda de publicidade. No Brasil, no último trimestre, os únicos meios de comunicação que perderam verbas publicitárias foram as revistas e os jornais (10 e 11% respectivamente).

# Na tentativa de não perderem mais leitores para a informação gratuita presente na internet, os jornais tentam de tudo: Rupert Murdoch, dono de diversos jornais espalhados pelo mundo, deu entrevistas afirmando que passará a cobrar pelo acesso on-line das notícias (atualmente apenas o Wall Street Journal faz isso). O Miami Herald pede, ao final de cada uma das notícias de seu site, um pagamento voluntário para manter sua versão impressa.

# Além da concorrência da internet, cresce o número de jornais gratuitos entregues nos semáforos das grandes cidades.

Este fenômeno não é restrito apenas aos EUA e ao Brasil, eu dei exemplos destes dois países por estarem mais disponíveis.

A pergunta que o Estadão faz em suas propagandas sobre o valor que os leitores desejam pagar pelo jornal pode receber a incômoda resposta: nada.

4 comentários:

Anônimo disse...

Esses dados são preocupantes em qualquer país e ainda mais nos subdesenvolvidos!

Uma dica: aos que não gostam de sujar os dedos com a tinta do jornal, passe-o a ferro antes de ler...isto é...se tiver um ferro de roupas por perto!!

fábio disse...

Será que o nada não pode ser lucrativo? Será que diminuindo o preço do jornal ou até distribuir gratuitamente não pode aumentar a penetração na população e aí o jornal passa a ganhar mais com publicidade? Não acho que os grandes jornais acabem, mas precisam se adaptar à essa nova realidade!

Zé Alves disse...

Kalil: seja benvindo e parabéns pelo texto.
Penso que no caso brasileiro há uma deficiência anterior: a ausência do hábito de leitura. No caso de nossa vizinha Argentina, em 1930, o jornal El Mundo, vendia quase 130 mil exemplares (ou 50% do que a Folha vende hoje)
Folha e Estadao chegaram a quse 1 milhão em meio a uma guerra de atlas, filmes e outros brindes. Isso não gerou público leitor.
Outra coisa: como os jornais estão chatos, repetitivos, sem furor jornalístico. As denúncias se avolumam por ocorrência de brigas entre grupos políticos, nada apurado por jornalistas. Há quanto tempo não temos um furo da imprensa?
Oa suplementos culturais cada vez falam de coisas mais estranhas. Enfim, nunca o jornal foi tão descartável como hj. Mas ele continuará presente se for capaz de manter o bom espírito da investigação, que nem a internet, nem a TV produziram.
Vc já leu alguma matéria produzida por internautas? Ou elas apenas repetem o que os jornais e agências já noticiaram?
Tempos de múltiplas e descartáveis conexões.

E para terminar, o que será dos historiadores do futuro? O periodismo perde importância para a midia digital. E onde ficam estas fontes?

Edu Zanardi disse...

Kalil, você começou botando fogo no blog!

Em um raciocínio bem simples e baseado apenas em feeling, penso que o jornal terá uma vida útil de no mínimo uns 50 anos. Mesmo com blackberrys e netbooks da vida, eu acho muito difícil a pessoa que tem o hábito de ler o jornal pela manhã tomar café na frente de uma tela – mesmo no aeroporto, é muito mais seguro você pedir ‘emprestado’ o Metro para o taxista do que abrir a maleta (a não ser para checar e-mails importantes). Como a geração de 85 ainda foi criada tendo que pegar o jornal de manhã para o pai (tendo como pagamento a primeira leitura do caderno de esportes), fiz o cálculos dos 50 anos com base numa expectativa de vida de 75. É um pensamento tosco, mas é um começo... rs.

Concordo com o Fabio, ‘jornalecos’ como o Metro e o Destak são tendência e novas oportunidades de publicidade – bem mais barata e com uma ótima penetração.

Pegando o gancho do Zé, a Folha publicou uma matéria que começa com a seguinte frase “apesar das muitas discussões acerca do seu futuro...” o jornal publica o resultado de uma pesquisa feita pelo instituto americano Pew Research que aponta o meio jornal como responsável por 48% de furos de reportagem (a TV ficou com 28%). Segundo a matéria, na mídia americana os jornais originaram 96% do total de novas infos veiculadas nos últimos tempos – o resto ficou por conta das novas mídias digitais... isso lá nos EUA.

Respondendo ao Zé, as Fontes ficam no menu Formatar da barra de ferramentas do Word.

Abs